Homem surdo se comunica por cartazes em audiência no TCDF
Como os conselheiros não conseguiram entender a linguagem de sinais, Carlos Augusto Ferreira precisou escrever para ser compreendido
atualizado
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Uma situação que escancara o quanto deficientes auditivos têm dificuldades de conseguir atendimento em órgãos públicos do Distrito Federal foi demonstrada na última terça-feira (3/4) no Tribunal de Contas do DF (TCDF). Carlos Augusto Ferreira é surdo e precisou se comunicar por meio de cartazes durante uma sustentação oral para ser compreendido pelos conselheiros do Corte.
A apresentação estava sendo feita porque o Ministério Público de Contas do Distrito Federal (MPCDF) havia entrado com petição no tribunal solicitando o cumprimento da Lei distrital nº 4.715/2011. A norma obriga a presença de um intérprete para pessoas surdas em órgãos públicos.“Nada mais justo do que um surdo representando a comunidade para mostrar a luta e as dificuldades enfrentadas por eles diariamente. A sustentação oral era o recurso disponível, e o Carlos foi o escolhido para fazê-la”, contou, em entrevista ao Metrópoles, William Tomáz, 32, tesoureiro da Associação de Pais e Amigos de Deficientes Auditivos do Distrito Federal (Apada-DF), da qual Carlos Augusto também faz parte.
William completou a fala citando o engajamento do rapaz em diversas causas sociais. “Ele é muito participativo. Sempre lutou pelos direitos humanos, causas LGBT, entre outras. Nosso objetivo era demonstrar a importância do cumprimento da lei”, disse.
Durante a sustentação, um dos membros da Apada-DF, presente na plateia, foi até Carlos e o auxiliou na tradução simultânea, a fim de ajudar os conselheiros a compreender o que estava sendo dito.
O TCDF disse que “já vem buscando alternativa para suprir essa necessidade, seja com a disponibilização de vaga em concurso público para intérprete da Linguagem Brasileira de Sinais, seja pela promoção da capacitação de servidor na tradução de Libras”.