metropoles.com

Homem agride e mantém ex em cárcere, é preso, mas solto em audiência

Juiz argumentou que o deferimento das medidas protetivas seria suficiente para proteger vítima de novas agressões do ex-companheiro

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Arte/Metrópoles
Imagem de apartamentos apagados e um com luz acesa em que homem bate na mulher
1 de 1 Imagem de apartamentos apagados e um com luz acesa em que homem bate na mulher - Foto: Arte/Metrópoles

Há exatamente uma semana, na noite da última terça-feira (22/10), Marina*, de 24 anos, foi vítima de mais um episódio de violência doméstica. Ela teve a casa em que mora, no Recanto das Emas, invadida pelo ex-companheiro, de 32 anos, e, posteriormente, foi mantida em cárcere privado dentro do veículo do agressor.

O resgate só aconteceu após ela conseguir compartilhar a sua localização em tempo real, por meio de um aplicativo de mensagens, com uma amiga que acionou a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) para socorrê-la.

O nome do agressor não será divulgado para preservar a identidade da vítima.

Segundo a PMDF, o homem invadiu a casa da ex, na Quadra 604 do Recanto das Emas, e passou a agredi-la. Em seguida, a jovem teria sido forçada a entrar em um Ford Fusion pelo ex.

Por volta de 1h30 da madrugada de quarta-feira (23/10), uma equipe do Gtop 29 localizou o veículo e o interceptou na Quadra 15 do Setor Sul, no Gama.

O homem não resistiu à abordagem e foi preso em flagrante. A ocorrência foi registrada na 20ª Delegacia de Polícia (Gama). O detido foi autuado por violência doméstica, injúria, ameaça, lesão corporal e cárcere privado.

No entanto, o alívio da vítima por ser resgatada com vida e a sensação de segurança duraram apenas um dia. Na quinta-feira (24/10), o agressor foi solto após passar pela audiência de custódia.

Na ata da audiência de custódia, no qual a reportagem teve acesso, consta que o promotor de Justiça se manifestou favorável em converter a prisão do homem em preventiva.

Por sua vez, o juiz de direito afirmou que não houve ilegalidade na prisão em flagrante. Todavia, ele entendeu que também não havia evidências de que o custodiado planejava evitar a aplicação da lei penal ou perturbar a instrução criminal e a ordem pública.

Por isso, a prisão do agressor antes da decisão final da sentença, não era justificada. “Os fatos ocorreram em contexto de violência doméstica, o que sugere que o deferimento das medidas protetivas será suficiente para acautelar a vítima”, decidiu o magistrado.

Diante dessa análise, o juiz concedeu liberdade provisória ao ex-companheiro da vítima, sem pagamento de fiança.

O magistrado também decretou Medidas Protetivas de Urgência para a mulher. Dentre elas, a proibição do homem de se aproximar da ofendida, a menos de 500 metros; proibição de contato por qualquer meio de comunicação; e inclusão da vítima no programa de proteção Viva Flor.

“Não fecho os olhos por medo”

Marina* e o ex-companheiro tiveram um relacionamento que durou cerca de cinco anos. A relação foi marcada por episódios de ciúmes, ameaça e agressões.

O primeiro episódio de violência física aconteceu ainda na lua de mel do casal, quando ele a agrediu após um desentendimento, no início de 2022. À época, vizinhos acionaram a polícia, que os conduziram à delegacia para esclarecer os fatos.

A mulher teve medidas protetivas concedidas, porém alguns meses depois do caso, familiares e um pastor pediram que ela retirasse o pedido. O casal, então, decidiu reatar.

“Eu era totalmente dependente dele. Ele me proibiu de ter um emprego por conta de ciúmes excessivo, e eu não podia sair de casa sem que fosse acompanhada por ele. Também me afastou dos meus amigos e familiares”, relembra a vítima.

Poucos meses depois, a mulher sofreu mais uma vez com o comportamento agressivo do homem. “Descobri que ele estava me traindo. Quando fui questioná-lo sobre a infidelidade, ele quebrou um box de vidro em cima de mim. Mais uma vez, fiquei muito machucada”, conta.

Nessa ocasião, uma amiga ajudou-a a denunciar o caso. Novamente, a Justiça concedeu medidas protetivas à vítima. “Rompemos de novo a relação, mas após um acordo com um advogado dele, retirei as medidas. Poucos meses depois, reatamos”, diz.

Neste ano, a mulher decidiu terminar de vez o casamento, e deu entrada no divórcio. O rompimento, no entanto, não agradou o ex-companheiro.

“Eu fiquei com a casa em que morávamos, mas ele quis levar meus pertences e móveis, para me deixar sem nada. Resolvi passar um mês na residência da minha avó, até a poeira abaixar. Só queria reconstruir minha vida”, detalha.

Na noite de terça-feira passada (22/10), quando ela decidiu retornar para a antiga casa, as perseguições por parte do ex voltaram. “Ele pulou o portão, invadiu a casa e começou a gritar comigo, disse que eu estava traindo ele e que, por causa disso, ele ia me mostrar como era o fim de uma rapariga, e que aquela seria minha última madrugada viva”, fala.

Segundo relato dela, o homem a agrediu fisicamente e a forçou a entrar no carro dele. “Ele me machucou bastante. A todo tempo em que estávamos dentro do veículo, ele me ameaçava também. Temi pela minha vida”.

Após ser resgatada pela polícia e ver o homem ser preso, a mulher achou que o pesadelo teria fim. No entanto, foi surpreendida no dia seguinte ao saber que o ex já estava solto novamente.

“A promessa dele quando foi preso é de que sairia da cadeia e terminaria o que começou. Eu estou em pânico. Ele me torturou, me espancou e me jurou de morte. E agora está solto como se nada tivesse acontecido. Eu não consigo me mexer de dor e não fecho os olhos por medo”, desabafa.

O que diz o MPDFT

Depois da audiência de custódia, os processos são enviados para as promotorias que acompanharão o caso até o final. Atualmente, o caso é acompanhado pela Promotoria de Violência Doméstica do Gama.

“O Ministério Público, ainda na audiência de custódia, manifestou-se pela prisão preventiva do envolvido. Embora o pedido não tenha sido aceito, a vítima recebeu medidas protetivas que, se descumpridas, podem levar à prisão do autor. Ela também foi incluída no programa Viva Flor, que atende mulheres em situação de risco extremo de violência doméstica e familiar. Também há pedido de inclusão do acompanhamento da vítima pela equipe do Provid-PMDF pendente de apreciação judicial. O Ministério Público acompanha o inquérito, que ainda está em fase de investigação”, destacou o MPDFT.

O que diz o TJDFT

Por meio de nota, o TJDFT disse que não pode tecer comentários sobre processos, conforme dispõe a Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman). “Assim, os argumentos para a decisão são os que constam nela”, frisou.

(*) nome fíctício 

 

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?