Inteligência do Exército diz que não fez relatório sobre QG por não ver perigo
CPMI cobrou relatório, mas Exército informou não ter produzido análise por ausência de “aspectos que pudessem comprometer a segurança”
atualizado
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O Centro de Inteligência do Exército (CIE) não produziu relatórios sobre o acampamento a favor de um golpe, mobilizado em frente ao Quartel-General da força armada, em Brasília.
O movimento começou após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições e durou mais de dois meses, com média de uma ocorrência criminal por dia, mas o CIE alegou não ter visto “aspectos que pudessem comprometer a segurança” e, por isso, não elaborou documentos sobre a ação.
A informação partiu da Inteligência do Exército, que respondeu a pedido da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Nacional.
Em requerimento, o senador Marcos Rogério (PL-RO) pediu à força armada os relatórios “referentes à observação do acampamento desde a instalação até a total desmobilização”.
Porém, em ofício assinado pelo chefe de gabinete do comandante do Exército, o general de Divisão Francisco Humberto Montenegro Junior, não constam os trabalhos da Inteligência.
“Não foram produzidos, pelo CIE, relatórios de inteligência referentes ao aludido acampamento, uma vez que não foram identificados aspectos que pudessem comprometer a segurança orgânica dos aquartelamentos localizados no Setor Militar Urbano.”
Crimes
Em relatório divulgado pelo ex-interventor federal na Segurança Pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli, foram registrados 73 crimes cometidos nos 71 dias em que bolsonaristas estiveram acampados em frente ao QG, para pedir intervenção militar.
Nos dados divulgados, os crimes contra a honra — calúnia, difamação e injúria — foram os mais registrados, com 20 ocorrências. Em segundo lugar ficaram os furtos, com 19 incidências. O levantamento inclui, ainda, 13 casos de lesão corporal e vias de fato.
Além disso, ações do Governo do Distrito Federal (GDF) na região do acampamento, como o combate ao comércio ilegal, chegaram a ser interrompidas por falta de segurança, segundo informado pelo próprio Exército Brasileiro.