Guerreiras da Covid. Conheça mulheres que combatem a pandemia no DF
Em homenagem ao Dia da Mulher, o Metrópoles reuniu algumas histórias de profissionais da saúde que atuaram no enfrentamento da Covid no DF
atualizado
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“Ao longo da pandemia da Covid-19, os pacientes ficaram muito isolados, sozinhos. Neste momento, é importante ter alguém junto, que te acolha com um olhar carinhoso.” É dessa forma que a coordenadora médica do Hospital Alvorada de Brasília, Renata Torin, 36 anos, descreve o tipo de cuidado que teve e ainda tem com seus pacientes.
Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a reportagem do Metrópoles decidiu homenagear as profissionais da saúde que abdicaram da própria vida diante dos desafios e surpresas deste período para cuidar de tantas outras pessoas em situação delicada.
Em meados de abril de 2020, Renata conta ter realizado os primeiros atendimentos relacionados ao novo coronavírus. Meses depois, em julho do mesmo ano, contraiu o vírus e ficou internada no local, mas como teve sintomas leves não precisou receber atendimento em leito da unidade de terapia intensiva (UTI). Este era o início da atuação na linha de frente como coordenadora.
“[Mesmo depois da infecção], me privava de encontrar amigos mais próximos. Como médica, a gente conseguia manter o trabalho, por necessidade e por obrigação”, ressalta. A entrega, no entanto, tem seu preço.
“Foi bem pesado, um custo emocional bem grande. Na fase inicial tem a questão de ter o paciente em sua mão e não saber se o tratamento será efetivo ou não. É ter a preocupação de acolher de maneira adequada todos eles, mesmo diante de um cenário de escassez de insumos”, pondera.
“Deixou uma marca psicológica, e todo mundo foi afetado. Mesmo respirando fundo, fingindo que está tudo bem, tivemos o nosso custo por tudo isso que aconteceu”, aponta.
Diante das novas liberações e da queda das taxas de transmissão, a médica descreve tal cenário como muito “reconfortante” ver que conseguiu ajudar de maneira positiva durante um período difícil como este.
“Éramos mães, tias”
Quem acompanhou de perto o impacto das transformações causadas pela pandemia da Covid-19 foi a pediatra Jaqueline Iannaccone. A médica atende na UTI Neonatal do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) e na clínica Nascer Brasília. Ela conta que o início da pandemia foi o mais desafiador.
“A gente tinha um pouco de receio ao entrar [na sala de parto], porque não sabia o que encontraria lá dentro. Com o tempo, fomos nos adaptando”, explica. Ao voltar para casa, ela descarregava todas as emoções. “Eu desabava de cansaço. Eram medos, anseios e choros que ninguém via. Tentava estar presente para os pacientes e manter um padrão forte para os meus filhos.”
Papel da saúde na prática
No cargo de diretora da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS) desde julho de 2020, Marta David Rocha de Moura assumiu o posto no momento em que os estudantes de medicina organizavam-se para voltar às atividades práticas no semestre seguinte ─ retorno que não ocorreu. “Foi um período bem desafiador. A gente não fazia ideia de que a vacina existiria”, conta.
Com o desafio de aliar as atividades práticas e preservar a saúde dos estudantes, Marta explica ter feito uma programação a fim de manter o ensino em dia. Além de seguir as diretrizes do Ministério da Saúde, fez questão de “brigar” com a Secretaria de Saúde para que os alunos da unidade fossem vacinados como prioridade. “Nunca a Saúde foi tão impactada e teve sua missão tão exposta de forma nua e crua. A gente teve de preparar nossos estudantes para enfrentar isso e entender a limitação da assistência.”
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