Ex-nº 2 do GSI rebate GDias e diz que 8/1 seria diferente com informes
Versões de GDias e Penteado, ambos do GSI no 8/1, são conflitantes. General que depõe nesta segunda critica retenção de informações
atualizado
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O general Carlos José Assumpção Penteado deu versões conflitantes com o depoimento do ex-ministro Gonçalves Dias. Penteado presta esclarecimentos à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, em andamento na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).
Segundo ele, se não houvesse uma “retenção” de informações por GDias, a situação do 8 de Janeiro poderia ter sido diferente.
Também na CPI, anteriormente, o ex-ministro chegou a dizer que Penteado relatou uma situação “tranquila” às 14h daquele dia. “Decidi ligar para o celular general Penteado, que me disse que estava ‘tudo normal’, ‘tudo tranquilo’, e que eu não precisava ir ao Palácio do Planalto. Mas permaneci inquieto e decidi ir até o Palácio”, disse o general GDias.
O depoente desta segunda-feira rebateu: “Esse horário não me lembro se ele me ligou ou não, mas eu dificilmente diria que estava tudo normal, porque não tinha informações e não estava acompanhando”.
“Ele [GDias] recebeu, desde muito antes, todos os alertas que só ficamos sabendo posteriormente, da Abin. Às 8h, ele fala com o diretor da Agência que nós iríamos ter problema, e isso não foi repassado. […] Tivéssemos recebido as informações, a situação teria sido diferente.”
Acompanhe:
Penteado era o número 2 do GSI, ocupando o cargo de secretário-executivo na gestão de Augusto Heleno, e se manteve no posto após a transição, trabalhando também com o general Gonçalves Dias. Ele acabou sendo exonerado do cargo e substituído pelo general Ricardo José Nigri ainda em janeiro.
Penteado deu entender que houve uma “retenção” de alertas da Abin pelo então ministro GDias, afirmando que eles não foram “disponibilizados oportunamente” para que se acionasse o Plano Escudo, de proteção ao Palácio do Planalto.
O general disse que foi convidado por Dias para se manter no GSI, ressaltou o trabalho de segurança realizado na posse do presidente Lula (PT) e comentou não ter tido acesso aos documentos de alerta para atos antidemocráticos. “Não recebi nenhum relatório, mensagem de WhatsApp ou contato telefônico alertando para a possibilidade de ações violentas na Praça dos Três Poderes”, disse.
O depoente ainda criticou essa falta de informações dizendo que a “dosagem de tropa” seria “bem maior do que aquela aplicada no dia 8” caso os dados da Abin fossem repassados a ele. Segundo ele, a tropa dentro do Palácio do Planalto naquela data contava com 133 militares, “que não foram suficientes para conter os manifestantes”.
Críticas políticas
Os deputados distritais levaram para apresentar na sessão uma série de manifestações políticas de Penteado. No Twitter, o general fazia críticas ao Partido dos Trabalhadores e compartilhava pensamentos de João Figueiredo sobre a tentativa da esquerda de implantar o “comunismo” no Brasil. “Minhas opiniões e pensamentos não são norteadores do trabalho funcional”, comentou, na Comissão.
O depoente ainda admitiu o contexto violento da manifestação de 8 de Janeiro, mas avaliou que nem todos os protestantes tinham essa característica.
“Era uma manifestação muito violenta, [mas] tínhamos de tudo. Tivemos gente que nos agrediu naquele dia, eu fui agredido, mas graças a proteção dos soldados, não fomos atingidos por pedras, extintores, cadeiras e tudo mais. Muita gente permaneceu na Esplanada, na Praça dos Três Poderes. Tínhamos manifestantes extremamente violentos, tínhamos gente que permaneceu no centro da Esplanada, tivemos gente que estava na Praça dos Três Poderes e tivemos quem invadiu Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo.”