Homens que mataram universitário na Rodoviária são condenados. Somadas, penas chegam a 63 anos
Márcio Ribeiro Rocha Júnior, 28 anos, foi esfaqueado na plataforma superior do terminal, na madrugada de 7 de março deste ano
atualizado
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O juiz da 7ª Vara Criminal de Brasília, Fernando Brandini Barbagalo, condenou, nessa terça-feira (1º/12), Lázaro Júnior Coelho de Souza, Renato Ferreira dos Santos e Rener Luiz Borges pelo crime de latrocínio (roubo seguido de morte) cometido contra Márcio Ribeiro Rocha Júnior (foto em destaque) em março deste ano, na Rodoviária do Plano Piloto.
Rener Borges foi condenado também por furto qualificado. Somadas, as penas dos acusados totalizam 63 anos de reclusão.
De acordo com a denúncia oferecida pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), a vítima foi esfaqueada na madrugada de 7 de março na plataforma superior do terminal rodoviário, logo após deixar uma festa, no Conic.
Os três réus e outros indivíduos ainda não identificados subtraíram o aparelho celular de Márcio. À época do crime, investigadores da 5ª Delegacia de Polícia (Área Central) cumpriram três mandados de prisão preventiva e três de busca e apreensão, na Vila Planalto, Sobradinho e em Tocantins.
No decorrer da apuração do latrocínio, os investigadores chegaram a um grupo criminoso especializado em roubos e furtos sempre praticados da região central de Brasília. De acordo com a investigação, os assaltantes agiam em bando, cercando as vítimas. Enquanto um deles desviava a atenção da vítima, outros arrancavam o celular, carteira, bolsas ou qualquer objeto de valor. Em seguida, todos fugiam correndo.
Na noite do crime, Márcio havia saído com a namorada, que também teve o aparelho celular furtado.
O juiz analisou 41 vídeos com imagens do local do crime e, em conjunto com a prova oral e demais provas existentes no processo, afirmou ser possível uma reconstrução segura dos fatos.
Com relação à ação de Lázaro, responsável pelo golpe de faca no peito da vítima, Brandini disse que “o agente que desfere golpe de faca na altura do peito da vítima atua com intenção de matar. No mínimo, com dolo eventual, pois claramente assume o risco de causar o resultado quando desfere golpe em local de alta letalidade”.
Sobre Rener, o magistrado assegurou que a conduta perpetrada por ele durante todas as fases do crime demonstra que contribuiu decisivamente para o desfecho criminoso.
Para Renato, o entendimento foi de que também deveria responder por latrocínio, “porém, com reconhecimento de participação de menor importância”, destacou.
Lázaro Júnior Coelho de Souza foi condenado a 22 anos de reclusão e 80 dias-multa pelo crime de latrocínio, Renato Ferreira dos Santos a 15 anos e 9 meses de reclusão e 38 dias-multa pela participação menos relevante no crime de latrocínio, e Rener Luiz Borges a 22 anos de reclusão e 60 dias-multa pela participação no crime de latrocínio e 3 anos e 4 meses de reclusão e 40 dias-multa pelo crime de furto qualificado, totalizando 25 anos e 4 meses de reclusão e 100 dias-multa pelo concurso material das penas.
Os criminosos deverão iniciar o cumprimento das penas em regime fechado. Os réus responderam ao processo presos e, na sentença, o juiz manteve a prisão preventiva dos três.
O processo também continha o indiciamento de Jaime Silva Lima e José Felix Cirilo dos Santos, apontados como autores do crime de receptação dos aparelhos celulares subtraídos das vítimas. Contudo, o juiz determinou o desmembramento dos autos e o encaminhamento ao MPDFT para as providências pertinentes. Cabe recurso da sentença.
Investigação
O delegado-chefe da 5ª DP, Gleyson Mascarenhas, que conduziu as investigações, disse que Márcio não foi a primeira vítima da associação criminosa. Os suspeitos costumavam agir na Rodoviária do Plano e em suas cercanias. Eles buscavam locais movimentados para tirar a atenção do alvo escolhido enquanto outros comparsas furtavam ou tomavam à força objetos de valor, como celulares, bolsas e carteiras. O homem que desferiu as facadas no universitário fugiu para Tocantins logo após o crime, enquanto outros três comparsas ficaram no DF.
Na noite do crime, Márcio e a namorada tinham acabado de sair de uma casa de festa conhecida como Birosca, no Setor de Diversões Sul (Conic). Na época, a namorada de Márcio relatou que, no caminho até o Hospital de Base do DF (HBDF), ele começou a sentir falta de ar e a reclamar de dores intensas. “Ele foi direto para a UTI [Unidade de Terapia Intensiva] e depois de 10 minutos saíram dando a notícia do óbito”, disse aos policiais.