Ibaneis defende reajuste de tarifas de ônibus: “Conta não fecha”
Governador afirma que gratuidades pesam no subsídio do governo ao sistema de transporte e ressalta que não havia aumento desde 2017
atualizado
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O governador Ibaneis Rocha (MDB) voltou a defender, na tarde desta segunda-feira (13/01/2020), a manutenção do reajuste de 10% sobre as passagens do transporte público do Distrito Federal. A declaração foi dada após o titular do Palácio do Buriti tomar conhecimento do pedido de explicações ao GDF feito pelo Ministério Público de Contas (MPC-DF), conforme revelado pelo Metrópoles, e de deputados distritais cobrarem a suspensão imediata do aumento.
“Estou muito tranquilo, o MPC-DF está no direito e no dever dele. Chegamos a esse valor após vários estudos e entendemos ser razoável. Tivemos aumento de combustíveis recentes e até no número de funcionários das empresas, em função de novas linhas para a integração. É claro que, se o Tribunal de Contas [TCDF] decidir algo sobre o assunto, temos um histórico de ajustar nossos entendimentos. Mas estou muito seguro sobre essa questão”, disse Ibaneis à coluna.
Segundo o chefe do Executivo, os sucessivos aumentos no preço dos combustíveis e o fato de as tarifas não terem sido reajustadas nos últimos três anos, enquanto os custos de operação do sistema subiram, também pesaram. Além disso, uma das questões a serem estudadas pelo governo diz respeito às isenções nas cobranças de passagens no DF, hoje estimada pelo GDF em R$ 701,3 milhões ao ano.
“Os deputados distritais defendem mais e mais gratuidades, mas precisamos deixar claro que não existe essa gratuidade. Todos sabemos que, quanto mais se concede esse benefício, quem acaba pagando é o contribuinte. Qualquer tipo de transporte é subsidiado em todos os lugares do mundo. A questão é que o nosso orçamento não comporta mais. A conta não fecha”, completou.
Deputados pedem suspensão do aumento
Nesta segunda-feira, integrantes da Câmara Legislativa (CLDF) se reuniram para tentar criar estratégias de suspender os 10% de reajuste, já que a Casa está oficialmente em recesso parlamentar. O período inviabilizaria, por exemplo, a aprovação de um decreto legislativo para sustar o ato recente do GDF. Como só retornam ao trabalho em fevereiro, os parlamentares tentam convencer o chefe do Executivo de recuar do reajuste e pediram a suspensão imediata do aumento.
“Nosso governo pegou uma licitação que não foi feita por nós. Estamos tentando nos adaptar, na medida das possibilidades. Se querem melhorias, avanços, também precisamos estancar os gastos. É claro que temos muito o que melhorar no transporte do DF, realmente. Mas o governo não consegue mais arcar com essa fatia alta para o transporte”, finalizou.
O governador está em Miami com a família, onde passou o réveillon, e retorna a Brasília nesta terça-feira (14/01/2020).
Novos valores
O reajuste nas passagens de ônibus e de metrô foi fixado em 10% para todas as tarifas. Ou seja, a de R$ 2,50 passa para R$ 2,75; a de R$ 3,50 ficou em R$ 3,85; e a de R$ 5 subiu para R$ 5,50.
O aumento foi autorizado em decreto assinado pelo governador em exercício do DF, Paco Britto (Avante), na última quinta-feira (09/01/2020), e publicado no Diário Oficial do DF (DODF) de sexta (10/01/2020).
Por meio de nota, a Secretaria de Transporte e Mobilidade informou a reportagem que encaminhou ao MPC, nesta segunda-feira, a cópia do processo referente ao aumento das tarifas.
“Cabe esclarecer que, no referido processo, encontram-se os estudos que embasaram o reajuste e a ata da reunião do Conselho de Transporte Público Coletivo do Distrito Federal, realizada no dia 8 de janeiro de 2020”, disse a pasta.