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Acusada de matar o marido PM, agente da PCDF vai a júri popular

Mirtes Amaro responde pela morte do sargento Daniel Quezado. A princípio, ela alegou que o policial militar tinha tirado a própria vida

atualizado

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Arquivo pessoal
quezado pm
1 de 1 quezado pm - Foto: Arquivo pessoal

Três anos após a morte do marido, a agente da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) Mirtes Gomes Amaro, 51 anos, vai a júri popular. Ela responde pelo assassinato do sargento da Polícia Militar (PMDF) Daniel Quezado Amaro, 45, no Sudoeste. Mirtes foi indiciada por homicídio qualificado e é no processo. No entanto, continua em liberdade e recebendo a pensão do militar. As investigações apontam que Quezado não se matou, como a esposa alegou inicialmente.

A decisão de levá-la a júri popular foi publicada nessa terça-feira (26/2) pelo juiz do Tribunal do Júri Paulo Afonso Correia Lima Siqueira. A data para o julgamento ainda não está marcada. Quezado foi encontrado morto na sala de seu apartamento, no Sudoeste, em 24 de fevereiro de 2016. Durante as investigações, conduzidas pela 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro) e, posteriormente, pela Corregedoria da PCDF, Mirtes sustentava em seus depoimentos que o marido havia cometido suicídio na frente dela. Mas a versão foi desmontada.

Ao Metrópoles, Verônica Gumprich, irmã do sargento, disse que a espera por justiça “tem sido muito difícil”. “Meus pais estão com 85 e 84 anos. Para nós, irmãos, é muito difícil sentir a dor da perda do nosso caçula de uma forma tão violenta e ainda ver a tristeza dos nossos pais, já idosos. Meu irmão se separou dela, que não aceitou e o matou. É nisso que acreditamos. Sempre a tratamos como parte de nossa família. Meus pais a tratavam como filha. Ficou para nós como uma traição”, desabafou.

O advogado da agente, Rafael Teixeira Martins, informou à reportagem que não tinha conhecimento da decisão da Justiça e, portanto, não iria se pronunciar. A Polícia Civil não havia se manifestado até a última atualização deste texto.

Comoção
A morte do militar causou grande comoção no meio policial. Além de ele ser muito querido na corporação, no dia em que foi encontrado sem vida, houve uma intensa movimentação de PMs no Sudoeste, provocando engarrafamento no bairro.

A confusão despertou curiosidade da comunidade local e as primeiras informações repassadas pela polícia eram de que o caso se tratava de suicídio. À época, no entanto, a polícia não confirmou oficialmente. O que se tinha, naquele momento, eram relatos de policiais que participaram do socorro.

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O policial foi um dos fundadores do Centro de Comunicação da PM e trabalhou na área por 15 anos
Quezado e os pais tinham uma ligação muito forte. Falavam-se quase todos os dias
Quezado era muito próximo da família e não apresentava tendências suicidas
A morte do policial provocou uma grande confusão no Setor Sudoeste
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Quezado trabalhava havia mais de 20 anos na PM: planejava se aposentar e mudar para o Nordeste

Reprodução/Arquivo pessoal
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O policial foi um dos fundadores do Centro de Comunicação da PM e trabalhou na área por 15 anos

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Quezado e os pais tinham uma ligação muito forte. Falavam-se quase todos os dias

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Quezado era muito próximo da família e não apresentava tendências suicidas

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A morte do policial provocou uma grande confusão no Setor Sudoeste

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Muitas dúvidas
No decorrer das investigações, uma série de exames foi elaborada pelo Instituto de Criminalística da PCDF. O resultado do laudo cadavérico, por exemplo, foi considerado “inconclusivo” para suicídio. As informações foram recebidas com desconfiança por investigadores da Polícia Civil, já que, quando a pessoa tira a própria vida, os laudos, em geral, apontam algum tipo de autolesão (como um disparo de arma de fogo contra o próprio peito).

De acordo com pessoas próximas a Quezado, o PM fazia planos de se mudar do Distrito Federal após se aposentar. O sargento sonhava viver no Nordeste e chegou a trocar mensagens com amigos, pelo celular, comentando o desejo. Tanto o telefone do militar quanto o de sua esposa foram alvo de perícia.

As apurações confirmaram que o casal viveu uma relação conturbada ao longo de 27 anos, fato que foi comprovado por parentes do sargento durante os depoimentos. “A Mirtes era muito ciumenta e, no dia do velório do meu filho, ela se aproximou e me pediu perdão. Nunca havia entendido aquela atitude”, disse a mãe do PM, Maria Luíza Quezado Pinto Amaro.

O pai de Quezado, Sérgio Amaro, lembra-se que o filho tinha muitos sonhos após deixar a PM e queria colocá-los em prática o mais rapidamente possível. “Ele não tinha motivos para se matar. O Daniel tinha um relacionamento maravilhoso com os irmãos e com a gente [pais]. Era uma pessoa alegre, muito feliz e realizado. Não faz o menor sentido tirar a própria vida”, comentou.

Autópsia psicológica
Durante as investigações, um laudo de autópsia psicológica produzido pelo Instituto Médico Legal (IML) chegou a descartar que o PM apresentasse tendência suicida. Além do documento que confrontava essa tese, o depoimento prestado por uma colega de trabalho da ex-mulher do militar apontava para uma reviravolta no caso.

Na oitiva, essa servidora da PCDF contou que a esposa do sargento teria pego o celular dele, levado para o IML, onde trabalha, e usado um computador da corporação para “espelhar” a tela do aparelho. Assim, ela podia acompanhar as conversas do marido em tempo real.

Baseada em entrevistas com pessoas do círculo pessoal e análises comportamentais do sargento, a autópsia psicológica reconstruiu o estado mental do militar no dia da tragédia e a dinâmica de seus momentos finais.

No dia em que morreu, o sargento estava empolgado com a organização de uma confraternização marcada para três dias depois. “Novamente, esse fato vai de encontro às características de suicidas em potencial. Quezado não possuía nenhum transtorno mental nem era envolvido com abuso de álcool e drogas que justificassem um suicídio impulsivo”, aponta o laudo.

 

Já a servidora do IML contou, em depoimento, que a esposa do militar chegava a ir ao instituto durante os fins de semana para acompanhar supostas conversas do PM com outras mulheres pelo WhatsApp. “Nós precisamos que a justiça seja feita. Por nossa família e pelo nosso irmão. Acredito que, quando isso acontecer, vai aliviar nossa dor”, diz Verônica Gumprich.

 

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