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Jovem do DF é absolvido após quase 3 anos preso por crime que não cometeu

Lucas Moreira de Souza, 26 anos, havia sido preso em 20 de dezembro de 2017. Ele aguarda determinação da Justiça para ser solto

atualizado

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1 de 1 Papuda - Foto: Gláucio Dettmar/ag.CNJ

A Justiça do Distrito Federal absolveu, na última segunda-feira (29/10), um jovem que está na cadeia há quase três anos por um crime que não cometeu. Em 20 de dezembro de 2017, Lucas Moreira de Souza, 26 anos, foi preso, enquanto empinava pipa perto da casa da tia, em Ceilândia. Na ocasião, ele foi acusado de cometer roubo qualificado e tentativa de latrocínio.

Lucas aguarda a determinação da juíza da Vara de Execuções Penais (VEP), Leila Cury, para ser solto. Segundo os defensores, o rapaz não tem mais pena a cumprir. O caso seguiu para o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) se manifestar.

Desde a prisão, o jovem tenta provar a inocência. Ele chegou a ser condenado a 67 anos de prisão por um dos crimes cometidos na região. A situação começou a mudar quando um policial, que acredita na versão do rapaz, procurou a Defensoria Pública do Distrito Federal.

O caso

Na noite de 20 de dezembro de 2017, dois homens cometeram um roubo em Ceilândia. Os criminosos seguiram em um carro até o Recanto das Emas e praticaram outros crimes ao longo do caminho, entre eles uma tentativa de latrocínio.

À época, informação da polícia do Recanto da Emas detalhava que um dos suspeitos seria manco. A característica do bandido foi passada para os policiais de Ceilândia, que, então, procuraram o suspeito que se encaixasse nessa característica. Lucas foi abordado pelos policiais na manhã do dia seguinte.

O rapaz foi submetido ao reconhecimento de pessoas roubadas em Ceilândia e Recanto das Emas. As testemunhas de Ceilândia não o reconheceram, mas as vítimas de Recanto das Emas afirmaram que o jovem seria o responsável pelos crimes.

Evidências da inocência

O policial que acredita em Lucas levantou evidências da inocência do jovem. O primeiro deles é que o rapaz não tem a principal característica procurada pelos policiais naquele dia, pois Lucas não é manco.

Além disso, 10 dias depois da prisão, um crime com as mesmas características daqueles praticados em Ceilândia e no Recanto das Emas repetiu-se em Samambaia. Um mês depois, dois homens, com o mesmo veículo e arma usados nos delitos aos quais Lucas foi acusado, foram presos. E um deles era manco. Enquanto isso, o jovem permanecia preso.

Falsas memórias

A defensora pública Antônia Carneiro, que participa de um grupo de quatro defensores em atuação no caso, disse ao Metrópoles que a condenação do jovem foi baseada apenas no reconhecimento das vítimas, que, nos momentos seguintes aos crimes, estavam muito abaladas.

“As vítimas ficam muito nervosas e com ímpeto muito grande para responsabilizar. Além disso, ele tem características estigmatizáveis, como o fato de ser negro. E, também, pelo momento de nervosismo, isso é comum, isso a gente chama de falsas memórias”, explicou.

O Metrópoles entrou em contato com a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) para comentar as inconsistências na investigação do caso, mas, até a última atualização dessa reportagem, não obteve resposta. O espaço segue aberto para manifestações.

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