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Inquérito concluído: veja em detalhes a cronologia da maior chacina do DF

Polícia Civil concluiu inquérito sobre a maior chacina do DF nesta 6ª. Crime brutal terminou com 10 pessoas da mesma família assassinadas

atualizado

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arte de vítimas da chacina do DF em fundo vermelho
1 de 1 arte de vítimas da chacina do DF em fundo vermelho - Foto: Arte/Metrópoles

A investigação de um dos crimes mais bárbaros da história do Distrito Federal, a chacina de 10 pessoas de uma mesma família, teve desfecho nesta sexta-feira (27/1). O delegado Ricardo Viana, chefe da 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), detalhou a cronologia dos assassinatos, bem como os papéis de cada criminoso na execução das vítimas.

A chácara em que parte delas morava, no Itapoã, avaliada em R$ 2 milhões, seria a motivação dos criminosos para matar a família. No terreno, viviam também Gideon Batista de Menezes, 55 anos, e Horácio Carlos, 49 — suspeitos de participar da chacina.

Gideon e Horácio Carlos contaram aos investigadores que eram funcionários do mecânico Marcos Antônio Lopes de Oliveira, 54, e que queriam vender a chácara em seguida. O plano seria assassinar toda a família para tomar posse do imóvel.

Os criminosos começaram a planejar a chacina em outubro. No dia 23 daquele mês, alugaram o cativeiro onde manteriam as vítimas.

Em dezembro, a ex-mulher de Marcos Antônio, Cláudia Regina Marques de Oliveira, 55, vendeu uma casa por R$ 200 mil. Assim, o plano dos criminosos passou a envolver, também, o restante da família de Marcos.

Infográfico com fotos de vítimas da chacina no DF e suas relações familiares bem como com os assasinos - Metrópoles

Confira a cronologia dos fatos:

28 de dezembro

O plano começou na chácara, quando Marcos Antônio, a esposa dele, Renata Juliene Belchior, 52, e a filha do casal, Gabriela Belchior de Oliveira, 25, foram rendidos. O primeiro a ser morto foi Marcos Antônio, em 28 de dezembro.

Na data, o plano dos criminosos — Gideon; Fabrício Silva Canhedo, 34; Carlomam dos Santos Nogueira, 26; e um adolescente de 17 anos — era render Marcos Antônio, Renata Juliene e Gabriela na chácara.

Gideon permitiu a entrada de Carlomam e do adolescente, para simular um roubo à chácara. Horácio Carlos estava no local e fingiu ser vítima. No entanto, Marcos Antônio teria reagido ao suposto assalto e foi baleado na nunca por Carlomam.

Depois disso, o grupo criminoso enrolou Marcos Antônio em um tapete. A vítima estava ofegante e foi levada, com Renata Juliene e Gabriela, para a casa usada como cativeiro, em Planaltina (DF).

Na mesma noite, Marcos Antônio foi esquartejado, ainda vivo, por Gideon e Horácio Carlos. A dupla enterrou a vítima em uma cova improvisada no terreno.

“Colocaram as pessoas no chão, e o Horácio Carlos junto [delas], como se fosse vítima. Nesse momento, houve uma reação do Marcos Antônio, e o Carlomam o atingiu com um tiro na nuca. A vítima ficou no local, agonizando. Eles colocaram a Renata Juliene e a Gabriela dentro da casa. Lá, vendaram as duas, amordaçaram-nas e seguiram para o cativeiro, em Planaltina (DF). Levaram o Marcos enrolado em um tapete, no carro do Gideon”, detalhou Ricardo Viana.

Durante a madrugada, no cativeiro, o adolescente entrou em pânico ao ver a brutalidade da ação, pulou o muro e fugiu do local.

4 de janeiro

Os criminosos levaram Cláudia Regina e a filha dela, Ana Beatriz Marques de Oliveira, 19, para o local do cárcere.

O grupo conseguiu render a vítima ao simular — com o celular de Marcos Antônio — que Gideon e Horácio  Carlos ajudariam na mudança para a nova casa de Cláudia Regina, pois ela havia vendido o imóvel anterior.

Quando Cláudia Regina e a filha Ana Beatriz entraram na casa nova, acabaram rendidas por Carlomam, enquanto os demais também fingiam ser vítimas.

As duas foram levadas para cativeiro: Renata Juliene e Gabriela ficaram em um cômodo; Cláudia Regina e Ana Beatriz, em outro.

12 de janeiro

Thiago Gabriel recebeu um bilhete que o chamava, com a esposa Elizamar da Silva, 39, e os filhos do casal, até a chácara no Itapoã. Os criminosos escreveram um termo usado por Marcos Antônio para tornar a mensagem convincente.

Lá, Thiago acabou rendido. A cabelereira Elizamar foi para o endereço só após sair do trabalho, à noite. Ao chegar, também foi feita refém.

Sem apoio do adolescente, que não quis mais participar do crime, o grupo precisou de um novo ajudante: Carlos Henrique Alves da Silva, 27, conhecido como “Galego”.

De lá, os criminosos seguiram para Cristalina (GO), com Elizamar e os três filhos dela, onde asfixiaram as vítimas e queimaram o carro da cabeleireira. Thiago Gabriel ficou no cativeiro.

“Sempre nas ações de queimar corpos e levá-los para fora do DF, estavam presentes Carlomam, Horácio e Gideon. O Fabrício ficava cuidando do cativeiro”, acrescentou o delegado do caso.

14 de janeiro

De madrugada, Carlomam, Horário Carlos e Gideon dirigiram com Renata Juliene e Gabriela, no carro de Marcos Antônio, até Unaí (MG). Lá, eles as asfixiaram e incendiaram o veículo com os corpos das vítimas dentro.

Devido às queimaduras, Gideon não participou dos outros assassinatos.

15 de janeiro

Thiago Gabriel, Cláudia Regina e Ana Beatriz deixaram o cativeiro, no Vale do Sol, em Planaltina (DF) ainda com vida. No entanto, foram levados com os criminosos para um terreno no Núcleo Rural Santos Dumont, a cerca de 5km de onde estavam, onde foram esfaqueados perto de uma cisterna. Em seguida, os assassinos jogaram os cadáveres das vítimas dentro do poço.

“Os criminosos sabiam exatamente o local onde esses corpos ficariam. A vítimas saíram da chácara com vida e, quando chegaram ao local dos assassinatos, foram mortas por objeto cortante”, afirmou o delegado Ricardo Viana.

“[Os corpos de] Ana Beatriz, Cláudia Regina e Thiago Gabriel foram jogados no interior da cisterna e, depois, cobertos com pedras, calhas e terra”, completou.

Pena de até 340 anos

A execução do plano durou 18 dias. Para a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), os executores da chacina formam uma associação criminosa armada.

Os presos Gideon Batista de Menezes, Horácio Carlos, Fabrício Silva Canhedo e Carloman dos Santos Nogueira responderão por uma série de crimes cujas penas somadas podem chegar a 340 anos de prisão para cada um. Contudo, no Brasil, o tempo máximo de permanência na cadeia não pode passar de 40 anos.

A PCDF deve indiciar o quarteto por latrocínio, corrupção de menores, extorsão mediante sequestro, homicídio qualificado por motivo fútil e torpe, bem como ocultação e destruição de cadáver.

Os outros dois envolvidos — Carlos Henrique Alves da Silva, conhecido como “Galego”, e o adolescente de 17 anos — devem responder por crimes diferentes: o adulto, pelo homicídio de Thiago Gabriel; já a apreensão do mais novo ficará a cargo da Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA).

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