Jovem morto ao tentar salvar a mãe já havia denunciado assassino

A rotina de Pedro Henrique Xavier dos Santos, 16 anos, morto a tiros pelo ex-companheiro da mãe, Luciene Xavier dos Santos, 41, era de ameaças e xingamentos.

O Metrópoles teve acesso a boletins de ocorrência de julho de 2021 e de janeiro deste ano que mostram o medo que Geraldo Correa de Souza, autor do crime, causava à família.

O primeiro registro foi feito pelo próprio Pedro Henrique. Conforme ele contou em depoimento, Geraldo apareceu na casa onde morava com a mãe e as irmãs por volta das 23h de uma terça-feira pedindo para falar com Luciene.

O jovem informou que ela não estava, mas o agressor não acreditou. Discutiu com o rapaz e teria dito: “Pera aí que eu já volto e você vai ver. Sai pra fora, olha aqui no meu olho que você vai ver”.

Geraldo foi detido e levado à delegacia, mas liberado após assinar compromisso de comparecer em juízo.

Já em janeiro deste ano, a ocorrência foi registrada por outra filha de Luciene. Ela relatou que o ex-companheiro da mãe apareceu na casa da família por volta de 9h30 batendo no portão e proferindo todo o tipo de ameaças.

Segundo a jovem de 23 anos, Geraldo disse que “mataria todo mundo” e que não tinha medo de ser preso. A jovem pediu medidas protetivas de urgência contra o agressor, mas a juíza que analisou o caso indeferiu a solicitação, entendendo que as agressões verbais só ocorrem após Geraldo ser impedido de visitar a filha que teve com Luciene.

A sentença afirma: “Assim, a análise perfunctória que o momento oportuniza, sobretudo diante da exiguidade de elementos probatórios, não autoriza concluir, com segurança, pela propriedade de se restringir direitos subjetivos do requerido que, inclusive, ainda não foi ouvido”.

Vítima está internada em estado grave

O estado de saúde de Luciene é grave. Segundo informações da 6ª DP (Paranoá) ela tem lesões em duas vértebras cervicais. O filho dela, Pedro Henrique Xavier dos Santos, 16 anos, foi executado ao tentar defendê-la do ataque.

A mulher foi atingida nas vértebras C5 e C6, localizadas no pescoço. Ela está internada no Hospital Região Leste (HRL), antigo Regional do Paranoá, com a bala alojada na coluna.

O caso está sob investigação da 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), conduzida pelo delegado Ricardo Viana. De acordo com a Polícia Civil, o suspeito tem passagens criminais por roubo, estupro e furto.

Segundo testemunhas, o crime ocorreu durante um culto na casa das vítimas. O suspeito chegou ao local e, após discussão, empurrou Luciene. Na sequência, puxou uma arma e atirou contra a mulher.

Mesmo ferida, Luciene lutou contra o agressor. O suspeito pegou a vítima pelos cabelos e a arrastou para fora do imóvel. Neste momento, atirou novamente contra a ex-companheira.

Pedro correu em defesa da mãe. Para protegê-la ficou entre ela e o agressor. Foi atingido no rosto e morreu no local.