Jornalista alega ter sido espancada por PMs durante blitz
Segundo Sheila Souza, militares a agrediram em abordagem na quinta (21/9). PMDF aguarda formalização do caso para se manifestar
atualizado
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Um suposto caso de agressão é apurado pela equipe da 5ª Delegacia de Polícia (região central). A jornalista Sheila Souza, de 28 anos, alega ter sido espancada e algemada por policiais militares na madrugada de quinta-feira (21/9). Ela foi parada em uma blitz na quadra 408 Norte do Plano Piloto quando, durante a abordagem, afirma ter sofrido chutes e pontapés de três militares. Já o relato dos PMs à equipe da 5ª DP aponta que a motorista estava alterada, desacatou os policiais e teria, ainda, lesionado uma PM.
Em uma publicação no Facebook, Sheila contou que naquele momento não portava o licenciamento obrigatório de 2017, embora pelo sistema os policiais tenham verificado que ela estaria em dia com o Departamento de Trânsito (Detran). Segundo a condutora, um dos policiais teria lhe pedido que descesse do carro e realizasse o teste do bafômetro. Sheila disse que não havia ingerido álcool, quando o militar teria passado a gritar com ela e dizer que faria de tudo para prejudicá-la. Após muita insistência, ela topou fazer o teste. Conforme seu relato, o resultado do exame não lhe foi mostrado.Mesmo assim, a mulher afirma ter sido algemada e jogada no chão – ela teria ainda levado socos e puxões de cabelo pelos militares. Depois, os PMs a conduziram à 5ª DP. “Um país em que três homens e uma mulher fortemente armados batem em uma cidadã como eu, sem que se pese nenhum motivo contra minha conduta, é realmente lamentável. Fui atacada e não vou descansar enquanto a justiça não for feita”, escreveu a jornalista, que pretende processar a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) pelo ocorrido.
Após prestar depoimento na delegacia, ela se dirigiu ao Instituto Médico Legal (IML) para realizar exame de corpo de delito. O veículo de Sheila foi levado para o depósito no Detran-DF.
Veja o desabafo de Sheila Souza no Facebook:
Outro lado
Trecho do boletim de ocorrência registrado na 5ª DP apresenta uma versão diferente da divulgada pela jornalista. Segundo o texto, baseado no relato dos policiais militares que atuaram no caso, ao ser abordada a condutora inicialmente se recusou a fazer o teste do bafômetro, embora apresentasse hálito etílico. Ela teria ficado “muito alterada”, inclusive chamando um dos PMs de “muito incompetente”, ao ser informada que teria recolhida a habilitação e seria multada.
Ainda exaltada, conforme registrou a Polícia Civil com base no depoimento dos militares, a condutora enfim teria concordado em fazer o teste, que indicou 0,25mg/l, “comprovando que a mesma estava sob influência de álcool”, diz a ocorrência. Ela teria recebido voz de prisão por ter desacatado os militares e acabou contida por uma PM após ter sentado no banco do passageiro da viatura e se recusado a ir para o banco de trás, onde andam as pessoas detidas.
Segundo o relato dos PMs, a condutora teria desferido socos e tapas com a chave do carro em mãos, o que haveria lesionado a boca e o rosto da policial. Os outros militares, então, intervieram para conter Sheila, que foi algemada e conduzida à 5ª DP (veja, abaixo, o trecho do boletim com a versão dos PMs).
Acionada pela reportagem, a PMDF disse que o caso ainda não foi formalizado junto à corregedoria. A corporação acrescentou que “após a formalização da denúncia e a instauração do devido processo, será analisado se houve excesso por parte dos policiais. Se comprovado o fato, os envolvidos serão punidos conforme a lei.”