GDF passará a receber pelo atendimento de pacientes do Entorno
“Essa pactuação é importante para que se tenha uma regulação na transferência desses doentes para o DF”, ponderou Ibaneis
atualizado
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Em busca de consenso e equilíbrio no tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus, o Governo do Distrito Federal (GDF) e os prefeitos do Entorno vão fazer uma pactuação para regular a transferência de enfermos e o repasse de recursos do Ministério da Saúde para cada atendimento.
O governador Ibaneis Rocha (MDB) anunciou a medida nesta quinta-feira (25/02), no Palácio do Buriti, após reunião com prefeitos da Região Metropolitana, justamente em busca de um alinhamento na crise sanitária da Covid-19.
Atualmente, a transferência ocorre sem qualquer controle. Ou seja, os pacientes chegam sem aviso. Além disso, os recursos repassados pelo Ministério da Saúde para custear estes tratamentos não vão para o DF, mas sim para os municípios do Entorno.
“Essa pactuação é importante para que se tenha uma regulação na transferência desses doentes para o DF e uma transferência dos recursos referentes a esses doentes, que serão atendidos aqui. Isso vai nos dar uma capacidade maior de atendimento e desafogar os prefeitos do Entorno”, explicou Ibaneis.
Na reunião, além da Covid-19, a pactuação vai contemplar outras questões de saúde, a exemplo do combate contra a dengue. Com mais recursos, o DF planeja investir no reforço da rede pública do DF. A pactuação dependente da aprovação na Câmara Bipartite do DF e de Goiás.
O secretário de Saúde do DF, Osnei Okumoto, não soube precisar quanto será repassado para o DF. Mas, segundo o gestor, o dinheiro é necessário. No Hospital Regional do Gama, aproximadamente 40% dos atendimentos dizem respeito à Região Metropolitana. ”
Segundo Okumoto, neste sentido, há uma grande pressão na busca por partos, cesáreas e normais, incluindo pré-natal. “Toda aquela região não tem maternidade”, resumiu. A partir da pactuação, será possível melhorar as condições de atendimento nas cidades do Entorno e no DF, pois haverá um planejamento”.
Vacinação
No mesmo encontro, o chefe da pasta revelou que 20% das pessoas vacinadas no DF vieram de outras UFs.
“O levantamento foi feito pela Diretoria de Epidemiologia da Secretaria. Observando o cartão SUS, nós chegamos a ter cerca de 20% de pessoas vindas de fora para vacinarem aqui. Desse total, 15% são de Goiás”, revelou.
Segundo Okumoto, em momento algum o GDF cogita restringir o acesso da população de outras unidades da federação à rede de Brasília, inclusive no caso da vacinação contra o coronavírus.
“Muitas pessoas que têm parentes aqui no DF vieram de seus estados para serem vacinados”, concluiu. A cobertura vacinal para idosos contemplados no DF chegou ao percentual de 120%, segundo cálculos da pasta da Saúde.
No caso dos leitos de UTI, a secretaria ainda estima de uso de 20 a 25 pontos percentuais acima das projeções destinadas especificamente para a população do DF.
Variantes
Durante a reunião, o governador Ibaneis Rocha (MDB) alertou que caso as novas variantes mais agressivas e contagiosas do coronavírus passem a ter transmissão comunitária no Distrito Federal, não descarta decretar lockdown em Brasília.
“Essas novas variantes estão se disseminando pelo país. A gente já sabe que elas existem e são bem mais graves. A gente tem conversado com os técnicos da Secretaria de Saúde e, eles, por sua vez, com o pessoal do ministério [da Saúde]”, comentou Ibaneis.
“Se elas realmente vierem a se transformar em uma transmissão comunitária, aí nós vamos ter que chegar novamente a um ponto de fechamento, de lockdown. Porque a gente sabe que o agravamento vai ser muito grande e o número de vacinas que têm chegado ainda é muito pequeno”, complementou.
BRB
Durante o encontro, o chefe do Executivo local anunciou a criação de um convênio de pactuação com os municípios para ampliar o atendimento a pacientes com Covid-19 residentes nos municípios situados ao redor da capital do país.
“Será submetido ao Conselho Bipartite. Dessa forma, teremos condições de ampliar o atendimento”, disse.
Caso a medida seja aprovada, pode ocorrer a transferência de leitos e recursos das cidades do Entorno para Brasília. Dessa forma, como explicou o Ibaneis, “o recurso acompanha o paciente”.
“Serão juros reduzidos e isso pode ajudar muito os nossos comerciantes que sofrem com a pandemia”, declarou o emedebista.
Durante a conversa, prefeitos disseram que o objetivo também era apaziguar os ânimos e construir uma solução unificada para a crise sanitária provocada pela pandemia de Covid-19.
Pouco antes do encontro, o prefeito de Valparaíso (GO), Pábio Mossóro (MDB), presidente da Associação dos Municípios do Entorno de Brasília (Amab), comentou o debate envolvendo o tratamento de pacientes do Entorno na capital do país. “Não podemos ficar neste fogo cruzado”, disse ele, referindo-se ao embate entre o Ibaneis e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM).
Divisas
Como Ibaneis disse à coluna Grande Angular, Caiado estaria “negligenciando seus pacientes”, uma vez que 25% das internações em unidades de terapia intensiva (UTIs) do DF são de pacientes do Entorno, especialmente provenientes de cidades goianas. Uma hora depois, Caiado respondeu que a declaração do emedebista era “estapafúrdia”.
Do ponto de vista do prefeito de Santo Antônio do Descoberto, Aleandro Salgado (DEM), a solução da situação depende do bom-senso de todas as partes envolvidas.
Neste sentido, os prefeitos também estão em tratativas com a Secretaria de Saúde de Goiás. “Não adianta a gente decretar lockdown na Região Metropolitana, se os nossos moradores vêm diariamente para o DF”, explicou.