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Desemprego, isolamento e máscaras mudam comportamento dos brasilienses

Dados são de pesquisas de alunos de psicologia, que observaram moradores do DF ao longo da quarentena e mediram sensações em escala de 1 a 5

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Pessoas usam máscaras nas ruas do DF
1 de 1 Pessoas usam máscaras nas ruas do DF - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

A pandemia causada pelo novo coronavírus não tem estimulado apenas as buscas por uma vacina contra a Covid-19 ou por um remédio eficaz no controle dos sintomas da doença. O comportamento das pessoas, em um cenário de isolamento social e com o uso de tecnologias pouco adotadas até então, também é campo de investigação científica – só que na área de psicologia.

Pensando nisso e impossibilitados de frequentar aulas presenciais, alunos de vários semestres da graduação em psicologia do Centro Universitário Iesb, sob a coordenação do professor Ricardo Vasquez Mota, analisaram as consequências das medidas de restrição adotadas no enfrentamento à pandemia sobre o comportamento do brasiliense.

Um dos trabalhos avaliou o medo. Um questionário com 26 perguntas foi elaborado visando computar o impacto desse sentimento nas pessoas durante a crise do coronavírus. “Às vezes, os indivíduos só pensam no lado bom de estarem em casa, protegidos do vírus. Mas há uma influência do isolamento social sobre o medo que não tem sido tão abordado”, explica o estudante Brenno Vitorino, 22 anos.

Ao todo, 223 pessoas responderam o questionário, divulgado em redes sociais. Observando que muitas pessoas têm passado por momentos de ansiedade, o grupo de estudos de Brenno decidiu entender algumas das principais preocupações dos brasilienses.

As maiores apreensões, quando consideradas as respostas abertas, são a possibilidade de contrair a doença e também de perder o emprego.

Confira as impressões dos estudantes sobre o experimento: 

 

Nas questões fechadas, 96,9% dos entrevistados disseram ter medo de perder um familiar infectado pelo coronavírus. Em uma escala de 1 a 5, 63% dos entrevistados classificaram o medo com o cenário pandêmico com notas 4 ou 5, as mais altas disponíveis. “A gente viu muitas pessoas ansiosas ou sem saber o que estão sentindo direito”, aponta Brenno.

No total, 55% das pessoas classificaram com as duas notas mais altas o medo de ficar desempregada. O sentimento é justificado pelo fato de mais de 77% dos participantes da pesquisa conhecerem alguém que tenha passado por essa situação recentemente. O desemprego no DF atinge hoje 333 mil brasilienses, segundo a Companhia de Planejamento do DF (Codeplan).

Confira alguns dos dados: 

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O reflexo disso é uma alta taxa de respostas colocando como 5 o grau de preocupação com a pandemia
Mais da metade das pessoas tem medo de sair de casa
Pesquisa foi realizada por alunos do 5º semestre de psicologia
O grupo é composto por Brenno Lucas Vitorino da Silva, Caio Figueira de Vasconcellos e Arthur Alves da Silva
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Mais de 96% das pessoas responderam que têm medo de perder um parente para o coronavírus

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O reflexo disso é uma alta taxa de respostas colocando como 5 o grau de preocupação com a pandemia

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Mais da metade das pessoas tem medo de sair de casa

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Pesquisa foi realizada por alunos do 5º semestre de psicologia

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O grupo é composto por Brenno Lucas Vitorino da Silva, Caio Figueira de Vasconcellos e Arthur Alves da Silva

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Ônibus circulam lotados durante isolamento social no DF
Medo do desemprego e de ficar doente é o que mais aflige brasilienses, segundo pesquisa de alunos de psicologia do Iesb
Para garantir comida na mesa, muitos trabalhadores não cumprem o isolamento social
Tão grande quanto o temor de perder parentes para a Covid-19 é o de não ter como sustentar a família
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Com multa de R$ 2 mil valendo, poucos circulam sem máscaras no DF

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Ônibus circulam lotados durante isolamento social no DF

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Medo do desemprego e de ficar doente é o que mais aflige brasilienses, segundo pesquisa de alunos de psicologia do Iesb

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Para garantir comida na mesa, muitos trabalhadores não cumprem o isolamento social

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Tão grande quanto o temor de perder parentes para a Covid-19 é o de não ter como sustentar a família

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Uso de máscaras

Outros alunos decidiram observar o uso de máscaras pelos moradores do DF. Um dos grupos decidiu abordar quem passava em frente ao bloco da estudante Deise Fortes, 40, na Quadra 407 da Asa Sul. Uma vez que o apartamento dela é voltado para o comércio, era possível observar o movimento de moradores e trabalhadores da região.

