Greve dos caminhoneiros afeta abastecimento de gás, álcool e aviões
Além disso, os Correios anunciaram que serviços, como o de Sedex, estão suspensos devido ao movimento iniciado na segunda (21)
atualizado
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O Distrito Federal está desabastecido de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), utilizado na cozinha, por causa da greve dos caminhoneiros. A paralisação nacional chega ao terceiro dia nesta quarta-feira (23/5) e compromete outros serviços, como os de aviação, correios, venda de combustíveis automotivos, além dos comércios atacadista e varejista.
A Inframerica, administradora do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, informa que a reserva de Querosene de Aviação (QAV), combustível das aeronaves, é suficiente apenas até o fim desta tarde. Ainda conforme pontuou a concessionária, a frota de caminhões responsável por trazer o QAV para o terminal está retida no Entorno do DF.
As companhias aéreas têm orientações para abastecerem o mínimo possível no aeroporto de Brasília. De acordo com a Inframerica, não há atrasos ou cancelamentos decorrentes da restrição de combustível.O presidente do Sindicato das Empresas Transportadoras e Revendedoras de GLP (Sindvargas-DF), Sérgio Costa, afirma que o protesto dos caminhoneiros afeta os 570 revendedores do DF. Porém, os consumidores ainda não sentem os efeitos da paralisação.
“Os clientes ainda não sofrem as consequências por causa da reserva. Mas isso não deve durar muito tempo, pois os estoques podem acabar amanhã (quinta)”, afirma. Além disso, a distribuição no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) está paralisada: nenhum caminhão entra ou sai com combustíveis.
Na terça (22), conforme acrescentou Costa, os revendedores receberam o gás. O produto chega ao DF, principalmente, de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Mas, nesta quarta, o abastecimento não ocorreu e isso preocupa o setor. O presidente do Sindvargas diz também que não há como prever variação nos preços caso a escassez se agrave nos próximos dias.
Comércio
Com base em informação do Sindicato do Comércio Atacadista do DF (Sindiatacadista-DF), cerca de 20 representantes do setor tiveram prejuízo por causa do protesto. Maior parte deles distribui mercadorias perecíveis, como alimentos e bebidas, e medicamentos, produtos que abastecem o setor varejista.
Segundo o sindicato, um dos empresários, por exemplo, estima perda de R$ 60 mil em mercadorias. Ele distribui sucos de frutas. Outro proprietário, transportador de feijão, tem carga retida nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
O setor de varejo também sente os efeitos da paralisação. De acordo com o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) e vice-presidente da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), José Carlos Magalhães Pinto, os transportadores não estão conseguindo entregar as mercadorias na ponta devido aos bloqueios.
Conforme informaram alguns fornecedores, por volta das 11h desta quarta-feira (23), apenas no Rio de Janeiro 17 rodovias estavam fechadas. Em Goiás, eram 12 das 19, e em Minas Gerais, 9 de 39. “Isso compromete o nome das empresas, que não podem cumprir o seu compromisso com o consumidor. Se a questão se estender, não descartamos a possibilidade de acionar a Justiça, para garantir o direito de ir e vir”, disse.
Combustíveis
Além dos comerciantes atacadistas, empresários do setor de combustíveis automotivos do DF têm estoques zerados. Postos das asas Sul e Norte da Rede Jarjour não possuem mais etanol. A gasolina só não acabou porque a empresa reteve reserva por causa do Dia da Liberdade de Impostos (DLI): nesta quinta-feira (24), o combustível será revendido a R$ 2,98 no DF.
No posto da Rede Jarjour em Taguatinga, há 10 mil litros de álcool. Os dirigentes da empresa não sabem estimar, porém, até quando esse estoque vai durar.
Correspondências
Há serviços públicos também prejudicados. Por meio de nota, os Correios afirmaram que os pedidos com dia e hora marcados (Sedex 10, 12 e Hoje) ficarão suspensos até segunda ordem. Outros, como cartas comuns, PAC e Sedex, continuam funcionando, mas com maior prazo de entrega. A normalização só ocorrerá quando finalizarem os protestos. A instituição garantiu reforçar as operações quando os caminhoneiros voltarem ao trabalho, no intuito de acelerar a regularização das entregas.
Protesto
Milhares de motoristas de caminhão protestam em todas as regiões do Brasil contra o preço dos combustíveis no país. Mesmo em meio às manifestações, a Petrobras anunciou nessa segunda (21) reajuste na gasolina e no diesel de 0,9% e 0,97%, respectivamente.
Esse é o 11º aumento nos últimos 17 dias para a gasolina e o 7º consecutivo do diesel. Desde que começou a adotar a política de reajustes diários dos preços dos derivados de petróleo, em 3 de julho do ano passado, a Petrobras já elevou o valor do óleo diesel em suas refinarias 121 vezes (38 só neste ano), isto é, alta de 56,5%, segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). Em pouco mais de 10 meses, o litro do produto passou de R$ 1,5006 para R$ 2,3488.
De acordo com a estatal, “os combustíveis derivados de petróleo são commodities e têm seus preços atrelados aos mercados internacionais, cujas cotações variam diariamente, para cima e para baixo”. Ao longo de maio, o preço da gasolina subiu 16,07%. O do diesel acumula alta no mês de 12,3%.
Reunião
O governo federal convocou, para as 14h desta quarta (23), na Casa Civil, reunião a fim de discutir os pleitos dos motoristas. Os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Valter Casimiro Silveira (Transportes) e Carlos Marun (Secretaria de Governo) vão conversar com os presidentes da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e da Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam).
Na terça (22), mesmo após a confirmação da redução na alíquota da Cide sobre os combustíveis, anunciada inicialmente pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente da Abcam, José da Fonseca Lopes, pediu a continuidade da agenda de protestos pelo Brasil, até que houvesse “um posicionamento efetivo do governo”, disse a associação em nota.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), no DF, por volta das 11h desta quarta, havia pelo menos nove pontos de protestos nas estradas que cortam a capital.
(Com informações das agências Brasil e Estado)