Juíza mantém agente preso por morte de PM: “Alta periculosidade”
A decisão foi tomada em audiência de custódia nesta terça-feira (16/04/19), um dia após assassinato do primeiro-tenente Herison Oliveira
atualizado
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O policial civil Péricles Marques Portela Júnior (foto em destaque), 39 anos, vai ficar preso. Acusado de matar o primeiro-tenente da PMDF Herison Oliveira Bezerra, 38, após um desentendimento na casa de shows Barril 66, o agente teve a prisão em flagrante convertida em preventiva pela juíza Flávia Pinheiro Brandão Oliveira, do Tribunal do Júri de Águas Claras, na manhã desta terça-feira (16/04/19).
De acordo com a magistrada, “a análise dos autos revela a elevada periculosidade social do autuado, tendo em vista que, após um simples esbarrão em um estabelecimento comercial, que estava muito cheio, teria sacado sua arma de fogo e efetuado quatro disparos em desfavor da vítima, deixando-a totalmente sem possibilidade de reação”.
Para Flávia Oliveira, “o fato é grave e a prisão se mostra necessária”. “Ressalte-se que a atitude do autuado colocou em risco a vida de milhares de pessoas que estavam no local em busca de diversão”, assinalou a juíza.
Outro agravante, no entendimento da magistrada, é o fato de Péricles ser policial civil, “o que torna ainda mais reprovável a sua conduta, uma vez que deveria zelar pela garantia da segurança das pessoas e, no caso, de forma diametralmente oposta, criou a situação de absoluta insegurança no local”.
O crime ocorreu na madrugada de segunda-feira (15/04/19), na boate que fica às margens da Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB), e foi flagrado pelas câmeras de segurança do estabelecimento. Nas imagens, é possível ver o policial militar passando em frente ao agente. Eles se esbarram e o policial civil saca a arma e atira. O PM chega a pegar a pistola, mas é alvejado antes.
A namorada de Herison, Aline Rabello, estava no local e viu o momento em que o marido caiu ferido no chão da boate. Ao Metrópoles, a cunhada do militar contou a versão dada pela companheira do PM. “Segundo o que minha irmã me falou, o Herison esbarrou nele. O agente ficou revoltado e atirou”, contou Liry Rabello.
Outras testemunhas relataram que o agente mexeu com a namorada do militar. O tenente teria flagrado e repreendido a atitude do policial. Disse que ela estava acompanhada e pediu para o homem respeitá-la.
O oficial, que era lotado no 10º Batalhão de Polícia Militar (Ceilândia), levou três tiros – dois no tórax e um no abdômen. Ele chegou a ser levado ao Hospital Regional de Taguatinga (HRT), mas não resistiu aos ferimentos. Morreu por volta das 4h na unidade de saúde. Uma mulher levou um tiro de raspão na perna.
Os disparos foram feitos por uma arma calibre .40. A namorada do PM quase foi atingida. Nas imagens flagradas pelas câmeras de segurança, ela aparece tentando socorrer a vítima, que deixa um filho adolescente.
O policial civil foi preso, levado para a 21ª DP e depois encaminhado à Corregedoria da corporação. Segundo a PCDF, Péricles Marques Portela Junior foi autuado em flagrante por homicídio e lesão corporal. Está à disposição da Justiça.
Chamados ao local, bombeiros informaram que o tenente foi levado inconsciente e com uma hemorragia grave ao HRT, onde acabou falecendo. A corporação disse, ainda, que a outra vítima – identificada como Andressani de Oliveira Sales, 39 – levou um tiro de raspão na coxa.
Cinco homens armados
No momento dos disparos, a boate estava lotada. O estabelecimento tem capacidade para 1,5 mil pessoas. Um policial militar que atendeu a ocorrência contou que estava na viatura, perto da boate, quando ouviu os disparos.
“Presenciamos muitas pessoas correndo, pulando a grade, as janelas. Tentamos ver se alguém estava armado, mas não vimos nada. Nos informaram que tinha um policial baleado no banheiro. Entramos e encontramos ao menos cinco pessoas armadas na boate, entre policiais civis e militares”, relatou o PM, que não quer ser identificado.
Ainda de acordo com ele, o tenente Herison estava deitado no chão, ferido, em estado grave. O Corpo de Bombeiros foi acionado e a equipe tentou localizar o atirador. “Uma testemunha afirmou que o suspeito estava saindo do local. Corremos, pulamos a cerca e conseguimos detê-lo. Ele ficou dizendo que ia se entregar, mas demos voz de prisão, pedimos a arma e o levamos para a 21ª DP”, contou o militar.
Amigo de profissão de Herison, o tenente Lino, também lotado no 10° BPM, falou sobre a convivência com o companheiro. “Uma grande perda para a família PMDF [Polícia Militar do Distrito Federal]. Policial atuante e proativo. Muito benquisto pelas lideranças comunitárias do Sol Nascente, onde atuava. Este é um momento difícil para a corporação, especialmente para os que conviviam diariamente com ele”, comentou o amigo.
Herison estava na PMDF desde 2012. Ele concluiu o Curso de Formação de Oficiais três anos depois. Em 14 de março deste ano, o policial foi homenageado na Câmara dos Deputados por ter apreendido mais de 50 armas de fogo e recuperado 20 veículos, produtos de roubo e furto, em seis anos de profissão.