Ginecologista é interditado pelo CRM-DF após fotos de partes íntimas de pacientes
Mais de 50 mulheres formalizaram denúncia contra o médico Nicodemos Júnior Estanislau, que atua em Anápolis (GO)
atualizado
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O Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) decidiu, em sessão plenária na sexta-feira (1°/10), pela interdição cautelar do ginecologista Nicodemos Júnior Estanislau Morais, 41 anos, acusado de tirar foto das partes íntimas das pacientes em seu consultório, em Anápolis (GO).
Com a decisão, Nicodemos perde o direito de exercer, temporariamente, a medicina no Distrito Federal. Em nota, o CRM-DF explica que a interdição é uma maneira preventiva de o médico não causar mais prejuízos à população no desempenho das atividades.
“Ele ficará suspenso até a realização de um julgamento definitivo, que pode ocorrer em até seis meses e ser prorrogado por igual período”, finaliza.
O ginecologista é suspeito de violação sexual mediante fraude, quando o médico toca no paciente com intenção sexual. A conduta é tipificada no Código Penal como “ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, por meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima.”
O profissional foi preso preventivamente em setembro por suspeita de crimes sexuais, mas acabou solto por nova decisão judicial na segunda-feira (4/10).
Vítimas
Desde que Nicodemos foi preso, em 29 de setembro, 53 mulheres procuraram a Delegacia da Mulher de Anápolis para denunciar abusos sexuais que teriam sofrido enquanto pacientes do médico. Uma das vítimas disse que tinha 12 anos à época do crime.
Nicodemos tem uma condenação em primeira instância por importunação sexual, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF). O crime teria ocorrido em 2018, contra uma paciente de 18 anos, que procurou a delegacia no mesmo dia do abuso. A condenação de dois anos não previa prisão.
Vítimas relatam que, durante exames ginecológicos, o médico tentava manipular o clitóris, o órgão feminino relacionado ao prazer sexual. Isso teria ocorrido inclusive durante o exame pré-natal em grávidas.
Além dos encontros presenciais, o médico mandaria mensagens de cunho sexual para as pacientes. Ele indicaria, por exemplo, livros de conteúdo sexual em “tom de brincadeira”.
Defesa
A defesa de Nicodemos alega que o médico teria feito apenas procedimentos relacionados à especialidade de ginecologia e, em nenhum momento, teria sido feito qualquer tipo de procedimento médico com cunho sexual. O médico foi solto, mas cumpre medidas cautelares. Ele usa uma tornozeleira eletrônica, não pode exercer a profissão nem sair de Anápolis.
O advogado também afirma que várias pacientes de Nicodemos ligaram para familiares do médico, assustadas com a prisão, e se prontificaram a prestar depoimento em favor do ginecologista.