Jovem que ficou com sequela após cirurgia teve alta com sangramento no crânio
Marcelo José Barbosa Alves recebeu alta depois de cirurgia, mas precisou retornar três dias depois. Família cobra nova avaliação médica
atualizado
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Familiares de Marcelo José Barbosa Alves, 25 anos, acompanham desesperados a piora do quadro do jovem. Internado há 28 dias no Hospital de Base, ele ficou com sérias sequelas depois de passar por operação, pela segunda vez, para retirada de um tumor no cérebro. O resultado de uma tomografia feita no início de março, no Hospital das Forças Armadas (HFA), revelou aumento significativo da lesão cerebral e sangramento no crânio do paciente.
Após receber atendimento de médicos paliativistas no Base, a família busca uma nova opinião profissional para saber o que fazer diante da situação.
Os parentes de Marcelo José acreditam que houve negligência por parte do hospital e reclamam da demora para a realização de uma cirurgia de emergência, devido ao estado crítico do paciente.
O jovem chegou a receber alta médica, mas voltou a ser internado às pressas no Hospital de Base poucos dias após a piora do quadro clínico.
“Estou destruída. O hospital não fez nada e continua sem fazer nada pelo meu irmão. Eles poderiam ter feito a cirurgia de emergência, mas desistiram [do paciente]. É como se ele fosse um lixo dentro dali”, critica Marylaine Conceição Barbosa, irmã do jovem.
Marylaine acrescenta que o irmão quase não se mexe mais na cama enquanto aguarda nova avaliação. “Ele fica deitado o tempo todo, come por sonda, não fala. Movimenta poucas vezes o braço e a perna. Abre o olho poucas vezes também. Fica a maior parte do tempo dormindo”, detalha.
Idas e vindas
A família de Marcelo José busca atendimento para retirada do tumor no cérebro do paciente, pela rede pública de saúde, desde o início de 2023. A primeira cirurgia ocorreu em 12 de janeiro.
Após a operação, a família deu entrada em pedidos para início da quimioterapia, outra fase do tratamento contra o tumor. No entanto, Marcelo José não chegou a ser chamado para o atendimento. “Ele não fez rádio, não fez quimioterapia. Desde janeiro, está esperando”, lamenta a irmã.
Em 25 de fevereiro, o jovem voltou a passar mal e retornou ao hospital. O tumor teria voltado a crescer, segundo Marylaine, por causa da falta do tratamento oncológico necessário.
Internado de novo, o paciente esperou 21 dias para passar pela segunda cirurgia. Mesmo sem ter feito o procedimento, Marcelo José recebeu alta em 16 de março. Três dias depois, porém, o jovem precisou ser hospitalizado mais uma vez.
Por dois dias, o paciente ficou internado em uma maca do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), segundo a família, pois tinha quadro clínico “estável”. Em 22 de março, um médico percebeu a gravidade da saúde do jovem e o encaminhou para intubação.
Questionado pela reportagem, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), responsável pela administração do Hospital de Base, disse que “o paciente vem sendo assistido desde janeiro de 2023 pelo Serviço de Neurocirurgia do Hospital de Base”. Segundo o instituto, Marcelo foi operado conforme programação cirúrgica da especialidade, avaliado pela equipe de Oncologia do Hospital de Base e “segue em acompanhamento, sendo prestado todos os cuidados necessários”. Por meio de nota, a entidade reitera que “permanece à disposição dos familiares para os demais esclarecimentos necessários”.