Horas após atropelar e matar criança, motorista é posto em liberdade
Por medo de ser agredido, Hegon Henrique Brito Xavier refugiou-se no Entorno do Distrito Federal,
atualizado
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Acusado de atropelar e matar a pequena Gheanny Karolyne Sousa dos Santos, de 3 anos, no Itapoã, Hegon Henrique Brito Xavier, não passou 24 horas atrás das grades. Após prestar depoimento na 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), o jardineiro de 24 anos foi posto em liberdade ainda na noite de segunda-feira (16/10). O acidente ocorreu às 13h45 do mesmo dia.
Como não havia ingerido bebida alcoólica e não recusou socorro à vítima, Hegon foi autuado pelo crime de homicídio culposo, quando não há intenção de matar, o que o credencia a responder ao inquérito em liberdade.
Por medo de retaliação, o rapaz, também morador do Itapoã, se refugiou na casa de parentes no Entorno do Distrito Federal.
Cunhado de Gheanny, Alex Silva, 28, afirmou ao Metrópoles que a família está revoltada com a soltura do acusado horas após a tragédia. “Não há justiça neste país. Ele (Hegon) tirou a vida de uma criança inocente e já voltou para casa”, lamentou o rapaz, que vive na mesma rua onde ocorreu o acidente.
Silva acrescentou que os sogros, Ildebrando Ferreira dos Santos, 50, e Paula Maria Ferreira de Sousa, 37, pais de Gheanny, não voltarão para a casa em que viviam com a menina e outros dois filhos.
“Tudo faz lembrar a Gheanny, como o quintal onde ela brincava com os irmãos de casinha. Além disso, o local está interditado porque há risco de desabamento”, explicou. O rapaz contou que os pais da garota, também atingidos pelo carro, sofreram escoriações, mas passam bem.Até a publicação desta reportagem, o corpo da criança permanecia no Instituto Médico Legal (IML) do DF. A família ainda não marcou a data e o local do enterro.
Represália
A mãe do acusado, Simone Clara de Brito, 40, afirmou ao Metrópoles que por medo de retaliação, ela, o filho e a irmã dele deixaram por tempo indeterminado a residência em que vivem no Itapoã. Eles se refugiaram no Entorno. “Meu filho está muito triste, não consegue falar sobre o caso. Não tem temperamento agressivo, é trabalhador. Não só ele, mas eu também estou muito triste e preocupada com a outra família”, lamentou.
A mulher contou que o filho havia acabado de brigar com a namorada minutos antes do acidente e acredita que ele poderia estar sob efeito de alguma substância. “Meu filho nunca usou drogas ou bebida alcoólica. Ele estava transtornado pela briga com a namorada. Acredito que possa ter tomado algum tipo de medicação”, contou.
Tragédia
Gheanny estava deitada no sofá da sala, quando o automóvel bateu violentamente no muro e a atingiu. Outras duas pessoas estavam na residência, mas escaparam ilesas. Em depoimento a agentes da 6ª DP, o condutor afirmou que confundiu o freio com o acelerador no momento em que fazia uma curva. Hegon contou que sua primeira reação foi sair do carro e tentar suspendê-lo para retirar a criança, que estava presa entre o assoalho e o chão, mas começou a ser agredido por populares.
Ele só não apanhou mais por clemência dos próprios pais da menina, que o trancaram em um dos quartos até a chegada da Polícia Militar. A criança estava no sofá da sala quando o Fiat Siena dirigido por Hegon bateu contra a parede.
Os pais da criança também foram atingidos pelo veículo. O Corpo de Bombeiros os levou para o Hospital Regional do Paranoá. Segundo informações da corporação, o casal sofreu alguns ferimentos e está consciente.
Um vídeo que circula pelo WhatsApp mostra uma mulher ao lado do corpo da criança — que estava coberto por um lençol. Nas imagens, o suspeito de ter provocado o acidente aparece sem camisa, de bermuda vermelha e algemado. Após protestos de populares que pediam seu linchamento, o homem é colocado dentro do cubículo de uma viatura da PM e levado para a delegacia.