Australiana acusada de racismo terá que fazer tratamento psiquiátrico
Em 2013, a estrangeira ofendeu a funcionária de um salão de beleza na Asa Sul. Mulher não será presa porque foi considerada inimputável
atualizado
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A 5ª Vara Criminal de Brasília sentenciou a australiana Louise Stephanie Garcia Gaunt se submeter a tratamento psiquiátrico pela prática de crime de racismo. Por ter sido diagnosticada com transtorno mental, ela não será presa. A estrangeira foi denunciada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) após ofender profissionais em um salão de beleza com expressões discriminatórias.
Na sentença, a juíza reconheceu que Louise cometeu o crime de racismo ao ofender funcionárias e clientes de um salão de beleza na Asa Sul, em 2013, “acreditando possuir superioridade”. Louise se recusou a ser atendida por uma funcionária negra e gritou com uma funcionária do estabelecimento: “Pessoas da sua cor me incomodam”. Ao ser questionada por uma cliente, também negra, esbravejou: “Só quero que as pessoas da sua cor não me dirijam a palavra”. A polícia chegou a ser acionada e Louise acabou detida, mas foi liberada pouco tempo depois e respondia ao processo em liberdade.A medida de segurança será aplicada por prazo indeterminado, com avaliações periódicas, até que se verifique que a sentenciada não apresente mais perigo.
Para o coordenador do Núcleo de Enfrentamento à Discriminação (NED), o promotor de Justiça Thiago Pierobom, a conduta da denunciada foi grave e a pena, correta. “A aplicação de medida de segurança não significa a impunidade da ré. Vivemos em uma sociedade que partilha de valores racistas, então é inevitável que as pessoas com transtornos mentais também repliquem esses valores discriminatórios. E, por tais condutas, receberão a medida de segurança prevista na legislação criminal”, afirmou.
Reincidente
Em setembro, a australiana também foi absolvida, sendo aplicada medida de segurança, em processo que respondia por injúria racial contra duas funcionárias de limpeza da Companhia Energética de Brasília (CEB), onde trabalha. O fato ocorreu em junho de 2013, quando Louise xingou duas empregadas terceirizadas, ambas negras, responsáveis pela limpeza do local.
Ao ser interrogada em sindicância, ela desdenhou da situação: “É uma faxineira e nem é da sua cor”. Louise justificou o comportamento alegando que “foi criada em ambiente estrangeiro e nunca teve relação com pessoas de cor escura”. (Com informações do MPDFT)