Buraco do Tatu: via é liberada com resgate do Marco Zero de Brasília
Ponto exato de onde partiram referências geográficas para as primeiras obras da capital federal foi achado durante obras no Buraco do Tatu
atualizado
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O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), liberou o trânsito da passagem conhecida como Buraco do Tatu e inaugurou a sinalização do Marco Zero de Brasília, na manhã desta quinta-feira (1º/8).
Localizada durante obras no túnel, a “estaca zero” recebeu o devido reconhecimento e, agora, soma-se à lista de pontos turísticos da capital federal.
“A reforma no Buraco do Tatu era necessária. [Trata-se de] um ponto que existe há mais de 60 anos e tem um fluxo muito grande de pessoas. Cerca de 150 mil motoristas passam por ali diariamente. Com a obra, tivemos esse belíssimo achado, que é o Marco Zero de Brasília”, declarou o governador. “[Esse] é mais um ponto turístico para a cidade. Aos domingos, quando o Eixão estiver fechado, certamente as pessoas poderão fazer essa visita maravilhosa [ao local].”
História
Antes do início da construção de Brasília, era preciso demarcar de onde irradiaria a nova capital, o ponto de referência para os cálculos que tirariam do papel os eixos Rodoviário e Monumental, cruzados em ângulo reto e designados por Lucio Costa no projeto urbanístico vencedor do Plano Piloto.
Até esta semana, havia dificuldade para se chegar a esse local exato, marcado na então Fazenda Bananal. Um levantamento do Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF) detalha que coube ao arquiteto Joffre Mozart Parada cravar a “estaca zero”, em 20 de abril de 1957, a pedido do então presidente da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), Israel Pinheiro.
A cidade se fez, então, a partir desse ponto – a quilometragem das vias do Distrito Federal, por exemplo, tem ele como referência –, demarcado por uma estaca.
“A importância disso, hoje, é sobre a conscientização da relevância da preservação da memória, de resgatar o local onde foi colocada a estaca zero. Foi exatamente ali que Brasília nasceu, no cruzamento dos eixos Monumental e Rodoviário. A partir de agora, todos que passarem pelo Buraco do Tatu saberão que esse local foi onde nasceu Brasília”, destacou o superintendente do ArPDF, Adalberto Scigliano.
O que era terra virou concreto, e a estaca acabou retirada. No lugar, ficou um disco de metal que, por anos, manteve-se encoberto por uma placa de concreto, sem nada dizer a quem passava pelo coração da capital do país. Porém, durante as recentes obras de restauração do pavimento asfáltico, iniciadas em 1º de julho último, operários redescobriram o item.
“Graças à preservação da memória feita pelo Arquivo Público e à parceria entre os órgãos envolvidos na obra, foi possível revelar essa parte importante da história de nossa capital”, acrescentou Adalberto.
Agora, o ponto no cruzamento dos eixos Sul e Norte – e confirmado por técnicos do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF) embasados em documentos do Arquivo Público – terá uma marcação no solo e nas paredes do Buraco do Tatu, inclusive protegidas contra pichação.
Obras
As obras de restauração do pavimento asfáltico em concreto do Buraco do Tatu – passagem de 700 metros que liga os dois lados do Eixo Rodoviário, no Plano Piloto, ocorreram durante todo o mês de julho. O trânsito foi liberado na manhã desta quinta-feira (1º/8). No túnel, passam cerca de 150 mil motoristas diariamente.
O pavimento original da passagem, da época da construção de Brasília, estava degradado após 60 anos de uso e com vida útil ultrapassada. As obras de recuperação custaram aproximadamente R$ 2 milhões.
As placas de concreto danificadas foram trocadas por novas, e o material antigo das juntas de dilatação que as unem foi substituído por um selante com durabilidade prevista de 10 anos. Os serviços no Buraco do Tatu incluíram a lavagem das paredes azulejadas e do teto, além da limpeza e da desobstrução de todas as caixas de drenagem da passagem.
Na oportunidade, o governador anunciou, ainda, que pretende lançar a reforma da Ponte Juscelino Kubitschek, a Terceira Ponte de Brasília, no início de 2025.