GDF vai mapear escolas e avalia retomar pontualmente ensino híbrido
Após protestos de professores no 1º dia de retorno de aulas 100% presenciais, Educação prometeu mapear as escolas que podem voltar ao modelo
atualizado
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O Governo do Distrito Federal (GDF) estuda a possibilidade de permitir a volta do ensino híbrido em algumas escolas públicas da capital do país. O mapeamento dos colégios será feito pela Secretaria de Educação e foi anunciado logo no primeiro dia de retomada às atividades 100% presenciais, nesta quarta-feira (3/11).
Conforme informou a pasta, alguns diretores matricularam mais alunos do que a escola tem capacidade de acolher. O problema não apareceu enquanto as aulas remotas perduraram, mas “tornou-se concreto a partir da volta das aulas presenciais”, disse a secretaria.
O retorno às aulas presenciais foi marcado por protesto do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) e paralisação de parte dos docentes. Logo depois, os sindicalistas foram recebidos para uma rodada de negociação na sede da Secretaria de Educação do DF, na Asa Norte.
Está prevista para a próxima segunda-feira (8/11) uma nova rodada de negociações entre governo e representantes da categoria, com o objetivo de avaliar a situação.
O secretário executivo de Educação, Denilson Bento, afirma que o governo está aberto ao diálogo com os professores. “A gente precisa de parceria para construir esse retorno sem problemas”, destacou.
Para Denilson Bento, a maior parte da rede pública tem total condições para o retorno seguro das aulas 100% presenciais, mas a pasta está aberta para analisar e rever casos pontuais, nos quais os protocolos sanitários não possam ser cumpridos.
Confira imagens do retorno às aulas presenciais nesta quarta:
“As escolas que têm algum tipo de situação conflitante e não tiverem condições, em função desse ambiente escolar, continuarão como estão. São pouquíssimos casos em que, porventura, isso (o retorno ao modelo híbrido) pode acontecer”, pontuou.
Segundo os professores, um dos problemas para o retorno 100% presencial é que parte das escolas não tem, nas salas de aula, o espaço físico suficiente para garantir o distanciamento social recomendado para conter o avanço da pandemia de Covid-19 entre estudantes e docentes.
Paralisação reprovada
A Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do Distrito Federal (Aspa-DF) reprovou a paralisação dos educadores. Para os responsáveis pelos estudantes, a interrupção das aulas só prejudica os alunos.
A deputada distrital Júlia Lucy (Novo) também criticou o movimento convocado pelo sindicato. “Como se não bastassem todos os problemas causados pelo afastamento dos estudantes das escolas públicas, como aumento da violência, da fome, da desigualdade e da falta de aprendizado, o Sinpro convoca uma greve absurda e irresponsável, colocando mais um ano letivo em risco”, avaliou.
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Presidente da Aspa, Alexandre Veloso lembra que o direito à educação deve ser assegurado. “Ninguém pode negar a crianças e adolescentes uma educação pública de qualidade. Por isso, somos favoráveis que a educação seja considerada essencial, para que situações como essas não ocorram à revelia da comunidade de alunos”, assinalou.
Para a entidade, os professores têm o direito de buscar o diálogo com a Secretaria de Educação, mas não em detrimento das aulas. “Agora é o momento de nos unirmos para resgatar os inúmeros alunos que abandonaram as escolas, e que certamente estão em um ambiente sem qualquer segurança sanitária. As escolas são locais de aprendizagem e de trocas sociais”, argumentou.
A Aspa defende que a paralisação registrada nesta quarta reforça a necessidade da aprovação de uma lei distrital ou federal para definir a Educação como atividade essencial.
Pelo menos 14 das 686 escolas públicas do DF não abriram as portas nesta quarta por falta de professores, de acordo com balanço parcial do Sinpro. A entidade estima que a paralisação tenha alcançado 60% da categoria.
Para a Secretaria de Educação, a estimativa de adesão da paralisação divulgada pelo Sinpro não condiz com a realidade. “Este número é absurdamente superfaturado”, resumiu a pasta. O governo ainda calcula a quantidade oficial de professores ausentes nesta quarta-feira.