Integrante de grupo neonazista é preso após tentar matar grafiteiro no DF
Rapaz de 23 anos foi espancado até desmaiar, em Ceilândia, onde foi abandonado. Socorrido, ele ficou três dias internado na UTI do HRC
atualizado
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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) cumpriu mandado de prisão temporária contra um homem acusado de integrar o grupo de skinheads responsável por tentar matar um grafiteiro de Ceilândia, em agosto de 2019. A investigação conduzida pela Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual, ou Contra a Pessoa Idosa, ou com Deficiência (Decrin) apura a o que teria motivado as agressões cometidas contra Jhamau Sant’Anna (foto em destaque), de 23 anos. O suspeito foi preso nessa segunda-feira (29/06).
De acordo com as investigações, o crime foi cometido por dois indivíduos, em plena luz do dia. Os dois teriam desembarcado de um carro preto e espancando a vítima até ela desmaiar, na quadra QNN 17, em Ceilândia. O jovem foi socorrido por pedestres, que acionaram os bombeiros e o encaminharam ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC), onde passou dois dias internado na UTI.
Segundo a PCDF, há indícios de que o crime tenha sido motivado por ódio e intolerância de supostos neonazistas que atuam em Ceilândia, uma vez que Jhamau é integrante de grupos de grafite. Os trabalhos do rapaz, expostos em creches da cidade, foram encobertos com dizeres de ódio por outros jovens, que seguem uma cartilha integralista e neonazista. A vítima e outros amigos grafiteiros teriam combinado de apagar essas declarações.
No início das apurações, a Decrin fez um apelo à população e recebeu diversas denúncias anônimas. Após 10 meses de trabalho, foi possível identificar o veículo usado no momento do espancamento. O dono do automóvel seria um dos principais suspeitos da tentativa de homicídio qualificado. Ele negou sua participação no crime.
Até o momento, o proprietário do carro foi indiciado por tentativa de homicídio qualificado pela impossibilidade de defesa da vítima. As investigações continuam para identificar o comparsa e também para determinar a motivação do crime.
O inquérito policial está vinculado ao Tribunal do Júri de Ceilândia. Se levado a júri popular e condenado, o suspeito detido temporariamente pode receber de 12 a 30 anos de reclusão.