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Governo de transição estuda usar Centrad para abrigar universidade

Com alto custo para transferir a burocracia do Plano Piloto para Taguatinga, gestão de Ibaneis pode fazer uso misto do espaço

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
Centrad ed
1 de 1 Centrad ed - Foto: Michael Melo/Metrópoles

A equipe de transição do governador eleito Ibaneis Rocha (MDB) fez uma visita técnica ao Centro Administrativo (Centrad), em Taguatinga. Os futuros secretários de Fazenda, André Clemente, e de Obras e Desenvolvimento, Izídio Santos Júnior, foram ao local na manhã desta terça-feira (27/11).

O grupo estuda a possibilidade de transferir a sede do governo para o empreendimento, construído entre as gestões de José Roberto Arruda (PR) e Agnelo Queiroz (PT) justamente para essa finalidade. Como o Metrópoles mostrou em reportagem publicada no dia 11 de novembro, existem, atualmente, pelo menos 60 processos envolvendo o Centrad. As ações discutem questões que vão desde o alvará do prédio e indícios de fraude no nascedouro do acordo até a ausência de documentos primários para colocar o complexo em operação.

Orçada em R$ 660 milhões, a obra executada pelo consórcio formado por Via Engenharia e Odebrecht custou cerca de R$ 1 bilhão e acabou inaugurada no apagar das luzes do governo de Agnelo Queiroz (PT). No entanto, jamais chegou a funcionar, por apresentar uma série de irregularidades apontadas pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas locais – o que só se agravou após a delação premiada do alto escalão da Odebrecht na Lava Jato.

Além do emaranhado jurídico, a transferência da burocracia do Plano Piloto para Taguatinga custaria três vezes mais do que o GDF paga atualmente em aluguéis para abrigar os servidores. Apesar das circunstâncias desfavoráveis, a gestão de Ibaneis demonstrou, em um primeiro momento, interesse em dar continuação ao projeto de Arruda e Agnelo em parceria com a Odebrecht e a Via Engenharia.

Nos primeiros dias da transição, o governador eleito esteve na Caixa Econômica Federal e chegou a tratar com o presidente da instituição, Nelson Antônio de Souza, a disposição de quitar empréstimo de R$ 1,3 bilhão para dar sequência à realização do contrato com o consórcio.

Universidade
Em um primeiro momento, chegou-se a falar na transferência para o Centrad até março do ano que vem. Nesta manhã, no entanto, os secretários que vão integrar a cúpula do governo retomaram uma ideia aventada durante a campanha, de aproveitar o espaço não somente para acomodar os servidores do Executivo, mas como endereço, por exemplo, de uma universidade.

Segundo André Clemente, a ida ao Centrad nesta terça (27) foi justamente para coletar informações técnicas que poderão orientar o governo. “Há questões jurídicas e econômicas mas também físicas, que precisam ser analisadas e estudadas. É necessário enfrentar a questão, e o DF não pode fechar os olhos para esse problema”, comentou o futuro secretário de Fazenda.

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Complexo está abandonado desde a inauguração
Obra foi “inaugurada” no último dia da gestão Agnelo, em 31 de dezembro de 2014
Desde então, nada foi feito do enorme complexo
Equipe de transição de Ibaneis
Enquanto isso, a estrutura se deteriora
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O Centrad por dentro

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Obra foi “inaugurada” no último dia da gestão Agnelo, em 31 de dezembro de 2014

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Desde então, nada foi feito do enorme complexo

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Enquanto isso, a estrutura se deteriora

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Na última quarta-feira (21), Ibaneis reuniu-se com a diretoria da Caixa e pediu uma avaliação do imóvel. “Para quando chegarmos ao Ministério Público e ao Poder Judiciário termos todas as possibilidades. Estamos trabalhando a compra do local porque lá dentro vamos conseguir fazer o que é melhor para o DF”, afirmou o emedebista, na ocasião.

Com R$ 1,3 bilhão que o GDF calcula repassar para a Caixa, daria para construir, por exemplo, 1 mil creches, ao custo de R$ 1,3 milhão cada. Além disso, poderiam ser disponibilizados para a população cerca de 215 hospitais públicos, com áreas de até 2,4 mil metros quadrados a um custo unitário de R$ 6 milhões.

Matematicamente, pelas informações disponibilizadas pelo próprio GDF, o Centrad se apresenta como uma alternativa onerosa para abrigar 13 mil dos 130 mil servidores locais. Ocupar o complexo custaria R$ 276 milhões por ano, o que significa R$ 194 milhões a mais do que o dispêndio atual do GDF com aluguéis, segundo dados oficiais obtidos pelo Metrópoles.

De acordo com a Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag), o gasto anual com locação de espaços para acomodar secretarias, direções e outros órgãos é de R$ 82 milhões. Esse dinheiro é destinado a abrigar os 130 mil servidores locais.

Do total que seria desembolsado com a transferência, já estão computadas despesas com serviços de manutenção, limpeza e vigilância. Mas está excluído gasto com mobília, por exemplo, que vai ser usada no Centro Administrativo, e equipamentos eletrônicos. Sem contar as instalações de dados e voz, sem as quais essas máquinas não poderão ser usadas.

Clemente afirmou que é um compromisso do próximo governo resolver a questão do Centrad. “Se vamos ocupar ou não, vai depender das questões jurídicas e de fechar a conta. Há possibilidade de uso misto também, que seria o governo e uma universidade utilizando o mesmo espaço”, disse.

Foi cogitada ainda a possibilidade de o Centro virar um hospital, mas, tendo em vista os altos investimentos, a ideia acabou descartada. O futuro secretário de Obras avaliou que, apesar do passar do tempo, a estrutura continua “fantástica”, mas admitiu que é preciso fazer alguns investimentos. “A parte de energia atende, mas há alguns custos adicionais como mobiliário, TI [tecnologia da informação] e acabamento final da obra”, pontuou Izídio Júnior.

Visita
Também participaram da visita técnica o próximo diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF), Fauzi Nacfur, representantes da Terracap, Novacap e da concessionária da Via Engenharia e Odebrecht. Por dentro, o prédio inacabado dá sinais de desgaste. Além de empoeirado, está com janelas quebradas e infiltrações.

O Centrad não é o único elefante branco deixado pela gestão de Agnelo Queiroz (PT) e de Arruda. Pivô de um escândalo de corrupção, o Estádio Mané Garrincha é outra construção praticamente inoperante na capital do país.

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