Golpista toma R$ 30 mil de jogadores de futebol com deficiência no DF
Suspeita estaria se aproveitando da vulnerabilidade dos jovens para fazer empréstimos e cartões bancários com dados das vítimas
atualizado
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Alunos de uma escola não-governamental de educação física voltada para pessoas com deficiência denunciam que foram vítimas de um golpe. Segundo os jovens e seus familiares, há cerca de três meses, uma mulher vem aliciando os rapazes e se aproveitando do fato de serem PCDs para ludibriá-los e arrancar dinheiro deles. Familiares procuraram a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) para relatar o caso.
Segundo informações preliminares, a autora seria uma jovem de 23 anos. Ela teria conseguido adentrar o grupo de WhatsApp dos alunos e anotado os números dos rapazes para conversar com eles. Devido à incipiência das investigações, o Metrópoles opta, neste momento, por não revelar a identidade da suspeita. Vítimas e familiares também serão preservadas.
Os jovens praticam futebol no centro de treinamento duas vezes por dia. Foi o professor deles quem soube primeiramente dos golpes, porque vários alunos o procuraram para relatar que haviam sido abordados por uma garota. Ele, então, marcou uma reunião com as famílias na última quarta-feira (2/10) e revelou o caso aos responsáveis.
O Metrópoles falou com as famílias de três vítimas. Mas, segundo os envolvidos, dezenas de jovens teriam sido enganados pela suposta golpista.
A abordagem da mulher variava de aluno para aluno. A alguns, ela oferecia emprego e dizia que precisava de dados sensíveis para fazer um cadastro; para outros, chegava a falar que queria namorar com os rapazes para contar com a confiança deles.
Em vários casos, ela marcou reuniões presenciais com as vítimas para ter acesso ainda mais facilitado a dados pessoais.
A mãe de um rapaz de 27 anos conta à reportagem que a suspeita conseguiu fazer com que o filho fizesse dois empréstimos de 15 mil cada, em bancos diferentes. “Ela foi na casa dele, no Itapoã, foi até o banco, convenceu ele a fazer um cartão de crédito e um empréstimo, alegando que aquilo seria necessário para uma vaga de emprego e que devolveria o dinheiro posteriormente”, explica.
“Ela se aproveitou de que meu filho não conseguiu desconfiar de nada e pegou o celular dele para criar contas em bancos digitais, conseguindo transferir mais dinheiro para contas dela e fazer outro empréstimo de 15 mil reais”, afirma a mãe.
Em outro caso, o prejuízo foi menor, mas o modus operandi foi o mesmo. O aluno do Cetefe foi abordado pela suspeita, que marcou uma reunião em frente a um shopping no centro de Brasília, com a mesma falsa proposta de emprego.
“Chegando no shopping, ela me levou até uma agência e me induziu a criar um cartão. Com esse cartão feito, ela sacou dinheiro e fez compras, totalizando uns R$ 3 mil”, disse o rapaz de 30 anos.
Em um terceiro caso, um rapaz de 28 anos também foi abordado. Ele, porém, conseguiu desconfiar das mensagens recebidas e mostrar para a mãe antes de responder a suspeita. “Ele me trouxe o celular dele e disse: ‘Mamãe, tem uma moça pedindo para eu fazer um cadastro’. Eu disse: ‘Ah, filho, deleta que é golpe'”, relembra a mulher.
Chocada com a frieza dos golpes, a mãe lamenta o fato de a suspeita ter se aproveitado da vulnerabilidade de pessoas com deficiência. “Foi de uma maldade gigante. Esses meninos são super carentes, porque, às vezes, não têm uma inserção correta na sociedade. Alguns deles nunca namoraram”, lamenta.
“A nossa vida é tão desafiadora, nós abrimos de mão de tantas coisas para cuidar de nossos filhos… acabamos de passar pelo Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência e recebemos isso de presente.”