ICMBio estima que incêndio consumiu 20% do total da Flona de Brasília
Em menos de 24 horas, unidade de conservação perdeu um quinto da área total para o fogo, segundo chefe da Floresta Nacional de Brasília
atualizado
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Até a manhã desta quarta-feira (4/9), após menos de 24 horas de queimadas, a Floresta Nacional (Flona) de Brasília perdeu 1,2 mil hectares (ha) para o fogo, segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Esse espaço corresponde a 20% – ou um quinto – da área total da maior unidade de conservação do Distrito Federal.
“A área da Flona 1 é de 3,9 mil hectares, e a estimativa preliminar é de que cerca de 20% da área total [da floresta] esteja queimada”, declarou o chefe da Floresta Nacional de Brasília, Fábio dos Santos Miranda, durante coletiva do ICMBio e do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) com jornalistas.
Em setembro de 2022, há dois anos, uma lei sancionada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aprovada pelo Congresso Nacional diminuiu em cerca de 40% a área total da Floresta Nacional de Brasília. Antes disso, a unidade de conservação era dividida entre quatro glebas – Flonas 1, 2, 3 e 4 –, cujas áreas somadas chegavam a 9,3 mil ha.
Confira:
No entanto, a lei desafetou as Flonas 2 e 3 para regularização urbana de dois assentamentos. Assim, a unidade de conservação ficou com apenas duas glebas, as quais, juntas, somam 5,6 mil ha – equivalentes à área aproximada de 7,8 mil campos de futebol.
O incêndio iniciado nessa terça-feira (3/9) atinge a Flona 1, próxima à região administrativa de Ceilândia (DF). O levantamento mais recente do ICMBio dá conta de que essa parte da floresta perdeu 30% da área – o que corresponde a 20% do total.
Nesta quarta-feira (4/9), o combate tem quatro regiões prioritárias: a das chácaras, a das nascentes, a das matas de galeria, além dos acessos à floresta. No entanto, as características do clima e da vegetação, que integra o ecossistema do Cerrado, tornam mais difícil o controle do fogo.
“Esse é um incêndio de difícil combate. Ele se torna muito perigoso, principalmente, pela condição climática totalmente adversa. É um cenário explosivo e com vários acionamentos [dispersão do fogo] simultâneos”, destacou Fábio.
Também nesta manhã, o ICMBio divulgou que o instituto suspeita que o incêndio tenha origem criminosa. Um chacareiro da região informou às equipes que teria visto três pessoas na área onde tiveram início os focos de calor, e consequentemente os incêndios, cerca de 30 minutos antes da detecção das chamas.
“Essas pessoas se assustaram e deixaram a área quando começamos a perceber a sequência de focos de calor na Floresta Nacional. Nossa suspeita principal é de que o incêndio foi criminoso, propositadamente para colocar fogo na Flona”, afirmou Fábio.
Recorde de incêndios
A equipe de combate conta com brigadistas do ICMBio, do Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e do CBMDF. Comandante dos bombeiros na operação, o major Marcelo Godoy destacou que, só nessa terça-feira (3/9), o Distrito Federal bateu recorde de ocorrências relacionadas a incêndios: a corporação recebeu 115 acionamentos para combate a fogo em vegetação.
Para fins de comparação, a média de todo o mês de agosto é de 90 ocorrências do tipo. “A gente espera aumento no mês de setembro. Contudo, já passamos disso. O recorde estava em 110 [registrado em 25 de agosto], quando a fumaça [de outras partes do país] atingiu o Distrito Federal”, detalhou o major.
No ano passado, a área total queimada na capital do país foi de 7 mil hectares – área equivalente a mais de 9,8 mil campos de futebol. “Neste ano, extrapolamos esse índice. Atingimos quase o dobro, com mais de 13 mil hectares de área queimada até agora. A média histórica é de 23 mil hectares e, em 2022, chegamos a 42 mil”, ressaltou Godoy.
“Pedimos para que os frequentadores e praticantes de esportes suspendam as atividades neste momento, porque a área é muito perigosa. Há risco de queda de árvores, além de outras condições arriscadas. O fogo está ativo, e fazemos esse apelo à sociedade. Também pedimos que os chacareiros da região não usem a estratégia de combate defensivo, para não prejudicarem o trabalho nem criar novas linhas de combate”, completou o bombeiro.