metropoles.com

Jovem foi eliminada de concurso da PMDF por BO de acidente de trânsito

Mais de 200 candidatos foram eliminados na fase de investigação social com base em boletins de ocorrência e processos arquivados

atualizado

Compartilhar notícia

Vinícius Schmidt/Metrópoles
Imagem colorida do RPoM reajuste
1 de 1 Imagem colorida do RPoM reajuste - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

O grupo de mais de 200 candidatos que denunciaram a eliminação na fase de sindicância de vida pregressa e investigação social no concurso da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) é formado por pessoas com processos arquivados e até com boletins de ocorrência simples, como acidente de trânsito. O resultado definitivo do certame deve sair nesta quinta-feira (13/6).

Uma das candidatas é Mariana*, 26 anos. A moradora do Piauí veio para Brasília apenas para participar do concurso.

“No meu caso, havia registrado um boletim de ocorrência após me envolver em um acidente de trânsito e baterem no meu carro, em 2020. A ocorrência nem gerou inquérito policial, mas fui eliminada”, conta.

Fernando*, 24 anos, morador do Distrito Federal, prestou o concurso para o cargo de soldado. Ele conta que conseguiu aprovação nas provas objetiva e discursiva, no Teste de Aptidão Física e psicotécnico. Porém, acabou eliminado na fase de investigação social.

“Nesse espaço, foi possível escrever pouquíssimos caracteres para descrever a situação do boletim de ocorrência, principalmente para os casos mais complexos. Descrevi toda a minha situação de uma forma bem resumida, porque foi o que coube, e aguardei o resultado. No dia 20/5, foi publicado o resultado preliminar no Diário Oficial e não constava meu nome, então logo pensei na ocorrência que havia descrito, o que foi confirmado como motivo de eliminação”, conta o jovem.

O candidato relata que a ocorrência em questão teria ocorrido em 2015, quando ele ainda era adolescente. “Foi gerado um processo na Vara da Infância e da Juventude, mas nunca fui citado, intimado e nem convocado. O processo foi arquivado. Só que o que me deixou intrigado foi ter sido eliminado por algo que o STF já definiu que não poderia gerar eliminação em investigação social”, argumenta.

Ele conta que entrou com recurso contra a eliminação e espera que a situação seja reavaliada. “É uma sensação de tristeza enorme, pois toda a esperança dos meus pais estava em mim nesse concurso. Demorei dias para avisá-los da eliminação”, lamenta Fernando*.

Os dois participantes fazem parte de um grupo de mais de 200 candidatos, que denunciaram a situação ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). “Os casos variam de ocorrência sem ao menos ter tido inquérito policial até homônimos que não fizeram nada de ilegal. Muito triste a PMDF eliminar candidatos assim arbitrariamente”, alega Mariana*

Jorge* também foi um dos candidatos eliminados por conta de registro de ocorrência e entrou com recurso contra o resultado. “No meu caso foi por conta de uma ocorrência de ameaça, registrada contra mim em 2022, só que o boletim nunca foi pra frente, tanto que nunca fui chamado a depor. Expliquei tudo isso na minha ficha e, para minha surpresa, fui eliminado”, diz.

Candidatos eliminados

O MPDFT emitiu um ofício direcionado à PMDF e ao Instituto Assessoria e Organização de Concursos Públicos (Instituto AOCP) para que esclareçam o contexto das eliminações.

O critério de eliminação estaria em discordância com o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) sobre o tema, que considera ilegal a eliminação de candidato de concurso público em fase de investigação social ou sindicância de vida pregressa com base em investigações ou ações penais sem trânsito em julgado.

O ofício, publicado em 29 de maio, foi expedido pelo promotor de Justiça Fabiano Mendes Rocha Pelloso, após os candidatos procurarem a ouvidoria do MPDFT para denunciar o motivo das eliminações.

“Objetivando o esclarecimento dos fatos, determino a expedição de ofícios à PMDF – Polícia Militar do Distrito Federal e ao Instituto Assessoria e Organização de Concursos Públicos (Instituto AOCP) para que, no prazo de 10 dias, esclareçam sobre as alegações relatadas pelos candidatos”, diz a determinação do promotor.

Durante a etapa de investigação social, foi disponibilizado um link para que os candidatos preenchessem os formulários com suas informações confidenciais. Em uma das páginas, era necessário preencher se o candidato tinha algum tipo de boletim de ocorrência, processos ou alguma pendência na Justiça.

O resultado preliminar da sindicância de vida pregressa e investigação social do certame foi divulgado em 20 de maio. Conforme cronograma, após recebimento dos recursos, o resultado definitivo deve sair nesta quinta-feira (13/6).

O que dizem os envolvidos

Por meio de nota, o Instituto AOCP informou que a fase em questão é de exclusiva responsabilidade da PMDF. “Na realização dessa etapa, não há envolvimento da organizadora”, esclareceu a banca.

Questionada sobre os critérios de avaliação e eliminação da fase de sindicância da vida pregressa e investigação social, a PMDF disse que não se manifesta sobre decisões judiciais ou questões que envolvam a constitucionalidade delas. “Atribuição de avaliar a constitucionalidade das disposições e procedimentos cabe exclusivamente ao Judiciário”, destacou a corporação.

* Nomes fictícios

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?