Inflação, pandemia? Por que os restaurantes do DF não voltaram a vender como antes
Dados da Fipe, em parceria com a Alelo, mostram que junho deste ano teve venda 53% menor do que o mesmo mês em 2019, antes da pandemia
atualizado
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Mesmo com a vacinação contra Covid-19 no Distrito Federal alcançando 80% da população adulta, bares e restaurantes da capital continuam a sofrer com a queda no movimento. Segundo levantamento realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), em parceria com a Alelo, as vendas de junho deste ano foram 53% menores do que o mesmo período em 2019, antes do início da pandemia.
O valor gasto nesses estabelecimentos também diminuiu. Segundo apurado pelo instituto, os clientes desembolsaram 36,9% menos, quando comparado ao mesmo período de 2019. Apenas março deste ano (37,8%) e abril de 2020 (46,4%) apresentaram comparativos piores em relação ao período pré-crise sanitária.
Como destaca o presidente do Sindicato patronal de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (Sindhobar), Jael Antônio da Silva, os pequenos negócios são os principais afetados. “Os médios e pequenos estão faturando menos 30%, 35%. Somente as empresas maiores que estão fazendo algo melhor. Ainda não conseguimos voltar à normalidade”, explica.
Para ele, a pandemia e a inflação são os principais responsáveis pelo mau desempenho que continua ocorrendo. “Ainda temos limitação de horário, vai só até a meia-noite. Nesse caso, nós vamos providenciar um ofício ao governo, pedindo a liberação de como está no alvará. Somado a isso, tem a restrição de 50% da ocupação de espaço, muita gente ainda não está com certeza de sair, mesmo com o avanço da vacinação, e os insumos subiram de 20% a 30%, o que aumenta o preço geral”, detalha.
Restaurantes se viram como podem
Marcello Lopes, chefe de cozinha e sócio proprietário da Blend Boucherie, na 412 Norte, confirma a queda nas vendas. “A gente vê a redução no nosso movimento e no gasto, também. Atualmente, saem muito mais pratos executivos do que tinha antes, por exemplo”, lamenta.
Ele lembra que, nos últimos meses, houve uma melhora gradual no negócio, mas a chegada da variante Delta espantou parte da clientela que havia voltado a sair de casa. “Teve uma certa retração, mas acredito que, até o fim do ano, a gente consiga voltar ao que era antes da pandemia”, acredita.
Segundo ele, o aumento de preços de produtos básicos, como arroz e carne, atrapalha, mas, até o momento, não repassou tudo para o consumidor. “A gente ainda está absorvendo para tentar não assustar o cliente, mas está difícil. Uma lata de óleo, que eu pagava R$ 3,80 antes da pandemia, está R$ 8, agora”, conta.
Vinícius Campos, dono da Vinny’s Pizzaria Napoletana, na 205 Sul, sofreu outro problema. Apesar de ter conseguido se virar bem com o delivery após o início da pandemia, a inflação atrapalhou. “As entregas aumentaram quatro vezes. O food truck, que era 20% para fora, passou a ser 70%. A gente conseguiu se reinventar. O custo, no entanto, aumentou”, explica.
Ele conta que um ingrediente básico da pizza, a muçarela, saiu de R$ 18, o quilo, para R$ 29, o quilo. “Eu gasto uma tonelada do queijo por mês. Imagina o impacto que isso não tem. Eu tenho brigado por centavos com meus fornecedores. Se um oferece R$ 0,05 a menos, eu estou comprando com ele”, exemplifica.