Carmelita Brasil, presidente do TRE-DF, defende liberdade de imprensa
Ao Metrópoles, desembargadora responsável pela Corte nas eleições deste ano falou sobre democracia, papel do eleitor e combate às fake news
atualizado
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Empossada em 23 de abril como presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF), Carmelita Brasil é a segunda mulher a assumir o mais alto posto da Corte. Hoje, 30 anos após o fim do mandato de Maria Thereza de Andrade Braga, a nova comandante do órgão tem uma missão ímpar.
Em tempos de internet, WhatsApp e fake news, meios pelos quais a sociedade se ressente de décadas da corrupção perpetuada pela classe política, a desembargadora vê apenas um caminho para corrigir os rumos: o fortalecimento da democracia.
Confira a íntegra da entrevista com a desembargadora Carmelita Brasil, presidente do TRE-DF
Carmelita Brasil é enfática: apenas com uma imprensa livre e atuante a população terá ferramentas para apurar o processo decisório. “Temos, na democracia representativa, o único processo viável para ser ouvida a voz do povo”, destaca, acrescentando que “a liberdade de imprensa só pode ser restringida em um Estado antidemocrático”.
Na entrevista, Carmelita Brasil falou sobre democracia, a participação da mulher na política, a segurança das urnas eletrônicas, a crescente onda de hostilidades entre os eleitores e as fake news.Mineira de Juiz de Fora, a presidente do TRE-DF recebeu o Metrópoles na tarde da última quinta-feira (14/6), na sede do tribunal, para uma conversa a respeito das eleições deste ano. O carisma marcante convive com a firmeza e lucidez dos posicionamentos, características que despertam a admiração dos colegas de Corte.
Em sua segunda passagem pelo TRE-DF, a desembargadora alertou para a necessidade de o eleitor analisar os candidatos e suas plataformas de campanha com atenção. Só assim, mediante o voto, defende ela, o Brasil conseguirá indicar representantes que, de fato, estejam mais alinhados aos interesses da população do que com agendas particulares.
Como já foi dito pelos que gostam e labutam na política e na Justiça Eleitoral, é por meio do voto que podemos promover a modificação nas estruturas, que hoje nos desagradam profundamente. Cumpre ao eleitor ter essa sagacidade em examinar profundamente os programas partidários, as personalidades que se apresentam como candidatos, a fim de fazer as melhores escolhas
Carmelita Brasil, presidente do TRE-DF
Confira um dos trechos da entrevista
Fake news
Um dos desafios nesta eleição, afirmou a desembargadora, é o combate às fake news. Segundo Carmelita Brasil, não há como impedir a publicação desse tipo de conteúdo, uma vez que qualquer pessoa pode criar um perfil nas redes sociais e começar a disseminar material inverídico.
No entanto, caso sejam flagrados, os responsáveis serão punidos pelo TRE-DF, ressaltou a magistrada.
Campanha antecipada
Ao ser questionada sobre os políticos que já estão em ritmo de campanha, embora a legislação eleitoral este ano só permita a prática a partir de meados de agosto, a desembargadora mandou o recado: o TRE-DF está de olho e vai punir quem cometer irregularidades.
Segundo Carmelita Brasil, foi criada uma comissão com três desembargadores eleitorais. A missão deles é analisar a conduta das publicidades e se elas ferem a lei nesse período pré-campanha.
Sobre a participação feminina na política, a presidente do TRE-DF disse que a cota de 30% para as mulheres dentro dos partidos, nas nominatas e no tempo de televisão, não tem sido suficiente para reverter a predominância masculina na área. Para a magistrada, muitas delas apenas ocupam o espaço obrigatório, sem atuação efetiva no dia a dia das legendas.