“Grande injustiça”, desabafa pai de autista sobre despejo de ONG no DF
Movimento contra o fechamento de projeto social de apoio para adultos e jovens com autismo ganha apoio de mais políticos
atualizado
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Famílias e voluntários continuam a lutar contra o despejo e fechamento da Associação dos Amigos dos Autistas do Distrito Federal (AMA-DF). “Nós estamos passando por uma grande injustiça”, pontuou o comerciário, Anilton dos Reis Silva, de 48 anos, pai de Patrick Batista Reis Silva, 24, diagnosticado com autismo moderado e severo.
O desabafo foi divulgado em vídeo postado nas redes sociais. O projeto social oferece amparo e educação para jovens e adultos autistas em um imóvel da Secretaria de Saúde, localizado no Riacho Fundo. No entanto, a pasta decidiu despejar a AMA a fim de utilizar o espaço para outra finalidade.
“A AMA para gente é uma segunda casa”, resumiu Anilton. O projeto mudou a vida da família residente em Samambaia. Antes do filho entrar na associação, o comerciário não conseguia trabalhar, pois toda vez que saia para o serviço, o rapaz sofria fortes crises, incluindo episódios de agressividade.
“A partir do trabalho a AMA, Patrick ficou mais sociável, mais independente, passou a escovar os dentes sozinho. Trouxe alívio para gente. O nervosíssimo dele passava para mim, para minha esposa, para a família. Perdíamos o controle. A AMA jamais pode ser extinta”, relembrou Anilton.
Segundo o comerciário, a decisão de despejo é fruto da falta de sensibilidade dos gestores públicos. “Faltam palavras. É desumano. Ocupamos 300 metros quadrados em uma área de um milhão de metros quadrados. Mas estamos lutando. Não vamos jogar a toalha”, cravou.
Ofício de distritais
Conforme a coluna Janela Indiscreta mostrou, o vice-presidente da Câmara Legislativa do DF (CLDF), deputado Rodrigo Delmasso (Republicanos), enviou ofício para o governo solicitando a suspensão da ordem de despejo. O documento foi enviado para o governador Ibaneis Rocha (MDB).
Segundo a presidente da AMA, Gisele Montenegro, mais parlamentares começaram um movimento de defesa do projeto. “Recebemos manifestações de apoio de Robério Negreiros (PSD), Leandro Grass (PV) e Cláudio Abrantes (PDT)”, contou. Além disso, o governo federal também entrou em contato com a associação.
Na quinta-feira (10/2), está prevista uma reunião entre representantes da AMA e a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa (CLDF), coordenada pelo deputado Fábio Felix (PSol).
Desde 2018, na gestão do ex-governador Rodrigo Rollemberg (PSB), a Secretaria de Saúde ameaça retirar a associação do endereço. Em janeiro de 2022, a ordem de despejo foi emitida. Caso não consiga reverter a situação, o trabalho deve ser encerrado em 25 de fevereiro.
Para a associação, o despejo está em rota de colisão contra a Lei Distrital nº4.568, de 2011, e a Lei Federal nº 12.764, de 2012, que garantem aos autistas o direito de receber atividades multifuncionais em tempo integral.