Inadimplência da Fortium pode deixar estudantes na rua e sem diploma
Instituição acumula mais de R$ 1 milhão em dívidas com aluguéis atrasados e uma ação judicial deve obrigá-la a deixar o prédio da 616 Sul. Apesar disso, faculdade mantém inscrições e matrículas abertas
atualizado
Compartilhar notícia
A inadimplência da Faculdade Fortium pode colocar estudantes no olho da rua e, mais do que isso, frustrar a formatura desses universitários. A instituição acumula mais de R$ 1 milhão em dívidas com aluguéis atrasados e uma ação judicial deve obrigá-la a deixar o prédio da 616 Sul, onde funcionam cursos preparatórios, tecnológicos, de graduação e pós-graduação. Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a instituição tinha 4.958 alunos matriculados em suas três unidades, em 2014.
Alunos e funcionários desconhecem os problemas financeiros e a possibilidade iminente do despejo. A faculdade continua matriculando novos alunos e recebendo inscrições para o vestibular. O número de estudantes prejudicados, portanto, pode aumentar.
Alertados pelo Metrópoles, os universitários se assustaram. “Se alguém estivesse sabendo, já teríamos nos unido em grupo para resolver isso”, disse um estudante que não quis se identificar, com medo de represálias. “Eu nunca atrasei uma mensalidade. Quem sempre acaba perdendo é o aluno, né?”, lamentou.O pastor Antônio Carlos Reis, de 39 anos, procurou um curso preparatório ao Colégio Militar –oferecido pela Unidade Sena Pré-Militar do DF, que funciona no mesmo prédio da faculdade — para a filha. Ele também não foi informado sobre a possibilidade de despejo. “Moro em Taguatinga e ficaria mais fácil trazê-la para o Plano Piloto do que levá-la para as outras unidades da Fortium (São Sebastião e Gama)”, explicou. O curso teria início no próximo ano. “Vou ter de procurar outra instituição”, concluiu o pastor.
Não é a primeira vez que a proprietária do edifício – a Ega Administração, Participações e Serviços Ltda. – precisa recorrer à Justiça para tentar receber os aluguéis atrasados da Fortium. A dívida da faculdade já chegou a R$ 6 milhões no ano passado. À época, a instituição fez um acordo judicial. Pagaria R$ 3,3 milhões em 33 parcelas e o restante da dívida seria quitado com benfeitorias nos edifícios. As prestações, porém, deixaram de ser pagas e o débito se acumulou novamente, chegando a R$ 1.031.940,22.
Por força de lei que define regras para despejo de instituições de ensino, os inquilinos só podem ser retirados de prédios no fim do período letivo. Neste caso, seria em dezembro deste ano.
A Fortium possui mais duas unidades no Distrito Federal, além da que está localizada na 616 Sul. Uma em São Sebastião e outra, no Gama. Elas oferecem cursos tecnológicos, de graduação e de pós-graduação nas áreas de ciências contábeis, publicidade e propaganda, pedagogia, filosofia e engenharia de produção. As mensalidades custam a partir de R$ 431.
Procurada pelo Metrópoles, a instituição não se posicionou até a publicação desta reportagem. Foram enviados emails para a faculdade e feitos contatos por telefone.
Outros casos
A faculdade não é a única a enfrentar problemas por conta de dívidas com aluguéis no DF. Em fevereiro, uma decisão judicial de despejo obrigou o Instituto Científico de Ensino Superior e Pesquisa (Icesp) a desocupar dois blocos da unidade que mantém no Guará. Na época, os estudantes foram realocados para outro prédio e para as demais unidades – no Recanto das Emas e em Águas Claras.