GDF promete desativar Lixão da Estrutural até outubro
O anúncio foi feito pelo governador Rodrigo Rollemberg nesta quarta-feira (10/5). Galpões vão abrigar catadores
atualizado
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O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) anunciou nesta quinta-feira (10/5) que o Lixão da Estrutural será desativado definitivamente até outubro deste ano. Segundo o chefe do Executivo, o GDF vai alugar quatro galpões nas proximidades do atual aterro para alocar os catadores.
Cada galpão custará R$ 30 mil mensais e deve servir para o trabalho de 140 catadores, que receberão os materiais recicláveis oriundos da coleta seletiva. A intenção é que esses espaços comecem a funcionar a partir de agosto.
O aluguel foi uma alternativa viável, uma vez que houve atraso nos planos de construção de cinco centros de triagem (três na Estrutural, um no P Sul e um na L4 Sul). A previsão era que eles estivessem prontos no segundo semestre deste ano, mas, segundo novas estimativas, só funcionarão a partir do início de 2018, quando não será mais necessário alugar os galpões.Até o momento, 900 catadores foram cadastrados junto ao governo e recebem bolsa de R$ 300 por mês. Um projeto em tramitação na Câmara Legislativa prevê outras 1,2 mil bolsas cadastradas até o fim de junho. Uma chamada foi publicada no Diário Oficial desta quarta (10) com intuito de convocar as cooperativas interessadas em prestar o serviço.
Outro incentivo previsto é o pagamento de R$ 92 às cooperativas cadastradas por tonelada de resíduos vendidos pelos catadores. O valor será uma forma de retribuição pelo serviço ambiental prestado.
Gustavo Souto Maior Salgado, professor do Núcleo de Estudos Ambientais da Universidade de Brasília (UnB), acredita que a questão social é preponderante nesta transição. “Há cerca de 2 mil famílias que sobrevivem da coleta de lixo. Não há como ignorá-las. É preciso que o governo garanta uma alternativa para eles”, aponta o especialista.
Para isso, o governo espera expandir a coleta seletiva no DF. Atualmente, apenas 15 das 31 regiões administrativas contam com o serviço. A intenção é de que todas as regiões sejam atendidas até outubro.
Maior da América Latina
O Lixão da Estrutural é considerado o maior da América Latina e funciona ao lado da Estrutural há 60 anos. O prazo para desativar o aterro, previsto na Política Nacional dos Resíduos Sólidos, era 31 de julho de 2018.
Segundo o governador, após a desativação, serão enviadas equipes para avaliar o real nível de contaminação da área onde fica o Lixão. Ainda não há planos para a destinação do espaço.
Para Salgado, a recuperação do terreno demorará muito tempo. “Em um primeiro momento, o terreno não poderá receber qualquer atividade humana, devido à concentração de chorume, substâncias tóxicas e gás metano, que podem trazer riscos à saúde e até perigo de acidentes. Somente após cerca de 10 anos, caso o governo atue de forma eficiente para recuperação, o espaço poderá receber a presença humana de forma suave, como um parque, por exemplo“, aponta o especialista.
Há quem considere a situação ainda mais delicada. Para Sérgio Koide, engenheiro ambiental e professor da UnB, as consequências ambientais do Lixão devem perdurar por décadas. “Parte das substâncias tóxicas que chegarem ao aquífero subterrâneo ainda contaminarão córregos importantes nos próximos anos.”
A solução, segundo o pesquisador, passa por medidas complexas. “Seriam necessários investimentos massivos em ações que impeçam a continuidade de infiltração de chorume no solo e até a construção de um outro aterro nas proximidades para tratar o lixo que está na superfície. Mesmo assim, a recuperação demoraria décadas.”