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Grileiros esperavam lucrar R$ 80 mi com venda de terras públicas no DF

Operação Generous da PCDF investiga grupo criminoso que invade e vende os lotes no Distrito Federal. O bando já havia faturado R$ 2 milhões

atualizado

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Reprodução/PCDF
1 de 1 - Foto: Reprodução/PCDF

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deflagrou, nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira (12/06/2019), a Operação Generous para desarticular uma organização criminosa especializada em invasão, grilagem e venda de terras públicas. Segundo as investigações da Delegacia do Meio Ambiente (Dema), o grupo já havia faturado pelo menos R$ 2 milhões com o esquema. No entanto, o bando esperava lucrar R$ 80 milhões com o parcelamento irregular dos lotes em uma área total de 93 hectares.

De acordo com as apurações, a quadrilha chegava a forjar documentos, como termos de cessão de uso, e registrava a fraude em cartórios do Distrito Federal. Com o golpe, os suspeitos promoviam a venda do mesmo lote para dezenas de vítimas. Um dos terrenos chegou a ser comercializado pelo menos 40 vezes. A PCDF conseguiu mapear as funções do grupo criminoso, no qual os investigados tinham funções determinadas, como o de responsável pelos boletos de cobrança, uma vez que os lotes eram vendidos de forma parcelada.

Outros membros tinham como função publicar e atualizar os anúncios de venda de terrenos. Havia ainda pessoas designadas pela organização criminosa que deveriam levantar o máximo possível de informações sobre ações de órgãos fiscalizadores. Antes da operação policial, a quadrilha planejava ampliar os tentáculos do esquema ocupando outras áreas irregulares, como uma chácara do Park Way.

Prisões

Os investigadores da Dema cumpriram 11 mandados de prisão preventiva e 14 de busca e apreensão. As apurações apontam para a participação de servidores públicos, que repassavam informações sobre operações de combate às invasões e construções irregulares. Isso permitia que os criminosos se articulassem na tentativa de impedir as derrubadas promovidas desde o inicio do ano.

Os investigadores cumpriram mandado de busca no gabinete da deputada distrital Telma Rufino (Pros), na Câmara Legislativa. O alvo da ação foi o assessor de gabinete Rogério Barbosa Carneiro. Os policiais apreenderam a folha de ponto do servidor. O Metrópoles apurou que a operação não investiga nenhum parlamentar, apenas assessores. Carneiro, segundo a PCDF, tinha acesso a informações privilegiadas que antecipavam as ações de derrubadas promovidas pelo DF Legal.

Na tarde desta  quarta, Telma Rufino decidiu exonerar Rogério Carneiro. “Acerca da operação realizada, cumpre-nos esclarecer que não existe qualquer vínculo com a atividade parlamentar da deputada distrital. A ação é de caráter pessoal, direcionada a um servidor específico, que já está sendo exonerado para que a Justiça cumpra seu papel de julgar”, disse a assessoria da parlamentar.

Hierarquia

As investigações feitas no âmbito da Operação Generous identificaram que o grupo fazia o parcelamento irregular do solo em diversas localidades do Distrito Federal e, atualmente, agia na região da Granja Modelo, no Riacho Fundo I.

Os líderes da quadrilha apresentavam-se como proprietários das terras que, na realidade, são públicas e pertencem à Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap). “Os lotes estão inseridos em uma importante área de preservação ambiental destinada à garantia da diversidade biológica da fauna e da flora locais, bem como à preservação da qualidade dos recursos hídricos disponíveis”, explicou a delegada adjunta da Dema, Mariana Almeida.

Extorsão

De acordo com as apurações, alguns membros da organização criminosa eram incumbidos de elaborar documentos falsos com intuito de conferir aparente legalidade às vendas de lotes. Outros ficavam responsáveis pela demarcação de terrenos, realização de edificações e vendas dos lotes.

Ainda segundo os investigadores, os suspeitos cometeram crimes de extorsão e ameaça contra pessoas que se sentiram lesadas com a negociação de lotes na região. Os acusados respondem por associação criminosa, parcelamento irregular do solo, dano ambiental, falsificação de documentos, extorsão e ameaça.

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