“Há dois mercados por aqui, fazendo com que ainda tenha um bom movimento para a gente analisar”, explica a aluna. Todos os dias, entre 8h e 9h30, um celular gravava a movimentação de pessoas e os futuros psicólogos analisavam quem usava ou não o item de proteção. “Quem colocava a máscara no queixo ou pendurada na orelha, a gente desconsiderava como uso correto”, esclarece Deise (veja vídeo abaixo).

O trabalho aconteceu entre os dias 8 de abril e 19 de maio. Conforme aponta a aluna, o que mais chama a atenção é traçar um paralelo das decisões do Governo do Distrito Federal (GDF) com a reação de quem anda na rua. “Foi uma crescente. No dia 30 de abril, por exemplo, quando começou a obrigatoriedade do uso das máscaras, mais de 90% das pessoas estavam com ela”, explica.

O número acabou caindo nos dias seguintes e só voltou a aumentar em 11 de maio, data em que o governo anunciou que multaria quem saísse de casa sem o equipamento de proteção.

“Tudo isso mostra uma necessidade de regulamentação. Se não existe uma validação do governo para que algo bom para saúde aconteça, as pessoas não seguem”, analisa Deise.

Saiba mais sobre o trabalho: 

 

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Grupo é composto por Deise Ramos, Lucas Odoni, Luis Carlos da Silva, Priscila C e Vivyanne de Oliveira
Um celular foi utilizado para gravar e analisar as pessoas que passavam
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Gráfico mostra a evolução no uso das máscaras em frente ao apartamento de Deise

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Grupo é composto por Deise Ramos, Lucas Odoni, Luis Carlos da Silva, Priscila C e Vivyanne de Oliveira

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Um celular foi utilizado para gravar e analisar as pessoas que passavam

Outro grupo de estudantes focou apenas em observar os clientes de drogarias. Foram cinco no Plano Piloto e outra no Guará, onde os alunos anotavam se a pessoa chegava ao estabelecimento de máscara ou não. “Fizemos uma observação antes e depois do decreto que obrigava o uso do item”, explica Vitor Vichmeyer, 21.

Os números surpreenderam pelo grau de adesão maior do que o observado nas ruas, mesmo antes do decreto que obrigava a utilização de máscaras no DF entrar em vigor. Para o estudante, pelo fato de as farmácias remeterem à ausência de saúde pode ter um fator psicológico na hora de o cliente se proteger para entrar no estabelecimento.

“É um local que tem mais chances de ter gente doente, pode funcionar dessa forma o pensamento”, opina.

Veja os resultados: 

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Grupo é composto por Alberto Teles, Gisele Mota, Paola Gomes, Tatiane Mendes, Thais Souza e Vitor Vichmeyer
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Grupo comparou o movimento de clientes usando máscaras em farmácias antes e depois do anúncio de que seria aplicada uma multa a quem não usasse

Material cedido ao Metrópoles
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Grupo é composto por Alberto Teles, Gisele Mota, Paola Gomes, Tatiane Mendes, Thais Souza e Vitor Vichmeyer

Material cedido ao Metrópoles
Alternativa durante a pandemia

De acordo com o professor Ricardo Vasquez, esses e outros trabalhos foram a maneira encontrada para tentar suprir a ausência de aulas presenciais. “Foi uma forma de trazer um tema atual e que mostrou ser possível aos alunos fazer essa adaptação”, explica.

Segundo ele, as pesquisas sobre o uso de máscara mostram que muitas pessoas só agem quando confrontadas com algo palpável, como a possibilidade de serem multadas, por exemplo.

“Como ‘ficar saudável’ não é uma recompensa visível, não é muito clara, muita gente acaba não usando a máscara”, pontua o docente.

No entanto, o medo, para ele, pode ser visto dentro da própria comunidade acadêmica. “Ninguém quer retornar ainda às aulas presenciais. Todo mundo achou que seria mais fácil fazer as coisas de casa, mas não é. O grande risco da contaminação ainda gera esse temor em todos”, conclui.

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