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Indígenas de 100 etnias fazem mobilização no Distrito Federal

Eles pedem mais atenção à demarcação de terras, além de cuidados com saúde e investimentos em educação

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
Memorial dos Povos Indígenas
1 de 1 Memorial dos Povos Indígenas - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Índios representantes de 100 etnias estão reunidos no 15º Acampamento Terra Livre (ATL), no Memorial dos Povos Indígenas, em Brasília. Mais de 3 mil pessoas participam do movimento. Os indígenas reivindicam mais atenção à demarcação de terras, além de cuidados com saúde e investimentos em educação.

Os apelos ocorreram em meio a divergências sobre a instalação do acampamento: índios defendiam a Esplanada dos Ministérios, ao lado do Teatro Nacional Cláudio Santoro, como local, mas o Governo do Distrito Federal não o autorizou. As tendas acabaram fixadas perto do Memorial.

O Acampamento Terra Livre é considerado a maior mobilização de indígenas do Brasil. Doutorando em direito, o líder indígena Dinamam Tuxá pediu que as autoridades públicas invistam em um sistema de educação menos conservador.

Segundo ele, é necessário respeitar o indígena de tal forma que não seja tratado como um “ser exótico”. O preconceito vem na infância, nos livros escolares, em que os indígenas aparecem nus e alheios à tecnologia, na visão de Tuxá.

Casada com um homem branco, a líder Telma Tapirapé é considerada rebelde entre os indígenas. Indiferente às críticas, ela incentiva a participação feminina nas mobilizações e elogiou a atuação das mulheres Kaingang. Entre índios, há o costume de se ouvir apenas as lideranças, nem todos falam. Telma rompeu esse hábito.

“Se jogasse um alfinete no meio do salão, você o ouvia cair. Estava todo mundo calado. Eu disse: ‘agora, estão aqui as mulheres, e elas precisam falar’. Quando terminei, todo mundo aplaudiu e eu saí. Veio um branco e disse: meu Deus, você acaba de quebrar um protocolo aí”, contou Telma Tapirapé, referindo-se a reuniões anteriores.

Consciente dos problemas entre indígenas e brancos, Telma Tapirapé ressalta a necessidade de ações de combate à dependência química e álcool, assim como o fortalecimento do empoderamento feminino. Uma das suas maiores preocupações diz respeito ao atendimento às mulheres vítimas de violência de gênero.

Até 27/4, haverá programação intensa no Acampamento Terra Livre, com reuniões plenárias, rituais, rezas, danças, lançamentos de publicações e a projeção de filmes e documentários.

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