Ibama descarta eutanásia, mas não dá destino para serpente apreendida no DF
Diretor de répteis do Zoo disse que sacrifício do animal era uma das possibilidades, mas hipótese foi rechaçada pelo órgão federal
atualizado
Compartilhar notícia
O destino de uma das serpentes exóticas apreendidas no DF na semana passada, após um estudante de medicina veterinária ser picado por uma Naja que criava em casa, ainda é incerto no país.
A Trimeresurus vogeli, conhecida como víbora-verde-de-vogel, é uma espécie encontrada na Ásia e não há antídoto para o veneno dela no Brasil. Por esse motivo, o biólogo e diretor de répteis e anfíbios do Zoológico de Brasília, Carlos Eduardo Nóbrega, disse ao Metrópoles que o sacrifício do animal era uma opção.
Nesta quarta-feira, porém, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) rechaçou totalmente essa possibilidade.
O animal segue no serpentário do Zoológico de Brasília e passa por um período de quarentena. Depois disso, nem Ibama, nem Zoológico, nem Instituto Butantan sabem para onde vai a víbora-verde. Nas redes sociais, Carlos Eduardo reafirma que a eutanásia é, sim, uma realidade possível.
“Se isso acontecer, ele não vai ser eutanasiado e descartado de lado. Se isso acontecer, ele vai para pesquisa, alguma universidade, para estudar a parte interna desse animal”, explica. O biológico, porém, reforça que a decisão final sobre a destinação da serpente é do Ibama.
Procurado pela reportagem, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente descartou a possibilidade de sacrifício do réptil em questão. Segundo o órgão, há um processo administrativo em andamento, para acionar tanto o Butantan, em São Paulo quanto centros de pesquisas autorizados pelo órgão e questionar essas entidades sobre o interesse em manter o animal em seus plantéis. “O sacrifício está totalmente descartado”, disse a entidade por meio de sua assessoria de comunicação.
A possibilidade de sacrifício foi levantada pelo diretor do Zoo, justamente pela falta de vacinas e soros específicos para a víbora-verde-de-vogel, espécie exótica, natural da Ásia. O Butantan confirma que não há nenhum exemplar na unidade que atenda a necessidade de alguém que, por acaso, seja picado pela cobra.
“O Instituto Butantan informa que não produz e nem disponibiliza soro antiveneno para acidentes com espécie exótica não pertencente à fauna brasileira”, disse, em nota. Por meio da assessoria de imprensa, o Instituto disse que ainda não recebeu nenhuma demanda oficial por parte do Ibama sobre a destinação da serpente em questão.
Tráfico de animais
O Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA) localizou 16 cobras sem documentação que eram mantidas em cativeiro no Distrito Federal. Elas estavam escondidas dentro de uma baia de cavalo em um terreno do núcleo rural Taquara, em Planaltina.
De acordo com a corporação, tudo indica que há relação desse local com a Naja que picou o estudante Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkul, de 22 anos. “Muito provavelmente relacionada com aquela serpente apreendida ontem. Com muito trabalho das nossas equipes, logramos êxito em encontrar essa localidade”, disse o Major Elias Costa. Ninguém foi preso.
Naja deixou estudante em coma
Picado por uma cobra Naja kaouthia em 7 de julho, o universitário Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkul ficou internado na unidade de terapia intensiva (UTI) do hospital Maria Auxiliadora, no Gama, por seis dias. Ele recebeu alta nessa segunda-feira (13/7).
A Polícia Civil do Distrito Federal e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) abriram investigação para identificar como a cobra chegou ao Brasil. O animal integra a lista das serpentes mais venenosas do mundo e foi capturado na quarta (8/7). Quem criava o animal exótico era o universitário.
A suspeita de investigadores da Delegacia de Combate à Ocupação Irregular do Solo e aos Crimes contra a Ordem Urbanística e o Meio Ambiente (Dema) é de que a serpente tenha sido alvo de tráfico internacional de animais exóticos. Segundo o Ibama, no DF não existe registro, nos últimos anos, da entrada legal de uma serpente dessa espécie.
Atenção!
Quem mantém animais silvestres ou exóticos de forma irregular pode fazer a entrega voluntária ao Ibama em todas as unidades do país. A população também pode denunciar suspeitas de criação através da Linha verde, no telefone 0800-618080.
O Ibama chama a atenção para o risco de ter animais, como serpentes, em ambientes inapropriados – tanto para o bicho quanto para as pessoas.
Para manter cobras em residência, o interessado deve solicitar autorização junto ao órgão ambiental do estado no caso de espécies não venenosas. Cobras peçonhentas podem ser criadas apenas com fins comerciais, por instituições farmacêuticas, ou com intuito de conservação, quando o animal não pode voltar à natureza por diversos motivos, como ter sido vítima de maus-tratos.