Irmãos golpistas presos pela PCDF movimentaram R$ 10 milhões em 4 anos
Os dois irmãos investigados em operação construíram imóveis sem escritura e alvará. Um deles é o Residencial Ravi, localizado no Taguaparque
atualizado
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Os irmãos presos durante a Operação Fênix, deflagrada na manhã desta quinta-feira (2/3), movimentaram aproximadamente R$ 10 milhões nos últimos quatro anos, desde 2019.
A operação da Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes (Corf) da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), que visa desarticular organização criminosa especializada em lavagem de dinheiro, cumpriu sete mandados de prisão preventiva e 11 de busca e apreensão. Os agentes também apreenderam seis veículos — entre eles duas Mercedes-Benz e uma Maserati.
As equipes também localizaram valores em espécie, além de relógios e bebidas importadas. Na casa de um dos investigados, os policiais encontraram R$ 130 mil em dinheiro. A quantia estava escondida em uma caixa de papelão coberta com papéis.
Os principais alvos da ação são os irmãos Welbert Richard Viana Marinho e Weverton Viana Marinho, conhecidos por terem criado e gerenciado a moeda virtual Kriptacoin. Ambos participaram do golpe que faturou R$ 250 milhões em um esquema da pirâmide e deixou cerca de 40 mil pessoas no prejuízo em 2017.
Os investigados pela Operação Fênix construíram imóveis sem escritura e alvará. Um deles é o Residencial Ravi, no Taguaparque. Os imóveis eram comercializados por valores de R$ 220 mil a R$ 1 milhão.
Delegado da Corf responsável pelas investigações, Wisllei Salomão afirma que a Justiça determinou o bloqueio das contas dos investigados.
Veja imagens da operação desta manhã, no Taguaparque:
Ações também ocorreram no Guará 2:
🚨Agora: a Polícia Civil do DF faz operação para desarticular uma organização criminosa especializada em lavagem de dinheiro. A coluna Na Mira apurou que os alvos principais são os irmãos Welbert Richard Viana Marinho e Weverton Viana Marinho pic.twitter.com/OEFSFhWywM
— Metrópoles (@Metropoles) March 2, 2023
🚨🚨 Durante a operação, os policiais apreenderam um #Maserati preto em um dos locais alvo de mandado de busca e apreensão em #SantaCatarina #PCDF pic.twitter.com/BV3vbCrZqn
— Metrópoles (@Metropoles) March 2, 2023
Irmãos investigados ostentavam nas redes sociais, veja:
Empregada doméstica
Uma mulher que trabalha como empregada doméstica foi escolhida, segundo as investigações, para figurar como sócia-proprietária de uma das empresas usadas no esquema criminoso. Ela ganhava R$ 1,5 mil para assinar os contratos. Os testas de ferro, mesmo sem capacidade financeira para operacionalizar grandes negócios, também faziam transferências de valores entre si, para ocultar a movimentação e a propriedade dos bens de origem ilegal.
Os donos reais do dinheiro e das empresas seriam justamente os irmão Welbert Richard e Weverton. Os negócios envolvem construtora, holding, hotel, financeira, entre outros negócios. A exemplo da época em que faturaram milhões com o golpe da Kriptacoin, os suspeitos permaneciam nas redes sociais ostentado uma vida de luxo e glamour, a bordos de carrões superesportivos e iates.
O objetivo era atrair clientes e investidores que comprassem apartamentos em prédios erguidos por uma construtora ligada aos irmãos. A PCDF detalhou que as propriedades não têm escritura nem alvará. Os imóveis foram erguidos em Vicente Pires e na Colônia Agrícola Samambaia. Um deles é o Residencial Ravi. O grupo também se articula para vender cotas de um hotel e de empreendimentos de altíssimo padrão, no litoral de Santa Catarina.
Veja um dos alvos da Operação Fênix a bordo de Maserati:
Os presos na Operação Fênix responderão por crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa e falsidade ideológica, cujas penas podem ultrapassar 18 anos de prisão.
Kriptacoin
Os suspeitos criaram a moeda virtual no fim de 2016 e, a partir de janeiro de 2017, passaram a convencer investidores a aplicar dinheiro na Kriptacoin. A organização criminosa atuava por meio de laranjas, com nomes e documentos falsos, segundo as investigações.
O negócio, que funcionava em esquema de pirâmide, visava apenas encher os bolsos dos investigados. E, de acordo com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), alguns deles tinham diversas passagens pela polícia, por uma série de crimes — entre eles, estelionato.
Os irmãos não tinham nomes publicados no site da empresa nem constavam como sócios nos dados da Receita Federal, mas se apresentam como presidentes do grupo.
À época, durante um mês, o Metrópoles acompanhou as atividades da Kriptacoin e, também, apurou denúncias contra os presidentes e outros integrantes do esquema. Na apresentação do plano de compensação, eles ofereciam aos potenciais clientes participação nos valores de R$ 1 mil, R$ 3 mil e R$ 21 mil, com 1% de ganho por dia, independentemente do crescimento da moeda.
O maior foco era dado à indicação de novos “investidores”, que podiam gerar ganhos de 10% do valor investido e um bônus de 30% por parte da equipe menor. A atividade mostrava que, apesar de a Wall Street Corporate alegar, em algumas ocasiões, não ser empresa de marketing multinível, ela dependia da indicação de novos afiliados e pagava em níveis, em um sistema chamado “binário”.