Genir: PCDF conclui novo inquérito e indicia Marinésio por feminicídio
Cozinheiro foi indiciado com qualificadora de asfixia e motivo fútil, além de ocultação de cadáver
atualizado
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A Polícia Civil do DF concluiu e relatou o inquérito que apurou o assassinato da diarista Genir Pereira de Sousa, 47 anos. Segundo a PCDF, ela foi vítima do cozinheiro Marinésio dos Santos Olinto, 41.
O autor, que também confessou ter matado Letícia Sousa Curado, 26, foi indiciado por feminicídio, com as qualificadora de asfixia e motivo fútil, além do crime de ocultação de cadáver.
O inquérito já foi remetido à Justiça pela 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá). Este é mais um indiciamento do maníaco, que ainda responderá pela morte de Letícia, apurada por investigadores da 31ª DP (Planaltina). Outros sete casos envolvendo supostas vítimas de Marinésio ainda estão sendo apurados.
Em 18 de setembro, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) denunciou Marinésio à Justiça por homicídio quintuplamente qualificado no caso de Letícia As qualificadoras incluem motivo torpe, porque a vítima se negou a manter relações sexuais; meio de execução (esganação); dissimulação, por fingir ser loteiro; feminicídio; e por ele tentar manipular a cena do crime para disfarçar tentativa de estupro.
O cozinheiro foi denunciado ainda por tentativa de estupro, ocultação de cadáver e pelo furto dos pertences de Letícia, uma vez que foram encontrados dentro do carro do assassino confesso fichário, celular e bens da vítima.
A denúncia de feminicídio será oferecida ao Tribunal do Júri de Planaltina. Apenas em relação à morte de Letícia, Marinésio pode pegar 46 anos de prisão, caso condenado, segundo estimativa do MPDFT.
Caso Genir
O inquérito tocado pela 6ª DP juntou provas materiais que atestam o padrão do cozinheiro no momento de abordar as mulheres. Investigadores conseguiram recuperar imagens registradas por câmeras de segurança do condomínio onde Genir trabalhava como diarista. O vídeo flagra o momento em que o cozinheiro surge dirigindo uma Blazer prata, exatamente às 7h50 da manhã.
O carro seguia na pista no sentido Paranoá. Às 7h54, o automóvel é filmado novamente, desta vez no sentido Planaltina. É naquele momento que Marinésio aborda Genir, que estava em uma parada de ônibus. Ela tinha como destino a cidade de Planaltina, onde morava. O corpo da trabalhadora foi encontrado em 12 de junho de 2019. A diarista estava desaparecida desde 2 de junho.
As imagens combinam com a confissão do cozinheiro, que afirmou ter se sentido atraído pela vítima, que vestia blusa e um short jeans. Para atrair Genir, ele se apresentou como motorista de lotação. Em seguida, teria tentado cometer o estupro. Pouco depois, matou a mulher por asfixia. O corpo dela foi deixado em uma área de pinheiros, parcialmente queimado, escondido sob folhas.
Veja o momento em que o carro de Marinésio passa onde Genir estava:
Marinésio admite, em depoimento, que matou Genir:
Outros casos
A 31ª DP também concluiu outros sete inquéritos que investigam o maníaco e os encaminhou à Justiça. O cozinheiro vai responder por seis estupros tentados e consumados, feminicídio, ocultação de cadáver e crimes agravados por qualificadoras, como motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima.
Entre os casos, está o da advogada e funcionária terceirizada do Ministério da Educação (MEC) Letícia Curado. De acordo com a PCDF, o laudo indicou que a vítima não foi estuprada. Alguns exames, porém, estão pendentes, como a dinâmica do crime.
Os policiais também querem saber o motivo pelo qual havia sêmen em um short de Marinésio. A peça foi apreendida na casa dele, em Planaltina, e era usada pelo maníaco no dia do crime. Os investigadores também recolheram na residência do acusado um par de chuteiras manchadas de sangue.
Entre as vítimas do maníaco, estão duas irmãs, de 21 e 18 anos. Elas foram abordadas na Rodoviária de Planaltina um dia depois do assassinato de Letícia Curado. O cozinheiro ofereceu carona para a dupla após buscar a própria filha numa festa realizada em um restaurante comunitário. O indiciamento, nesse caso, inclui estupro, pelo fato de Marinésio ter mandado a irmã mais velha pegar em suas partes íntimas.
Os inquéritos se referem às seguintes vítimas*:
Jovem de 19 anos — Foi atacada na Vila Vicentina, em Planaltina, em novembro de 2017. Teve o estupro consumado;
Mulher de 39 anos — Foi atacada em 2013, quando estava em uma parada de ônibus. Ela conseguiu escapar e, por isso, o maníaco não consumou o estupro;
Irmãs de 21 e 18 anos — Marinésio ofereceu carona para as duas irmãs na Rodoviária de Planaltina, um dia depois de matar Letícia, em 24 de agosto. Vai responder por estupro de uma delas;
Mulher de 24 anos — Foi atacada em 11 de agosto, às margens da DF-130, próximo ao Morro da Capelinha. Ela pulou do carro em movimento e conseguiu escapar. O estupro foi tentado;
Janaína Dias Lopes, 25 anos – Diz ter sido atacada pelo suspeito em 2015, próximo à parada de ônibus do Hospital Regional de Planaltina (HRP). O maníaco, segundo conta a vítima, usou uma faca para obrigá-la a entrar em seu carro. Ele teria dirigido até matagal nos arredores, onde tentou estuprá-la, além de ter enforcado a jovem. A vítima fingiu-se de morta para se livrar do agressor;
Mulher de 50 anos — Atacada em 4 de agosto, teve o estupro tentado. O crime ocorreu em uma área rural próximo ao Vale do Amanhecer;
Letícia de Sousa Curado, 26 — Assassinada no dia 23 de agosto, em Planaltina. Ela desapareceu após sair de casa para ir ao trabalho, na Esplanada dos Ministérios. Marinésio pegou a advogada em uma parada de ônibus e depois a estrangulou. O corpo da funcionária terceirizada do Ministério da Educação foi encontrado dentro de manilha localizada às margens da DF-250, na mesma região.
Amiga da filha
A 31ª DP investiga outros dois casos: o de uma menina de 15 anos – cujo corpo foi encontrado no Lago Paranoá. Ela era amiga da filha de Marinésio. O outro é de uma mulher que foi levada da Rodoviária do Plano Piloto pelo maníaco. Três assassinatos também podem ter relação com o acusado e estão com inquéritos abertos na Coordenação de Homicídios.
Segundo o delegado Veluziano de Castro Salgado, o cozinheiro, que está preso, atacava todos os dias em que estava de folga. “Ele tentava cometer estupros diariamente, mas nem todas as vítimas quiseram registrar ocorrência”, disse.
De acordo com o investigador, após o corpo de Letícia ser encontrado e Marinésio ter sido preso, muitas mulheres procuraram as delegacias para acusarem o maníaco de abuso. “Podemos concluir que ele agia de forma deliberada, com a intenção de cometer os delitos. Quando via mulheres em situação de vulnerabilidade, ele as abordava. Quando dissimulava exercer transporte pirata, no momento em que a vítima ia pagar, não aceitava e dizia que seria apenas uma carona e logo depois ele as atacava. A partir daí, consumava-se o estupro. Algumas não resistiam à ação, outras sim. Por meio da dinâmica, da forma que ele agia, as que resistiram acabavam morrendo”, assinalou o delegado.
(*) O Metrópoles só publica os nomes das denunciantes que autorizam a divulgação