Idoso é detido com tartarugas mortas em pesca ilegal no Lago Paranoá
Homem de 62 anos acabou preso em flagrante por crime contra o meio ambiente. A 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá) investiga o caso
atualizado
Compartilhar notícia
Um homem de 62 anos foi preso pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) por crime contra o meio ambiente, no Lago Paranoá, na altura do Setor de Mansões do Lago Norte.
Segundo informações do Batalhão de Policiamento Ambiental (BPMA), o idoso foi flagrado às margens do espelho d’água, praticando pesca irregular de camarões com armadilha do tipo jiqui (espécie de cesto para pescaria).
Durante a abordagem, os policiais militares encontraram dois cágados (quelônios) mortos na armadilha.
Assista:
O homem, que não tinha passagens pela polícia, alegou que é caseiro de uma residência naquela região. Ele foi encaminhado à 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), pagou fiança de R$ 1,2 mil e foi liberado.
Biodiversidade
No ano passado, um vídeo repercutiu na internet mostrando camarões no Lago Paranoá. Biólogos explicam que os afluentes do lago abrigam espécies que não apareciam antes por causa da poluição. Agora, com a maior biodiversidade no reservatório, tem sido cada vez mais comum encontrar esses animais em Brasília.
“Existem espécies diferentes de tartarugas, tracajás e cágados no lago. Existem também jacarés, tanto jacaretinga, que é um jacaré pequeno da região daqui do Centro-Oeste, como também já foi encontrado o jacaré-do-papo-amarelo, que é o maior. Esse apareceu no lago e, provavelmente, foi introduzido. Já também soube que foram feitas introduções da tartaruga-da-amazônia”, comenta o biólogo da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) Fernando Starling.
Criado em 1959, pouco antes da inauguração de Brasília, o Lago Paranoá começou a ser degradado nos primeiros anos da capital. No fim da década de 1970, a qualidade da água estava severamente comprometida por causa do derramamento de esgotos domésticos tratados inadequadamente.
Só no começo dos anos 1990 iniciou-se uma política de recuperação focada, entre outras coisas, no controle da quantidade de fósforo que chegava à água. Com o programa, o local passou a receber 70% menos desse elemento — de 418kg de fósforo por dia, em 1992, baixou para níveis próximos de 100kg a partir de 1995. Nessa quantidade, o resultado é considerado benéfico, pois contribui para o equilíbrio do ecossistema.
Com a melhora da qualidade da água, espécies aquáticas que não conseguiam sobreviver anteriormente começaram a povoar novamente o cartão-postal.
“Depois que o lago foi despoluído, nós já encontramos várias espécies de peixes que existiam aqui no início de Brasília e voltaram a aparecer em grande quantidade. O camarão é a mesma situação: existiam aqui na região e não ocupavam o lago porque, aquele ambiente onde foram filmados, por exemplo, é um ambiente de mais de 30 metros de profundidade, que, no passado, não tinha oxigênio e transparência; agora, tem. Então, o ambiente do lago hoje é muito melhor para toda a fauna e, com isso, a biodiversidade do lago aumentou”, diz.