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HRT: ex-servidora é acusada de cobrar por cirurgia e descumprir acordo

Polícia analisa receituários, atestados e celular de Ruby Lopes, alvo de operação da PCDF e do MPDFT nesta sexta-feira (05/07/2019)

atualizado

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1 de 1 Ruby - Foto: Reprodução/Facebook

“Audácia dupla.” Assim o promotor de Justiça Clayton Germano descreveu a atuação de Ruby Lopes dentro do Hospital Regional de Taguatinga (HRT). Ele ressaltou que a ex-enfermeira-chefe da unidade de saúde, que foi alvo de operação da Polícia Civil e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) nesta sexta-feira (05/07/2019), se valia da condição de servidora e da vulnerabilidade dos pacientes para prometer “furar” a fila de cirurgias. No entanto, as investigações levam a crer que nem sempre ela cumpria a promessa.

“É preciso destacar que as pessoas que cometem esses crimes são alcançáveis. A investigação deve ser expandida para identificar se há outros envolvidos”, pontuou o promotor. De acordo com a PCDF, Ruby Lopes, mulher trans registrada como Edson dos Santos, colaborou durante as buscas feitas pelos policiais e promotores nesta sexta-feira (05/07/2019).

Ela prestou depoimento e reservou-se o direito de permanecer em silêncio. Os crimes investigados são os de corrupção passiva, falsidade ideológica , ameaça, falsificação de documentos e, conforme o delegado Leonardo de Castro, coordenador da Coordenação Especial de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado, aos Crimes Contra a Administração Pública e aos Crimes Contra a Ordem Tributária (Cecor), as suspeitas podem chegar até ao de organização criminosa.

O celular de Ruby, encontrado escondido debaixo do colchão de sua residência, em Taguatinga, será analisado pela polícia. Há indícios de que ela não chegava a cumprir os adiantamentos negociados com os pacientes para “furar” a fila de cirurgia do HRT.

Durante a operação, investigadores acharam ainda documentos que reforçam a suspeita de que, além de cirurgias no HRT, Ruby Lopes comercializava receituários, atestados médicos e de comparecimento. O material tinha o timbre da Secretaria de Saúde. Também foram encontrados quatro carimbos de médicos nos endereços onde os quatro mandados de busca e apreensão foram cumpridos.

As apreensões ocorreram nas residências vinculadas à ex-funcionária, em Taguatinga e Ceilândia. Nas buscas, realizadas também no HRT, os investigadores recolheram livros com registros de cirurgia e arquivos digitais. Eles dizem que, a partir de agora, começa uma nova fase da apuração, que pode chegar a outras pessoas que supostamente participavam do esquema.

A PCDF e o MPDFT não sabem por quanto eram vendidos os receituários e atestados nem se os médicos compactuavam com as irregularidades. Ruby Lopes é acusada, porém, de cobrar até R$ 5 mil dos pacientes para antecipar cirurgias que poderiam demorar meses na rede pública de saúde. Ela estaria agindo pelo menos desde 2017.

“Tinha muita entrada no hospital de Taguatinga. Analisava a situação dos pacientes e o poder financeiro deles. Ela mesmo os abordava e fazia a oferta”, disse o delegado Leonardo de Castro.

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Promotores analisam documentos
Equipes da PCDF e do MPDFT nas salas do HRT
Leonardo de Castro, coordenador da Cecor
Clayton Germano, promotor de Justiça do MP
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Adolescente corre o risco de perder a perna

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Promotores analisam documentos

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Leonardo de Castro, coordenador da Cecor

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Segundo as investigações, Ruby ameaçava suas vítimas para que não contassem sobre o esquema. Dizia que, se revelassem as informações, “algo de ruim poderia ocorrer com elas”. No entanto, as denúncias chegaram à Ouvidoria do Ministério Público e começaram a ser apuradas. “Isso mostra que o controle interno do hospital falhou”, disse o promotor.

Os mandados de busca e apreensão foram expedidos por Wagno Antônio de Souza, juiz da 2ª Vara Criminal de Taguatinga Ele também determinou a aplicação de medidas cautelares à servidora diversas da prisão: pagamento de fiança no valor de R$ 9.980, proibição de manter contato por qualquer meio de comunicação e de se aproximar das vítimas e das testemunhas já ouvidas e das que vierem a prestar depoimento até o limite de 200 metros, e proibição de frequentar as unidades de saúde do Distrito Federal, salvo se para atendimento médico.

Ela foi ainda advertida de que o descumprimento dessas medidas poderá ensejar a decretação de prisão preventiva. Ruby foi exonerada em maio de 2019, após as denúncias virem à tona. Áudios mostram a profissional negociando materiais de procedimento cirúrgico por R$ 350. Nas gravações, a ex-servidora pressiona um paciente, alegando que o valor cobrado seria somente para pagar instrumentos cirúrgicos e que um responsável pelos insumos estaria com ela no momento.

Ouça os áudios divulgados em primeira mão pelo Jornal de Brasília que flagraram a cobrança pelos procedimentos:

 

Primeira mulher trans a trabalhar na Câmara Legislativa do DF, a enfermeira teria sido exonerada do HRT pelo menos três vezes, mas conseguiu retornar ao posto. “Fui exonerada, mas não foi sobre isso [vendas de cirurgias]. O povo com inveja fica fazendo fofoca. Eu conheço muita gente que quer me derrubar”, disse ela à época.

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Ruby Lopes foi exonerada do HRT após ser alvo de operação

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A direção do Hospital Regional de Taguatinga, em nota, defendeu que “está à disposição para colaborar com a apuração policial”. A Secretaria de Saúde do DF, por sua vez, disse que Ruby Lopes não é servidora da pasta. Trabalhava como comissionada, mas foi exonerada no dia 27 de maio deste ano.

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