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Jovem emociona web ao apresentar jaleco de médica à família: “Orgulho”

Rithi Souza, 29 anos, passou anos sem estudar para ajudar os pais. Formanda revisita a própria trajetória em entrevista ao Metrópoles

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Arquivo pessoal
Imagem colorida de uma mulher de jaleco branco segurando um boneco azul
1 de 1 Imagem colorida de uma mulher de jaleco branco segurando um boneco azul - Foto: Arquivo pessoal

Em 2007, a então adolescente Rithiele Souza Silva é obrigada a largar os estudos na antiga oitava série para ajudar os pais a cuidarem da irmã caçula, que acabara de nascer. A mãe, balconista, e o pai, servente de pedreiro, trabalham o dia todo e não podem pagar babá. A vida fora da escola passou a ser a nova rotina da garota. Mesmo com o cenário desfavorável, 12 anos depois, em 2019, a jovem moradora de Sobradinho era aprovada no vestibular para o curso de medicina da Universidade de Brasília (UnB).

O caso de superação de Rithiele é, por si só, comovente. Na semana passada, a estudante de 29 anos fez uma surpresa aos pais e mostrou, pela primeira vez, o jaleco que ela vai usar para trabalhar. A reação deles foi emocionante e cativou o público nas redes sociais.

Assista:

Jovem estudou sozinha

Ao Metrópoles, Rithiele conta mais sobre a própria trajetória. Ela relembra que terminou os estudos na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA), em 2014, para poder ter o diploma do Ensino Médio. Pouco antes, ela chegou a perder um emprego por não ter a qualificação. “Eu trabalhava em uma empresa terceirizada que prestava serviços ao Ministério das Comunicações. Quando me demitiram, a justificativa foi de que eles precisavam de profissionais formados”, explica.

Após conseguir se formar pelo EJA, em 2014, Rithiele deu início ao processo de estudar para ingressar na UnB. Sem cursos preparatórios, professores particulares, equipamentos caros e diversos. Sozinha. “Comecei do zero. Não sabia nem o que era a UnB. Juro por Deus, eu tive que pesquisar o que era vestibular. Foram muitos anos fora da escola, eu não sabia mais como as coisas funcionavam”, conta a formanda.

A sala de aula e o ambiente escolar faziam falta para Rithiele. “Eu sentia muita falta de biologia, química, etc”. Sem a experiência necessária, o amor aos estudos ajudou a jovem a superar os obstáculos e chegar na universidade. “Estudar me dava prazer. Mesmo sozinha, eu estudava oito, nove horas ao longo do dia, porque eu gostava de estudar as coisas que caíam no vestibular.”

Por que medicina?

A medicina não surgiu na vida de Rithiele por acaso. A jovem nasceu com paralisia hemiplégica cerebral, alteração neurológica que limita os movimentos de um dos lados do corpo — no caso de Rithi, como gosta de ser chamada, é o direito. Devido à condição, ela frequenta hospitais e outras unidades de saúde desde que nasceu.

“Eu fui criada indo a hospitais e sempre via aquelas coisas, o pessoal trabalhando… mas, à época, ainda não passava na minha cabeça ser médica. Estudar medicina sempre foi algo muito distante, eu não tinha ideia de como chegar nisso, eu era ignorante nesse sentido”, comenta Rithi.

Hoje, cursando o 11º semestre na UnB, Rithiele é grata à academia. Prestes a se formar, ela conta que o ambiente universitário mudou a vida dela. “Fazer um curso tão grandioso e entrar num mundo tão desafiador, que é o da universidade pública federal, fez de mim o que sou hoje”, agradece.

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Jovem deve concluir os estudos em agosto de 2025
Após anos estudando, ela ingressou na UnB em 2019
Antes de se matricular em medicina, Rithi passou em odontologia, também na UnB, mas não quis seguir
Jovem é grata a tudo que aprendeu e viveu na universidade
Rithiele Souza Silva, 29 anos
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Rithi está prestes a se formar

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Jovem deve concluir os estudos em agosto de 2025

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Após anos estudando, ela ingressou na UnB em 2019

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Antes de se matricular em medicina, Rithi passou em odontologia, também na UnB, mas não quis seguir

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Jovem é grata a tudo que aprendeu e viveu na universidade

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Rithiele Souza Silva, 29 anos

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As disciplinas iniciais, o baixo poder aquisitivo e uma separação dificultaram o processo de graduação. “No início eu tive muitas dificuldades, principalmente no aspecto financeiro. Além disso, algumas matérias de início, justamente da época de ensino médio, me ‘pegaram’, tanto é que eu reprovei um semestre”, confessa.

“A questão emocional também me pegou bastante. Teve uma época que eu me encontrei muito depressiva, porque eu passei por um processo de divórcio, em 2019, bem na época em que eu passei no vestibular. Mas as amizades, a espiritualidade e a família foram fundamentais.”

Rithiele tenta segurar a ansiedade na reta final da faculdade — ela deve se formar em agosto de 2025. Enquanto isso, segue dedicada aos estudos e também aos trabalhos como terapeuta holística, que ajudam a estudante a pagar o aluguel do local onde mora na Asa Norte.

Por fim, a estudante admite que o processo não é nada fácil, mas deixa um conselho àqueles que venham a se sentir inspirados pela história dela. “Não dá para romantizar certas questões, mas amar o próprio sonho é fundamental. Para tudo que a gente busca, quando tem amor envolvido, o universo ajuda.”

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