GDF quer vencer invasores do Torre Palace pelo cansaço
Secretaria de Segurança disse que, em função de os manifestantes manterem crianças nas ruínas do edifício, forças de segurança vão manter a estrutura isolada até que os ocupantes desçam. Ao menos seis deles respondem a processos judiciais. Negociações serão retomadas às 8h de sexta (3)
atualizado
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Cerca de 32 horas após o bloqueio na via N1 iniciado na manhã de quarta-feira (1°/6), a Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social definiu nova estratégia para retirar os manifestantes que ocupam o Torre Palace Hotel, no Setor Hoteleiro Norte: vencer pelo cansaço. As negociações foram encerradas às 20h e serão retomadas às 8h desta sexta (3). A previsão era de que PMs mantivessem o isolamento do edifício durante a madrugada.
Por meio de nota publicada às 16h45 desta quinta (2), a pasta informou que, “considerando que há no local crianças em situação de risco iminente, todos os órgãos de segurança envolvidos estão redobrando os cuidados durante as negociações. A intenção é que o processo de negociação seja esgotado, até que os invasores deixem espontaneamente o prédio. Para isso estão sendo adotados todos os procedimentos previstos no protocolo de gerenciamento de crises, como corte de suprimentos de água, luz e demais provimentos aos invasores”.Ainda segundo o GDF, a Via N1, no trecho em frente ao hotel, continuará interditada, pois os invasores estão arremessando objetos na pista, o que coloca em risco a segurança da população.
O documento destaca ainda que o líder dos invasores, Edson Francisco da Silva, do Movimento de Resistência Popular (MRP), responde a inquérito na Delegacia de Repressão ao Crime Organizado e está em liberdade provisória. Além disso, entre os cerca de 15 invasores, outros cinco também respondem a processos na Justiça.
Desde o início da ação de desocupação do hotel, o total de agentes de segurança empregados diariamente na operação é de aproximadamente 300 servidores, entre policiais militares, bombeiros, agentes do Departamento de Trânsito (Detran), da Agência de Fiscalização do DF (Agefis), da Defesa Civil e da Secretaria de Segurança, além de órgãos de apoio, como Caesb e CEB. Um helicóptero dos bombeiros e um médico de plantão também integram a ação.
A Secretaria de Segurança destaca que “todo o trabalho de negociação está sendo acompanhado pela Vara da Infância e da Juventude, tendo em vista a presença de crianças no local” e que a iniciativa de tirar os invasores “tem como base a decisão judicial que autoriza o GDF a desocupar o prédio. A pasta cita um relatório emitido pela Defesa Civil condenando a estrutura do hotel e a interdição da Agefis feita em 19 de abril.
Retomada da ação
Após ser interrompida na noite de quarta (1°), a Polícia Militar retomou, na manhã desta quinta (2), as negociações para a desocupação do Torre Palace Hotel. O chefe da Comunicação Social da PM, coronel Antônio Carlos, contou que as negociações não avançaram pois ainda há duas crianças no prédio que, segundo ele, estão sendo submetidas a “tratamento cruel” por parte dos pais, que não atendem à solicitação para descer. “Pelo contrário, ameaçam as crianças se a PM invadir o prédio. Por isso, não tomamos uma medida mais enérgica”, disse.
Disputa judicial
Abandonado desde 2013, o edifício foi ocupado em outubro de 2015 por cerca de 150 pessoas do Movimento de Resistência Popular, que reivindica políticas de moradias no Distrito Federal. Segundo o coronel Antônio Carlos, o prédio já vinha sendo invadido por usuários de drogas e era local recorrente de crimes e de tráfico de drogas. “É um local muito insalubre”, disse ele.
A reintegração de posse foi autorizada pela Justiça em decisão de 2ª instância, no dia 24 de maio, e mobiliza as forças de segurança e servidores do governo do Distrito Federal, entre representantes da Defesa Civil, Secretaria de Habitação (Sedhab), Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedest) e Secretaria de Estado de Ordem Pública e Social (Seops).
De acordo com o coronel Antônio Carlos, o prédio foi condenado pela Defesa Civil e será isolado após a desocupação. Antes, as famílias do Movimento de Resistência Popular ocuparam o Clube Primavera, em Taguatinga, e o Hotel Saint Peter, também na área central da capital.