Iprev vira “imobiliária”: vai vender e alugar imóveis cedidos pelo GDF
Para recompor garfada dada pelo governo Rollemberg, instituto vai negociar 44 propriedades e pretende arrecadar R$ 1,3 bilhão
atualizado
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Após a “garfada” bilionária dada pela gestão Rodrigo Rollemberg (PSB) na reserva destinada a pagar aposentadorias e pensões do funcionalismo, o Instituto de Previdência dos Servidores do Distrito Federal (Iprev) anunciou uma novidade para tentar recompor o fundo. A entidade vai vender ou alugar parte dos 44 imóveis que o GDF repassou à instituição a título de “ressarcimento”. A expectativa é a de, com a operação, recuperar R$ 1,3 bilhão.
O Iprev elaborou o que batizou de Plano de Gestão Imobiliária e dividiu as propriedades em seis grupos – chamados blocos –, levando-se em conta as características dos imóveis. Os blocos 1 e 2 têm 17 imóveis que foram repassados ao instituto em 2017. Esses serão os primeiros colocados à venda, e o instituto espera concluir o negócio até 2021.
Segundo avaliação da Agência de Desenvolvimento do DF (Terracap) feita um ano antes da incorporação, esses apartamentos, casas e terrenos, além de uma vaga de garagem, valem R$ 66 milhões. Há propriedades residenciais na Asa Sul, no Lago Sul e em Sobradinho, além de terrenos vazios em Águas Claras e no Noroeste.
Veja a lista de imóveis que serão vendidos nos Blocos 1 e 2:
Em um segundo momento, o Iprev prevê nova venda – ou locação – de dois imóveis: galpões desocupados no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA).
Veja o Bloco 3:
Todos os 19 imóveis apresentados nesses três primeiros blocos já podem ser usados pelo Iprev, conforme plano elaborado pelo instituto, passando por licitação para dar amplo acesso ao processo.
As 25 propriedades restantes também serão divididas em três blocos. O Plano de Gestão Imobiliária do Iprev determina que sejam prospectados novos negócios a fim de buscar retorno a longo prazo. No entanto, ainda não há definição sobre o que será feito dessas propriedades.
Veja a lista completa de imóveis incorporados ao patrimônio do Iprev:
Carteira Imóveis do Iprev by on Scribd
Uso de recursos do Iprev
O Iprev tenta recapitalizar suas reservas após dois “saques” feitos pelo governo Rollemberg. O primeiro deles, em 2015, foi de cerca de R$ 1,3 bilhão. Com problemas em caixa, o então governador afirmou que não conseguiria pagar os salários dos servidores em dia. A solução encontrada pela equipe do socialista foi mexer no dinheiro guardado no instituto, sob a alegação que o principal fundo estava superavitário. Após a operação, o GDF repassou os 44 imóveis ao Iprev.
A medida, criticada por sindicatos e órgãos de controle, não impediu a gestão Rollemberg de fazer uma segunda retirada ao Iprev. Em dezembro de 2016, outros R$ 531 milhões foram usados para também pagar salários e aposentadorias de servidores. Somando as duas operações, de 2015 e 2016, chegou-se a R$ 1,3 bilhão – cerca de R$ 1,8 bilhão em valores atualizados.
Além da venda e do aluguel de imóveis, a outra solução encontrada pelo GDF para tentar recompor esses recursos foi transferir ações do Banco de Brasília (BRB) ao instituto. A iniciativa também foi alvo de questionamentos. O Ministério Público de Contas (MPC-DF), por exemplo, usou o argumento de que a transferência de 16,52% de ações da instituição financeira não foi benéfica ao Iprev.
De acordo com o documento entregue ao Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) em outubro do ano passado, se as ações do BRB fossem vendidas no mercado à época, valeriam R$ 227 milhões. Isso significaria uma perda de patrimônio equivalente a 57,12%.
A variação, segundo embasou o procurador Demóstenes Tres Albuquerque, ocorreu porque os papéis foram repassados ao preço unitário de R$ 88,62 em dezembro de 2017, quando houve a autorização de recomposição da retirada do Iprev. No entanto, o valor de mercado seria de R$ 31,50.