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Inflação no DF atinge 0,9% em julho e tem maior alta no mês desde 2002

Conforme dados do IBGE, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete tiveram alta de preços em Brasília em julho

atualizado

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Mulher de mascara carrega sacola com produtos
1 de 1 Mulher de mascara carrega sacola com produtos - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

A inflação em Brasília chegou a 0,9% em julho, atingindo o maior registro para o mês de referência desde 2002, quando teve alta de 1,07%. Em junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) na capital federal havia sido de 0,17%. O acumulado em 12 meses chega a 7,73%.

Os valores são menores do que a alta de preços no Brasil de julho, de 0,96%, e dos últimos 12 meses, de 8,99%. Esses dados foram divulgados nessa terça-feira (10/8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Confira a tabela:

Tabela IBGE

Conforme o IBGE, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados — alimentação e bebidas, habitação, artigos de residência, vestuário, transportes, saúde e cuidados pessoais, despesas pessoais, educação, comunicação —, sete tiveram alta de preços em Brasília em julho.

Destaca-se o grupo de transportes, cuja variação de 1,98% elevou em 0,46 ponto percentual (p.p.) o IPCA do mês. De acordo com a Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), isso se deve ao aumento no preço dos combustíveis (2,65% e 0,24 p.p.), em especial ao da gasolina (2,71% e 0,23 p.p.), e das passagens aéreas (26,30% e 0,13 p.p.).

O grupo de habitação, que teve variação de  1,68%, em julho, acresceu 0,22 p.p. ao índice geral por causa do reajuste no valor da bandeira tarifária vermelha de patamar 2, de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 quilowatts-hora (kWh), implicando em alta da energia elétrica residencial (6,68% e 0,17 p.p.).

Saúde e cuidados pessoais (-0,81% e -0,12 p.p) e comunicação (-0,06% e 0,00 p.p.) foram os únicos grupos a apresentarem variação negativa em julho no DF. Segundo a Codeplan, famílias de baixa renda no DF perceberam um aumento de preços superior (1,13%) àquele observado nos 25% mais ricos da capital (0,94%). Isso porque o plano de saúde, principal fator de deflação de julho, tem participação menor na faixa de renda baixa.

Comparação com o Brasil

O percentual registrado em Brasília em julho é o oitavo menor entre as 16 regiões pesquisadas e ficou abaixo, também, da média nacional, que foi de 0,96% no mês em questão.

Quando considerado o período de agosto de 2020 a julho de 2021, a inflação da capital é a segunda menor entre as regiões pesquisadas, com alta de 7,73%. No Brasil, o IPCA acumulado em 12 meses alcança 8,99%. Ambos índices continuam a apresentar uma trajetória ascendente e a se afastar do limite superior da meta de inflação (5,25%).

O IPCA, divulgado mensalmente, acompanha a variação dos preços de bens e serviços comprados pelo consumidor final, para famílias com renda até 40 salários mínimos, e é o indicador oficial da inflação no país e tem mostrado que a inflação está acelerando no Distrito Federal.

INPC

A inflação das famílias com rendimentos entre um e cinco salários mínimos, mensurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), aumentou 1,07% em julho no DF. No Brasil, esse índice ficou em 1,02%, abaixo daquele registrado na capital federal. Em 12 meses, Brasília registra alta de 8,79%, e o Brasil, de 9,85%.

A pesquisadora Jéssica Milker da Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas da Codeplan comenta que “o resultado de julho revela que a trajetória ascendente da inflação na capital federal não está cedendo mesmo diante dos esforços do Banco Central em desestimular o consumo e os investimentos por meio da elevação da taxa Selic”. “É possível que esse comportamento esteja associado a fatores externos como a escalada na cotação de produtos agrícolas, metálicas e energéticas.”

“De acordo com o índice de comodities do Banco Central (IC-Br) composto, houve alta de 17% entre julho e janeiro de 2021. Adicionalmente, a contínua desvalorização do real frente ao dólar reflete-se em aumento de custos e estimula as exportações, reduzindo a oferta interna de produtos e contribuindo para o aumento de preços”, acrescenta a pesquisadora.

Jéssica destaca que a crise hídrica tem pressionado o custo da energia elétrica. “O cenário inflacionário tampouco deve ceder a curto prazo, pois a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou novo reajuste para o valor das bandeiras tarifárias, o que deve forçar a alta dos preços nos itens do grupo de habitação e são crescentes os sinais de que o fenômeno climático La Niña deve retornar em 2022, afetando negativamente o regime hídrico no Brasil”, analisa.

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