Caso Bernardo: pai que matou filho fará novo exame psiquiátrico
Defesa quer que Paulo Osório fique internado em estabelecimento penal. Processo está suspenso até o resultado
atualizado
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A Justiça determinou que Paulo Roberto de Caldas Osório, 46 anos, (foto em destaque), assassino confesso do filho Bernardo, 1 ano e 11 meses, passe por um novo exame psiquiátrico. Um primeiro laudo do Instituto Médico Legal (IML) constatou que ele “não apresenta qualquer transtorno mental e, do ponto de vista psiquiátrico-forense, não necessita ser alocado na ala de tratamento psiquiátrico do presídio”. Entretanto, quando Paulo foi preso por matar a própria mãe, em 1992, um outro exame atestou que, naquela época, o acusado era semi-imputável. Por esse motivo, o homem cumpriu pena de internação no estabelecimento penal.
De acordo com o juiz Frederico Ernesto Cardoso Maciel, o lapso temporal entre os fatos não impede, por si só, a realização de um novo exame. “Até mesmo porque a experiência comum indica que doenças mentais, em regra, não têm cura, mas apenas tratamento para atenuar as suas consequências. Diante das divergências acima indicadas, é o caso da elaboração do exame de insanidade mental”, explicou o magistrado.
Segundo Maciel, o novo exame não pode ser feito pelo mesmo perito que assina o último laudo. O processo permanecerá suspenso até o resultado da análise.
Homicídio triplamente qualificado
Servidor do Metrô-DF, Paulo Osório é autor de um crime que chocou o DF e o país, no fim do ano passado. Após pegar o filho na creche, na Asa Sul, ele ofereceu um suco ao menino com remédios controlados. Depois, fugiu com Bernardo para a Bahia, onde acabou preso.
Sete dias após a localização do corpo do menino naquele estado, a Divisão de Repressão a Sequestro (DRS) concluiu a investigação sobre o caso. O relatório policial foi finalizado e enviado à Justiça.
Posteriormente, o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) ofereceu denúncia contra o pai da criança. O homem foi indiciado por homicídio triplamente qualificado (praticado contra criança, motivo torpe e meio insidioso) e ocultação de cadáver.
Confira fotos do caso:
1.035 km
Provas colhidas ao longo da investigação indicam, segundo a Polícia Civil, que Paulo Roberto de Caldas Osório matou o filho antes de pegar a BR-020 em direção à Bahia. O metroviário confessou que deu uma superdosagem de medicamento controlado para o garoto, que começou a passar mal ainda na casa do pai, na 712 Sul.
O assassino confesso percorreu 1.035 km com o corpo até o Povoado Campos de São João, zona rural do município de Palmeiras (BA), onde o jogou às margens da BR-242, com a cadeirinha infantil.
“Ele comprou um conjunto de roupa para a criança. É a mesma que Bernardo usava quando foi encontrado morto por um morador do município baiano. As vestimentas não foram reconhecidas pela família da mãe”, disse o delegado-chefe da DRS, Leandro Ritt, na ocasião.
O servidor do Metrô saiu de casa, na Asa Sul, às 20h52 do dia 29 de novembro, e deixou a televisão ligada. Não levou mantimentos, mala e um tablet que, de acordo com a mãe, era objeto inseparável do filho.
“Acreditamos que até mesmo essa troca da roupa foi premeditada para dificultar a identificação do corpo”, acrescentou o investigador.
Veja vídeo em que Paulo fala sobre o crime:
As diligências apontam que, às 21h20 de 29 de novembro de 2019, Paulo passou em um radar na Ponte do Bragueto, na Asa Norte. Dirigiu pela BR-020 até Luís Eduardo Magalhães, na Bahia. “Lá, pernoitou com o menino morto no carro”, disse o delegado.
O corpo foi desovado na região de Palmeiras. No dia 30 de novembro, o homem foi até Salvador. Depois, acabou preso em Alagoinhas (BA).
Com a conclusão do exame de DNA, que confirmou ser de Bernardo o corpo encontrado na Bahia, a Polícia Civil encerrou as investigações. O delegado Leandro Ritt garante que o pai agiu sozinho.
Em tempo recorde, o Instituto de Pesquisa de DNA Forense (IPDNA) da Polícia Civil do DF concluiu no dia 7 de dezembro de 2019, por meio de exames genéticos, a identificação do corpo localizado na Bahia. Com técnicas avançadas, o trabalho foi realizado em menos de seis horas.
Dentro do inquérito, a PCDF anexou laudo pericial do Instituto de Criminalística comprovando terem sido achados resquícios Hemitartarato de Zolpidem no vômito da criança. O medicamento era usado por Paulo para tratamento de insônia.