Homem entra em coma após receber golpe de jiu-jitsu em aula no DF
Marcos Batista Silva passou mal depois de um treino e sofreu dois AVCs em decorrência do episódio
atualizado
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Um aluno de jiu-jitsu está, há nove dias, internado em coma induzido no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), após ter levado golpe durante uma aula em Planaltina. Em 26 de junho, o motorista de ônibus Marcos Batista da Silva, 38 anos, passou mal no momento que praticava a arte marcial na academia Charles Gracie, no condomínio Estância Mestre D’armas I.
De acordo com familiares, Marcos frequentava a academia há pelo menos dois meses. Ele nunca havia tido contato com qualquer tipo de luta e não possuía histórico de problemas de saúde.
Durante a aula, ele teria recebido um golpe conhecido como katagatame. O movimento, um estrangulamento característico do jiu-jitsu e do judô, ocorre quando o lutador passa o braço por baixo do pescoço do oponente.
Segundo a esposa de Marcos, Núbia Vilarindo, 37, o marido teria acenado para que o colega interrompesse o golpe, batendo no tatame. No entanto, ao se levantar, começou a passar mal.
“Me ligaram para ir até a academia e, quando cheguei lá, meu marido estava no chão, inconsciente e sem conseguir falar. Disseram que era normal que o aluno passasse mal depois de receber o golpe”, disse ao Metrópoles.
Núbia relatou que o professor acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Marcos foi encaminhado ao Hospital Regional de Planaltina (HRP) e, posteriormente, transferido ao HBDF. “Acho que o primeiro médico já havia notado que ele estava mal e dava sinais de um AVC [acidente vascular cerebral].”
AVC
O motorista chegou ao Hospital de Base ainda na noite de 26 de junho. Na unidade pública de saúde, sofreu o primeiro AVC e precisou ser submetido a procedimento cirúrgico durante a madrugada para remoção de um trombo cerebral – um tipo de coágulo formado na região.
Três dias depois, no domingo (30/06/2019), sofreu o segundo acidente vascular cerebral, levando os médicos a induzir o coma. Nesta quinta-feira (04/07/2019), passou por tomografia para avaliar o nível de inchaço do cérebro.
Para a família do motorista, houve negligência por parte da academia. “O rapaz que lutou com ele está na academia há três anos. Meu marido é forte e alto, mas não tem técnica. Pelo tempo de academia, não sei se é correto um aluno novato receber esse golpe. Não sei se o professor estava acompanhando. Disseram que não tinha batido no tatame, mas depois voltaram atrás.”
A mulher e a filha do motorista, de 14 anos, vivem dias de angústia aguardando a recuperação de Marcos. “Não sei se quem aplicou o golpe agiu de má-fé. A única coisa que sei é que o meu marido está em coma no hospital e não sei como ele vai voltar pra mim”, lamentou a esposa.
Caso é investigado
Após o fato, um boletim de ocorrência foi registrado na 16ª Delegacia de Polícia (Planaltina), que investiga o ocorrido. Segundo Diogo Cavalcanti, delegado-chefe, o aluno responsável pela aplicação do golpe e o professor de jiu-jitsu estiveram na delegacia para prestar depoimento.
“Até agora, a única versão que temos é de que a vítima estava na aula e receberia o golpe para, posteriormente, aplicá-lo no colega. No momento que recebeu o katagatame, bateu no tatame e o colega o soltou. Quando se levantou, o professor teria percebido que Marcos estava sem reação e, segundo nos contou, deu início aos primeiros socorros”, explicou o policial.
A reportagem tentou entrar em contato com a academia Charles Gracie pelos telefones disponibilizados na rede social, mas não obteve retorno até a última atualização desta matéria.
Outro caso
Na última terça-feira (02/07/2019), um praticante de judô morreu enquanto treinava após sofrer uma parada cardiorrespiratória. Júnior Juvenal da Silva, 29 anos, praticava o esporte em um tatame que funciona em uma igreja na QE 38 do Guará II, quando sofreu o ataque.
O jovem tinha histórico de cardiopatias e, segundo o professor do lutador, sentiu-se mal após meia hora de treino, quando saiu andando do tatame e caiu no corredor.
O Corpo de Bombeiros foi acionado e enviou nove militares para atender o rapaz, incluindo a equipe do socorro aéreo. Eles tentaram restabelecer os sinais vitais por 42 minutos, procedendo manobras de reanimação cardiopulmonar. Júnior não respondeu e teve o óbito confirmado no local pelo médico que acompanhava a equipe.