Invasão no Setor de Mansões Isoladas Norte cresce e preocupa moradores
Donos de imóveis no Setor de Mansões Isoladas Norte (SMIN) pedem intervenção do GDF na área. Apesar de dezenas de denúncias, invasão cresce
atualizado
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Moradores e donos de imóveis no Setor de Mansões Isoladas Norte (SMIN) denunciam o crescimento de uma invasão de terra em área nobre, localizada às margens do Lago Paranoá, entre o Centro Olímpico da Universidade de Brasília (UnB) e o Iate Clube.
Proprietários de terrenos na região afirmam que são anos de reclamações e pedidos de intervenção do poder público para que o local seja urbanizado e resulte no fim das ocupações clandestinas, que, segundo eles, “fugiu de controle”.
No fim de 2022, o Metrópoles esteve na mesma região e flagrou a invasão que contava, à época, com um grupo de pessoas em meio a um matagal, próximo a residências regulares. Ao redor das ocupações, montadas com lona e madeira, fios de “gatos” de energia puxam eletricidade para as invasões. Mais de um ano depois, a reportagem voltou ao local e constatou que não houve avanços na retirada dos abrigos improvisados do espaço.
Representantes da Associação dos Proprietários no Setor de Mansões Isoladas Norte (Aspromin) tentam, mais uma vez, uma resposta do Governo do Distrito Federal (GDF) para que os problemas não se agravem. Eles denunciam que crimes como assaltos, roubos e tráfico de drogas cresceram na região. Apesar de dezenas de denúncias, a situação persiste, e a sensação de insegurança cresce e preocupa os moradores.
“Há tráfico e uso de drogas. O local está se expandindo. Já tem até um bar dentro da invasão. Já identificamos 32 moradias. As ocupações ilegais têm tornado a região insegura e violenta. A situação representa ameaça à ordem pública”, disse um proprietário de imóvel na região, que pediu para não ser identificado, por receio.
Segundo o representante, duas operações de remoção de barracos ocorreram, mas as pessoas voltam dias depois. Ele comentou, também, que há cerca de três semanas uma instituição de idosos próxima ao local foi invadida por pessoas que procuravam dinheiro e outros bens.
“É um setor muito abandonado pelo poder público. Estamos com demandas para que se dinamize o tipo de utilização possível de lotes na região para estimular uma ocupação mais rápida no setor, para ajudar a evitar novas invasões”, relatou.
Veja imagens aéreas da região:
Dengue
Além da preocupação com o crescimento das ocupações irregulares, os moradores temem a epidemia de dengue que assola a capital do país.
O local, próximo à margem do Lago Paranoá, deveria abrigar o Parque Ecológico da Enseada Norte. No entanto, o projeto “nunca saiu do papel”.
Na área, há uma estrutura que seria a Escola Superior de Guerra, outro motivo de queixa dos moradores da região. A construção começou a ser erguida em 1970, durante o governo militar, mas teve as obras interrompidas anos depois, por ordem do general Ernesto Geisel, sob o argumento de falta de dinheiro. Atualmente, o local é conhecido como “Ruínas da UnB”.
Os resquícios da construção do prédio militar acumula água e favorece a proliferação do mosquito Aedes aegypti.
“Além de ser foco de dengue, não oferece segurança alguma. Há moradores de rua e usuários de drogas que utilizam o local como esconderijo a qualquer hora do dia. Também já houve registros de desova de cadáver e de carros roubados”, diz o representante da entidade.
Atuação do GDF
Procurado pelo Metrópoles, o GDF afirmou, por meio de nota, que o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) informou que o Parque Ecológico Enseada Norte é uma “unidade de conservação monitorada pelo órgão gestor e tem sido objeto de ações fiscais e de remoção de ocupações, como as ocorridas no segundo semestre de 2023”. Pontou ainda que tais medidas “continuarão a acontecer em 2024”. O local tem uma área de 11,99 hectares.
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) disse que tem feito monitoramento na área. O Iate Clube já passou por vistoria de focos da dengue, e está programada, nesta semana, a visita da equipe de Vigilância Ambiental ao Setor de Mansões Isoladas Norte.
Por fim, a Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal) informou que a última operação no local para remoção da ocupação feita por catadores de materiais recicláveis na região ocorreu em novembro de 2022. Desde então, a pasta monitora o espaço e está ciente das reclamações que chegam via Ouvidoria.
“No entanto, em julho do ano passado, devido a uma decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes no âmbito da ADPF 976, as operações nesse sentido foram suspensas”, respondeu a secretaria.
“A pasta, em conjunto com outros órgãos do GDF, tem realizado tratativas a fim de retomar as ações seguindo todas as definições contidas na ADPF”, completou o texto.