Hospital lamenta morte de médico que guiou cirurgia de siamesas
Unidade onde James Goodrich, vítima do coronavírus, atuou por cerca de 30 anos divulgou nota na qual define especialista como “humilde”
atualizado
Compartilhar notícia
O Hospital Montefiore Einstein, nos Estados Unidos, divulgou nota lamentando a morte do médico James T. Goodrich. O especialista norte-americano que orientou a delicada cirurgia de separação das gêmeas brasilienses Mel e Lis morreu de coronavírus, em Nova York, nos Estados Unidos, no domingo (29/03).
Goodrich (foto em destaque), 73 anos, estava ficou internado durante quase seis dias, mas não resistiu à Covid-19. Ele atuou no Montefiore Einstein por cerca de 30 anos.
“A comunidade de Montefiore Einstein está de luto pela perda do renomado neurocirurgião pediátrico Dr. James T. Goodrich. O Dr. Goodrich dedicou sua vida a salvar crianças com condições neurológicas complexas”, diz o comunicado, divulgado pelo Twitter.
O texto lembra do trabalho de Goodrich, fala de como ele era dentro e fora do hospital e traz testemunhos de médicos que o conheceram. “Ele foi pioneiro nesse campo e desenvolveu uma abordagem em vários estágios para separar gêmeos craniófagos fundidos no cérebro e no crânio”, aponta o comunicado.
“O Dr. Goodrich era um homem humilde e verdadeiramente carinhoso. Ele não desejava o centro das atenções e era amado por seus colegas e funcionários: todos os anos, assava biscoitos nos feriados e entregava para as enfermeiras do Hospital Infantil de Montefiore”, continua a nota.
Adepto do surfe
Fã de artefatos históricos, viagens e surfe, Goodrich teve a morte lamentada também por colegas. “O doutor Goodrich era um farol da nossa instituição e ele fará muita falta”, disse o CEO da Montefiore Medicine, doutor Philip O. Ozuah.
“Sua experiência e habilidade perdiam apenas para o seu coração e modos. O Dr. Goodrich era admirado por seus colegas de Montefiore Einstein e adorado por seus pacientes, e Montefiore Einstein não seria o mesmo sem a presença dele”.
Goodrich atuou de forma fundamental na cirurgia inédita e de extrema complexidade realizada nas gêmeas Lis e Mel, em abril de 2019, no Hospital da Criança de Brasília.
Durante todo o mês de abril, por exemplo, os médicos envolvidos no procedimento fizeram ensaios práticos diariamente com bonecos impressos em 3D que tinham as mesmas medidas das meninas. Os ensaios eram feitos à noite, pós-horário de trabalho, para que o procedimento de separação pudesse ser previsto nos mínimos detalhes.