Golpistas aterrorizam comerciantes de Águas Claras: “Fuzilar sua cara”
Comerciantes dizem que homem tem ligado para lojas em Águas Claras mandando funcionários entregarem dinheiro do caixa sob ameaça de matá-los
atualizado
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O 17° Batalhão de Polícia Militar do Distrito Federal, em Águas Claras, tem recebido uma série de denúncias nesta semana de comerciantes sobre um suposto golpe financeiro. As vítimas dizem que um homem liga para lojas mandando funcionários saírem do estabelecimento com todo o dinheiro do caixa. Caso contrário, criminosos entrariam no local e matariam os trabalhadores.
O gerente de um estabelecimento na Quadra 107 da região administrativa relatou ao Metrópoles ter sido ameaçado de morte na noite de quinta-feira (2/3), por volta das 21h15. “Falou que ia me matar com um fuzil se eu não saísse da loja com o dinheiro do caixa”, disse o homem, que não será identificado.
De acordo com o rapaz, de 25 anos, ele estava próximo de encerrar o expediente quando recebeu a ligação de um homem “alterado”. “Ele falou que estava na frente da loja e que eu tinha de sair com o dinheiro. Eu falei que não deixo nada no caixa. Aí ele, ele comentou: ‘Deixa, sim, que eu sei’. Falou que se eu não fosse lá fora, ele iria fuzilar minha cara”, conta.
Mesmo diante das ameaças, o gerente continuou conversando com a pessoa enquanto acionava a PM. “Teve um momento que ele mandou eu pegar meu celular e disse que estava vendo eu mexer no telefone. Mas eu não estava. Então, entendi que ele não me via e fui dando corda até a viatura chegar”, narra o trabalhador.
A vítima ainda conta que o suposto golpista teria pedido transferência via Pix, uma vez que o comerciante não sairia da loja com dinheiro em espécie. “Na minha opinião, ele fez isso para receber um Pix. Ameaçou e colocou pressão para conseguir a transferência”, avalia.
Outro caso na mesma noite
Cerca de uma hora depois, um estabelecimento na Avenida das Araucárias recebeu a mesma ligação. Conforme uma auxiliar de cozinha do local, um homem ligou e disse a uma funcionária que ela deveria levar o dinheiro para fora da loja.
“Ele mandou ela tirar o dinheiro do caixa e entregar lá fora, se não ele atirava. Só que ela ficou segurando na linha enquanto um dos donos ligou para o batalhão”, conta a jovem de 22 anos.
Conforme a funcionária, o bandido também pediu transferência via Pix. “A gente considera que seja trote, mas quando a PM chegou, o cara desligou. Então, imagino que poderia mesmo estar lá fora e tenha visto”, comenta.
“Os policiais disseram que isso está acontecendo nos comércios”, completa a auxiliar de cozinha.
Procurada, a PMDF disse que não tem recorte de quantas ocorrências deste modelo foram atendidas nesta semana no comércio de Águas Claras.
Crimes e penas
Conforme o Tribunal de Justiça do DF (TJDFT), o crime de estelionato exige quatro requisitos, obrigatórios para sua caracterização:
- obtenção de vantagem ilícita;
- causar prejuízo a outra pessoa;
- uso de meio de ardil, ou artimanha;
- enganar alguém ou a leva-lo a erro.
Caso a polícia entenda que os casos no comércio de Águas Claras tratam-se de estelionato, a pena para quem comete é de reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Já caso a situação seja trote, é importante ressaltar que tais ligações continuam com caráter ilegal. Apesar de o trote não ser uma conduta prevista de forma específica no Código Penal, dependendo da intenção, do conteúdo da ligação e das consequências daquilo, o caso pode ser enquadrado em algum crime ou contravenção.