Imagens mostram pai de Bernardo deixando a casa na Asa Sul
Polícia analisa os vídeos gravados pelas câmeras da Quadra 712. Investigadores acreditam que menino saiu do local morto
atualizado
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Investigadores da Divisão de Repressão a Sequestros (DRS) analisam imagens do circuito de segurança da 712 Sul, onde Paulo Roberto de Caldas Osório, 45 anos, morava. O funcionário do Metrô-DF diz que levou o filho Bernardo, de 1 ano e 11 meses, para o local após pegá-lo na creche, na sexta-feira (29/11/2019). A polícia acredita que o menino saiu do local morto.
“É uma possibilidade muito forte. Ele [Paulo] já disse várias vezes, depois da audiência de custódia [realizada nessa quarta-feira], que matou o menino”, afirmou Leandro Ritt, chefe da DRS. Entre as imagens analisadas, está uma obtida pelo Metrópoles, que mostra o momento em que Paulo deixa a casa em seu carro, às 18h46 de sexta.
A gravação foi feita por uma câmera de segurança da casa de um vizinho de Paulo. A polícia confirma que é o servidor quem deixa o local neste horário, mas analisa se ele leva Bernardo. Nesta quinta-feira (05/12/2019), a avó do menino prestou depoimento na DRS.
Nesta quinta-feira (05/12/2019), conforme revelou o Metrópoles, a DRS suspendeu as buscas pelo corpo do menino na BR-020, mas os trabalhos devem ser retomados e ampliados até Salvador (BA) nesta sexta (06/12/2019).
Durante toda a quarta-feira (04/12/2019), um efetivo da Polícia Civil do Distrito Federal ficou mobilizado na rodovia, próximo à Roda Velha (BA). O helicóptero da corporação também prestou apoio para vasculhar a área.
De acordo com os investigadores, o local onde o criminoso disse ter desovado o corpo é uma região de plantação de soja e tem quatro trechos de mata fechada, que foram exaustivamente vasculhados pelos agentes. Até mesmo uma jiboia foi encontrada.
Os policiais que conduzem as apurações acreditam que Paulo Osório criou uma história para desviar a atenção e manipular as investigações. Agora, a polícia vai reconstituir o passo a passo do crime para descobrir, por outros meios, o que foi feito com a criança.
Frio a ponto de confessar ter matado o próprio filho por vingança, Paulo assustou até os investigadores mais experientes da PCDF. Aos policiais, relatou com tranquilidade e riqueza de detalhes as horas que antecederam o assassinato.
Saiba como ocorreu o crime, na versão do pai de Bernardo:
Paulo Osório foi capaz de ocultar o assassinato da própria mãe em 1992, do qual foi o autor. Apenas os vizinhos da quadra sabiam da história, ocorrida na mesma residência onde a Polícia Civil acredita que Bernardo tenha sido morto. Foi, inclusive, um morador da 712 Sul que revelou à mãe do bebê, Tatiana da Silva, 30, o homicídio cometido pelo agente de estação do Metrô em 1992.
A mulher só soube do crime 17 anos após a absolvição do criminoso. Pelo assassinato da mãe, Paulo Osório ficou 10 anos internado na ala psiquiátrica da Papuda. Na ocasião, ele tinha apenas 18. Segundo a polícia, a vítima foi surpreendida por Paulinho, como era chamado à época, assim que chegou em casa: o então jovem esfaqueou e enforcou a mãe. Em seguida, queimou o corpo dela.
Solto em 2002, Osório voltou ao endereço onde cometeu o matricídio. Dividiu a casa da família com o pai, Paulo Jarbas, até fevereiro deste ano – quando o idoso morreu em decorrência de falência múltipla dos órgãos. Sozinho, o homem voltou a apresentar sinais dos transtornos psiquiátricos que o levaram à reabilitação, segundo os vizinhos. Chegou a se afastar do trabalho por licença médica.
Paulo Osório usava medicamentos controlados. Para insônia, tomava hemitartarato de zolpidem: remédio que ajuda pacientes com insônia a adormecerem. Aos investigadores da DRS, o homem afirmou ter dopado o pequeno Bernardo com o sonífero usado em seu tratamento. A morte, conforme contou, teria sido provocada por uma superdosagem da substância.
Em seu relato à polícia, o homem disse ter diluído três comprimidos no suco de uva que deu ao filho. Um copo infantil foi achado na casa de Paulo. Dentro do carro dele, havia pacote de biscoito e uma faca.
Veja fotos sobre o caso:
O homem revelou como deu a medicação para Bernardo e por que decidiu descartar o corpo às margens da rodovia que liga os estados de Goiás e da Bahia: “Pensei na merda que ia dar”. Toda a história é contada à polícia sem emoção, com frieza.
Questionado sobre a sensação sentida ao ver o filho morto, Paulo Osório falou que evita pensar no assunto. “Ele [Bernardo] era minha alegria. Tudo que eu tinha era ele”, disse. O momento da declaração é o único em que o homem se impacienta na cadeira e mostra alguma sensibilidade.
Confira:
Mãe tem esperanças
A angústia da mãe do pequeno Bernardo aumenta a cada minuto. Ao Metrópoles, na manhã desta quinta-feira (05/12/2019), ela voltou a dizer que ainda tem esperanças de encontrar o filho vivo. “Estou com uma angústia, mas ao mesmo tempo esperança de ele voltar para casa”, desabafa Tatiana da Silva.
Para ela, o motivo de o ex-namorado ter confessado a morte é vingança, após ela ter ingressado com processo de pensão alimentícia.