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Grupo planeja protesto contra violência sofrida por autista no DF

Ato ocorre em protesto contra violência sofrida por jovem autista, em Águas Claras. Polícia investiga caso como de tentativa de homicídio

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1 de 1 Foto-menino-autista-que-perdeu-o-olho-em-agressão - Foto: Material cedido ao Metrópoles

Autistas, amigos e familiares de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) planejam um ato contra a violência praticada contra um jovem de 22 anos, brutalmente espancado por quatro adolescentes no Parque de Águas Claras.

O caso ocorreu durante uma partida de futebol, na segunda-feira (2/1). Dois dias depois, a 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul) passou a investigar o caso como tentativa de homicídio.

O ato é organizado pelas entidades da sociedade civil que atua com Autistas e com pessoas com deficiência (PcD), incluindo a Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Autismo, da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF). O protesto ocorre às 10h deste sábado (7/1), no Parque Ecológico de Águas Claras, perto das quadras de esporte.

Presidente da comissão da OAB-DF, Edilson Barbosa não considera a sociedade preparada para receber autistas. “Recebemos essa notícia com muita tristeza e muito medo. Sou pai de dois autistas. A gente se coloca no lugar [dos pais da vítima]. Já pensou [ver] seu filho interagir com a sociedade e passar por isso? Chutar uma pessoa e deixá-la cega é muita desumanidade. Nós, pais, ficamos muito assustados quando eles [os filhos autistas] vão para a vida”, desabafa o advogado.

Celeridade na apuração

Nesta quinta-feira (5/1), a comissão enviou um ofício ao delegado-geral da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Robson Cândido, com um pedido de visita à 21ª DP, na próxima sexta-feira (6/1). A reunião visa cobrar celeridade na investigação do crime.

Em nota divulgada nesta quinta (5), a OAB-DF cobrou do Governo do DF (GDF) “uma ampla campanha educacional e de conscientização sobre as condições de pessoas diagnosticadas com autismo, em parceria com as entidades da sociedade civil”. O objetivo da campanha é promover o respeito, a empatia, a superação de preconceitos e, também, o combate ao racismo, de acordo com a Lei Federal nº 12.764/2012 (Lei Berenice Piana); a Lei Distrital nº 4.568/2011 (Lei Fernando Cotta); a Lei Federal nº 13.146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão) e a Lei n 12.288/2010 (Estatuto da Igualdade Racial).

O crime

A vítima estava com o irmão mais novo, de 10 anos, no Parque de Águas Claras, quando ambos decidiram jogar futebol com um grupo de meninos que estava em uma quadra de esportes. Após uma discussão durante a partida, os agressores seguraram os dois irmãos e começaram a bater neles com socos e chutes.

Um vigilante do parque, que preferiu não se identificar, contou ao Metrópoles que, enquanto os meninos brigavam, um deles usou um objeto perfurante para ferir o olho do jovem com TEA.

“Os meninos que estavam na quadra começaram a provocar os irmãos. Chamaram de ‘pretos’, ‘macacos’, ‘veados’ e ‘safados’. Também estavam fumando cigarro e ficaram assoprando na cara do [jovem] autista. Violência sem tamanho. Eu separei a briga depois que um deles pegou um pedaço de pau, jurando que ia matar o outro”, detalhou a testemunha.

Após as agressões, o grupo de adolescentes fugiu do local, e o vigilante do parque acionou o Corpo de Bombeiros para atender os irmãos na quadra.

O mais velho foi levado para o Hospital de Base, com um ferimento grave no olho. Thamires Gonçalves, 28, prima da vítima, contou que o jovem “teve de retirar uma parte do globo ocular”, devido à profundidade do corte e à impossibilidade de restauração do órgão.

“Toda hora, ele [a vítima] fala para a gente parar de chorar, dizendo que é só passar um colírio no olho, que vai resolver. Meu primo mais novo está em choque e triste, por não ter conseguido proteger o irmão. Apesar de ser mais novo, ele cuida muito do outro”, contou a prima do jovem com TEA.

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